Atualmente, não faltam iniciativas para tornar a mobilidade mais sustentável. Muitas passam por soluções mais ecológicas para o ambiente. Uma dessas inovações são os combustíveis sintéticos.
Neste artigo explicamos o que são este tipo de combustíveis e porque não podem ser descartados como uma solução para o futuro automóvel.
Serão os combustíveis sintéticos a próxima tendência automóvel?
Há algum tempo que a indústria dos combustíveis procura reinventar-se. Numa altura em que os combustíveis fósseis estão “mais” caros para as economias e existe a necessidade de reduzir as emissões de CO₂ para minimizar os efeitos das mudanças climáticas, as alternativas mais ecológicas são uma prioridade.
A União europeia desenvolveu, assim, um plano que assenta em três pontos:
- Minimizar as emissões de carbono dos combustíveis ditos normais, gasolina e gasóleo;
- Massificar a utilização de veículos elétricos;
- Promover a utilização de combustíveis sintéticos.
Estas sinergias visam revitalizar a mobilidade, enquanto o mundo trabalha para atingir a meta da neutralidade de carbono até 2050. Com esta medida, pretende-se que as emissões globais de CO₂ sejam reduzidas em 50%.
No caso dos combustíveis sintéticos, os especialistas da Bosch calcularam qual poderia ser a sua contribuição para a redução da pegada ambiental do setor automóvel. Só na Europa, até 2050, poderia ser evitado a emissão de 2,8 giga-toneladas de CO₂ para a atmosfera, seguindo este caminho.
Com efeito, vejamos, então, em que consistem os combustíveis sintéticos.
O que são combustíveis sintéticos?
Tal como o nome indica, tratam-se de combustíveis sintetizados a partir de dióxido de carbono ou CO₂, e hidrogénio. Ao não serem derivados do petróleo, podem contribuir substancialmente a dependência dos combustíveis fósseis.
Ao usarem CO₂ como matéria-prima, têm o potencial de se tornarem, assim, neutros em emissões de dióxido de carbono (CO₂). Por outras palavras, o CO₂ emitido durante a combustão será reutilizado para a produção de mais combustível.
Tal como acontece com os combustíveis derivados do petróleo, é possível ter uma enorme diversidade deste tipo de combustíveis, aos quais chamamos de e-fuel.
Vantagens dos combustíveis sintéticos
Além de serem uma alternativa mais sustentável e trazerem novas soluções de mobilidade, é possível identificar outras vantagens a este tipo de combustível.
São fabricados
Talvez uma das grandes vantagens dos combustíveis sintéticos. O facto de passarem por um processo de “produção” permitem serem criados de forma autónoma.
Neutralidade climática
Tal como referido ao usarem CO₂ como matéria-prima, têm o potencial de se tornarem, assim, neutros em emissões de dióxido de carbono (CO₂).
Utilização de Energias renováveis
Além de serem produzidos, a própria sintetização é idealizada para aproveitar ao máximo as energias renováveis.
Por exemplo, a Audi desenvolveu um método baseado em energia eólica para alimentar todo o processo e ajudar em cada fase de sintetização.
Custos
A produção de combustíveis sintéticos ainda é um processo caro. No entanto, quando se tornarem consideravelmente mais acessíveis e as capacidades de produção forem expandidas, e o custo da eletricidade gerada a partir de fontes renováveis for reduzido, será possível um custo de combustível entre 1,20 € e 1,40 € por litro (excluindo quaisquer impostos especiais de consumo) até 2030. A ideia é que, até 2050, seja 1 €.
Potenciais aplicações
Ainda que sejam projetados para o mundo automóvel, são um tipo de combustíveis passíveis de serem aplicados a outros setores, como, por exemplo, aviação, transporte de grandes mercadorias, navios, etc.
No fundo, são uma outra solução para outras áreas pouparem e tornarem-se mais conscientes relativamente às emissões de gases poluentes.
Capacitação e Infraestruturas
Para ajudar neste processo, as fábricas são otimizadas com infraestruturas pensadas para tornar o processo o mais limpo possível.
Entre eólicas e painéis solares de ponta, cada fabricante utiliza métodos que não dependem de energias não renováveis e especialmente pensados para o efeito.
Qual o presente dos combustíveis sintéticos?
São várias as empresas que estão a trabalhar na criação de um processo viável e exequível de produção de combustíveis sintéticos. Exemplos são a Bosch ou a Audi em projetos conjuntos com a Etogas, a Viemann, a Joule, a Sunfire, a Global e a Bioenergy.
De momento, o maior desafio à implementação em larga escala dos combustíveis sintéticos são os custos associados. Segundo a Bosch, apesar de já haver apoios ao desenvolvimento deste tipo de combustíveis, as instalações de processamento são dispendiosas e não existem suficientes fábricas de teste.
Apesar disso, os resultados atuais já são animadores e os combustíveis são alcançados com índices de octanagem (propriedades anti-detonação) superiores aos da gasolina e gasóleo tradicionais.
No que toca aos carros atuais também não precisariam necessariamente de adaptação a este tipo de combustíveis, uma vez que, possuem as mesmas propriedades e até geram emissões semelhantes.
E futuro?
Ninguém pode prever quais serão os combustíveis preferidos da indústria automóvel. Contudo, há 100 anos não se pensava que o futuro iria pertencer aos carros com motor de combustão interna.
Para além disso, atualmente os carros elétricos estão a conquistar um lugar de topo nas preferências de marcas e consumidores. Ora, isto só prova que os passos certos estão a ser dados para uma mobilidade mais sustentável e ecológica.