O português típico não investe. Tem medo. Tem vergonha de dizer que não percebe o que lhe estão a explicar, por isso prefere nem perguntar. Também não investe porque conhece ou ouviu contar histórias de pessoas que investiram e perderam muito ou tudo. E sim, essas histórias existem.
Mas decidir a sua vida financeira com base em histórias de investimentos que correram mal (sem conhecer e compreender as razões do insucesso), é o mesmo que recusar-se a tirar a carta de condução ou começar a conduzir, porque viu ou ouviu dizer que há acidentes na estrada.
Mudar a sua vida financeira passa por tomar a decisão de investir
O que lhe quero transmitir – e é uma das minhas guerras mais antigas – é que se quiser mudar a sua vida financeira, vai ter de tomar a decisão de começar a investir parte das suas poupanças. Obviamente, conhecendo os riscos, mas também as vantagens de o fazer.
A minha grande vantagem ao dizer-lhe isto, é que não estou a vender-lhe nenhum produto ou serviço, não ganho comissões de nada nem de ninguém. Baseio-me apenas na minha experiência para lhe dizer que mudar esse chip na minha cabeça mudou a minha vida.
A importância da literacia financeira
Muitas vezes pensamos que investir é arriscar todo o nosso dinheiro e esperar ter sorte. Nada disso. O segredo é aumentar a sua literacia financeira, para saber sempre o que está a fazer e avaliar as propostas que lhe fizerem, sejam bancos, amigos ou desconhecidos na internet.
Vá a uma biblioteca municipal e pergunte se têm livros sobre finanças pessoais e investimentos. Vá ao Youtube e pesquise “Como começar a investir”.
É verdade que tem ferramentas simples para fazer crescer o seu dinheiro como os Certificados de Aforro (já tem depósitos a prazo melhores, no momento em que escrevo), mas ficar preso a crescimentos de 3% não o vai levar muito longe a longo prazo.
Se apesar de ter um salário “normal” quiser ver crescimentos médios de 5, 6 ou 7% ao ano e chegar aos 50 ou 60 anos com talvez centenas de milhares de euros de património terá de se informar sobre fundos PPR, ETF, fundos de investimento, ações e eventualmente criptomoedas (se for dos mais corajosos e tiver algum dinheiro para “perder”).
O outro segredo é criar outras fontes de rendimento para além do seu salário “normal”. Apenas com a sua profissão não irá lá, a menos que ganhe realmente muito bem.
O truque que descobri para fazer crescer o meu património é ganhar mais do que sempre ganhei e usar essa diferença (mais o que consigo poupar mensalmente com escolhas inteligentes) para investir em instrumentos sem capital garantido mas com critério, conhecimento e coerentes com o meu perfil de investidor. Isso exigirá que se torne de alguma maneira uma espécie de empreendedor, ao mesmo tempo que mantém o seu atual emprego. No meu caso, comecei a escrever livros e a fazer formação nas minhas horas vagas. Você terá de descobrir qual é o seu talento “monetizável”.
Temos dois problemas graves em Portugal: ganhamos pouco e não sabemos o que fazer com o pouco (ou muito) que ganhamos. Em relação ao primeiro problema, não está totalmente nas nossas mãos; mas em relação ao segundo podemos fazer muito e temos um longo caminho para percorrer.
Nestas férias, informe-se sobre investimentos
É por isso que o aconselho a – nestas férias ou assim que puder – investir uma parte importante do seu tempo a ler sobre finanças pessoais e investimentos.
Se se sentir perdido, sugiro-lhe que descubra o que é um fundo de investimento e escolha um que seja confortável para si, onde se subscreve e compre uma unidade de participação (UP). Ligue para o seu banco e faça perguntas. Saber o que é um fundo de investimento, a diferença em relação aos depósitos a prazo, como são constituídos, como funcionam e como faz para os resgatar é o princípio de tudo, se quiser melhorar a sua vida financeira nos próximos anos.
Só vai colher o que semear. Se semear poucochinho, vai colher poucochinho. Se semear algo maior, vai poder colher algo maior. Tem coragem para iniciar essa aventura?