Paula Landeiro
Paula Landeiro
28 Abr, 2021 - 15:50

Como comparar propostas de crédito: um guia essencial

Paula Landeiro

Para comparar propostas de crédito é necessário saber o que deve comparar. Mensalidades baixas nem sempre são sinónimo de crédito mais barato.

comparar propostas de crédito

Se pretende contratar um crédito habitação ou um crédito ao consumo, o primeiro passo é comparar propostas de crédito.

Poderá fazê-lo através do simulador do Banco de Portugal (seja para o credito habitação, seja para o crédito a consumidores) ou nos simuladores disponíveis nas páginas das várias instituições financeiras ou intermediários de crédito.

O importante, contudo, é que as propostas sejam comparáveis e, para isso, têm de ter em comum um conjunto de fatores. Só com a mesma base, ou seja, com premissas de partida comuns podem sem comparáveis.

Além disso, para comparar propostas de crédito não deixa de ser necessário saber o que deve comparar, tendo em vista a contratação do crédito mais em conta. Sabia, por exemplo, que um crédito com mensalidades mais baixas nem sempre é sinónimo de um crédito mais barato?

Como comparar propostas de crédito: os fatores a ter em consideração

1. A finalidade do crédito é importante

Se precisar de pedir um empréstimo tenha em atenção que cada tipo de crédito tem particularidades próprias inerentes à finalidade a que se destina. De facto, cada tipo de crédito difere em primeiro lugar no montante, prazo e garantia associada.

Um crédito ao consumo, destina-se a financiar a compra de bens de consumo, designadamente computadores, viagens, educação e automóveis, e é, por isso, um empréstimo de curto prazo e com um valor máximo de 75.000 euros. Tem uma taxa de juro máxima fixada trimestralmente pelo Banco de Portugal.

Já o crédito habitação, é um empréstimo de valor mais avultado, com um prazo mais longo e taxa de juro definida pela entidade financeira que o concede. Neste tipo de crédito a hipoteca da casa é dada como garantida do reembolso.

casal contas

2. A TAN, mas sobretudo a TAEG

A primeira coisa para que olhamos é a taxa de juro, concretamente para a TAN (taxa de juro anual nominal). Esta taxa indica o montante de juros que irá pagar sobre o empréstimo que que contratar.

Mas olhar só para este valor é um erro, até porque existem vários outros custos associados ao crédito, nomeadamente:

  • Juros;
  • Comissões associadas ao crédito e a comissão de manutenção de conta à ordem, cuja abertura seja obrigatória para a gestão do empréstimo;
  • Impostos;
  • Despesas relativas ao registo da hipoteca, no caso de se tratar de um crédito com garantia hipotecária; 
  • Seguros exigidos para a concessão do crédito;
  • Remuneração do intermediário de crédito, caso essa remuneração seja paga pelo consumidor, o que sucede quando recorre a um intermediário de crédito não vinculado;
  • Outros encargos associados ao contrato de crédito.

Todos estes custos estão englobados na TAEG, a Taxa Anual de Encargos Efetiva Global, que, no fundo, traduz o custo total do crédito expresso em percentagem anual do montante do crédito. É por esta razão que a TAEG é a taxa a não perder de vista na comparação de propostas de crédito.

Por isso, antes de optar por uma proposta de crédito, analise com atenção os valores da TAN e da TAEG. Muitas instituições financeiras anunciam que têm a TAN mais baixa do mercado, mas, quase sempre, é à custa de uma TAEG mais elevada. Ao considerar a Taxa Anual Efetiva Global vai estar a fazer uma comparação de propostas de crédito mais correta, pois estará a comparar propostas com todos os custos incluídos.

Nota: Ao contratar um crédito pode ser-lhe sugerida a contratação de outros produtos financeiros da instituição como o cartão de crédito, seguro multirriscos ou seguro de vida no crédito habitação, por exemplo, como forma de reduzir o spread da taxa de juro do empréstimo. Estes produtos têm, no entanto, custos anuais que deverá analisar a fim de ver se compensam a redução do spread.

3. O MTIC

Enquanto a TAEG é uma percentagem , o MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor) é um valor expresso em euros. Representa o valor total dos pagamentos que terá de fazer relativos ao crédito que pretende contratar. Ou seja, inclui o valor do empréstimo (o capital) acrescido do total de juros, comissões, despesas, impostos e seguros pagos.

Por outras palavras, para comparar propostas de crédito é fundamental olhar para o valor do MTIC em vez da prestação mensal. Claro que o valor da mensalidade pode ser um fator importante na gestão do seu orçamento mensal – e já agora para não agravar a taxa de esforço – , mas, ainda assim, é o MTIC que indica efetivamente quanto lhe custará o crédito.

Deste modo, lembre-se que:

  • Um crédito com um prazo de pagamento mais longo terá sempre um MTIC mais elevado, uma vez que pagará mais juros por esse crédito do que num crédito semelhante com um prazo de pagamento mais curto.
  • Um crédito com taxas de juro mais elevadas terá, na mesma medida, um MTIC mais elevado, dado que os juros a pagar serão superiores.

Onde consultar informação relevante numa proposta de crédito?

No caso do crédito ao consumo, a informação relevante encontra-se detalhada na Ficha de Informação Normalizada (FIN). No crédito habitação na Ficha de Informação Normalizada Europeia (FINE).

Como estes documentos têm um formato normalizado, todas as propostas que obtiver serão idênticas, e, por isso, é mais fácil encontrar a informação que precisa para decidir.

Então, qual será a melhor proposta de crédito para si?

Como vimos, a TAEG e o MTIC são as duas medidas do custo do crédito que devem ser utilizadas para comparar diferentes propostas de crédito. Nunca as perca de vista!

Em propostas de crédito com o mesmo montante e o mesmo prazo, a proposta que tiver a TAEG e o MTIC mais baixos será aquela em que suportará menos custos com o empréstimo. Ou seja, será a proposta mais barata.

Comparar propostas de crédito com produtos associados

Algumas instituições financeiras sugerem a contratação de outros produtos financeiros como forma de reduzir a taxa de juro. São as chamadas “vendas facultativas”.

Estes produtos têm custos que podem não compensar a redução do spread. Além disso, se desistir deles até ao prazo de um ano, o seu spread poderá aumentar. A instituição financeira pode rever as condições do empréstimo, passando a aplicar as que vigorariam se não os tivesse contratado.

Pode ou não valer a pena adquiri-los, até porque, podem existir soluções mais baratas no mercado (como por exemplo nos seguros do crédito à habitação).

Para avaliar o impacto da aquisição destes produtos na redução do spread, compare a TAEG e o MTIC com e sem a sua aquisição. Analise se o ganho é superior ao seu custo anual e decida.

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