Share the post "De ouro negro a sumo para motores: como é feito o combustível"
Neste artigo vai ficar a saber muito sucintamente como é que um produto negro, denso e viscoso se transforma num líquido amarelado, azulado, lilás, vermelho ou transparente, dependendo da marca e do tipo de combustível.
Mas antes de começar a explicação, uma curiosidade. Sabia que todos os combustíveis em Portugal saem das mesmas refinarias, sejam eles para postos de abastecimento low cost ou gasolineiras premium, por isso, todos eles são produzidos da mesma forma, através dos mesmos métodos, e em teoria, poderá utilizar combustíveis de qualquer gasolineira no seu automóvel (seja ela low cost ou de “marca”).
Conheça então como é feito o combustível, quer dos automóveis (diesel, gasolina e GPL), dos navios ou aviões, e ainda quais as principais diferenças entre a gasolina 95 e 98.
das plataformas petrolíferas aos posto de abastecimento: como é feita a gasolina
O petróleo é constituído por uma mistura de hidrocarbonetos (compostos orgânicos), e quando é retirado das jazidas geralmente vem contaminado com vestígios de areia, pedras, água, entre outros.
O crude, ou petróleo, chega num estado quase puro às refinarias (no caso de Portugal, a Sines ou Leça da Palmeira) vindo de várias plataformas petrolíferas por via marítima.
Depois de descarregado dos navios tem de ser decantado e filtrado, separando os vários componentes do crude, ficando um material limpo de impurezas e pronto para entrar numa torre de refinação, de onde todos os combustíveis existentes no mundo serão extraídos.
Nesta torre de refinação, o petróleo passa por 3 etapas: a destilação, a conversão e os tratamentos finais.
Na destilação, o petróleo bruto é aquecido até ao seu ponto de ebulição (ponto em que passa do estado líquido para o estado gasoso) e à medida que vai diminuindo a sua temperatura, vão-se separando diversos hidrocarbonetos sob a forma de gases, que são armazenados em vários estágios da torre.
Na parte mais quente da torre de refinação, a cerca de 600ºC são retirados os gases do petróleo para alimentar os navios e as plantas elétricas, sendo este o combustível menos refinado.
A cerca de 350ºC o petróleo liberta gases para fabricar óleos lubrificantes. A 270ºC é refinado o diesel para os automóveis e automotoras. A 170ºC os gases libertados pelo petróleo são utilizados para produzir Querosene e Jet Fuel.
Quando os gases estão somente a 120ºC são armazenados para produzir gasolina para automóveis.
A 70ºC são armazenados os gases para produção de nafta, utilizada em diversos produtos químicos.
E por fim, no estágio mais alto da torre, as partículas mais refinadas e com menor densidade são utilizadas para produção de GPL (Gás de Petróleo Liquefeito), que é o combustível mais refinado e um dos combustíveis menos poluentes e que menos danificam o motor, sendo esta uma das suas principais vantagens.
Gasolina 95 e 98: as diferenças na produção
Se entre os restantes combustíveis chegam apenas de uma forma ao consumidor final, em Portugal, a gasolina é “servida” de dois modos: gasolina 95 e gasolina 98. Se até aqui nada diferia, a partir do processo de extração da torre de refinação, o processo já é diferente.
Depois de separados os gases para a produção de gasolina, estes gases são arrefecidos para voltarem ao estado líquido, e é a este líquido onde são adicionados os vários aditivos, como octanagem, oxigenadores, detergentes e corantes, que fazem com que o combustível tenha uma melhor ou pior qualidade, um maior ou pior rendimento, ou uma pior ou melhor performance.
Devido aos diferentes aditivos que lhe são adicionados foi necessária fazer uma segmentação deste tipo de combustível. Assim sendo, a qualidade da gasolina passou a ser associada à sua resistência à compressão. Quanto menor resistência, maior a denominação da octanagem.
Entre os componentes da gasolina, o mais resistente à compressão é o 2,2,4-trimetilpentano, mais conhecido como isoctato. Por outro lado, o menos resistente é o heptano.
Criou-se, então, uma medida da qualidade da gasolina, que ficou denominada como índice de octanagem ou índice de octanas, que não é nada mais nada menos do que a definição de isoctatos que tem cada litro de combustível.
A gasolina 98, tem portanto mais heptanos do que isoctatos, oferecendo por isso menos resistência à compressão, sendo possível obter mais rendimento quando comparado com a gasolina 95.
Apesar de em Portugal apenas existirem estes dois tipos de gasolina, em todo o mundo existe desde gasolina de 87 octanas, a 89, 90, 91, 92, 95, 98 e até 100 octanas, sendo esta a mais alta, e apenas vendida em alguns países mais desenvolvidos.
Na Europa, Itália e Alemanha são uns dos únicos que vendem este combustível de alta octanagem, e são por isso a par de Portugal, uns dos países com a gasolina mais cara do mundo.