Nos últimos anos temos assistido a um gigante boom de pessoas interessadas no quarto montessoriano. Mas a verdade é que de novo este método tem pouco! Porquê? Nós explicamos.
O quarto montessoriano descende do método Montessori, criado em 1907 por Maria Montessori, a primeira mulher a licenciar-se em Medicina, em Itália, no final do século XIX. Com este método, Montessori defendia e incentivava a criação de um ambiente de aprendizagem mais criativo e mais adequado às limitações físicas das crianças.
Quer isto dizer que o quarto montessoriano vai muito além de um estilo ou ambiente que queira criar para o o seu bebé. Um quarto montessoriano tem de ser montado de forma a fornecer as ferramentas necessárias para a criança se desenvolver de forma autónoma, criativa e livre. Afinal, a liberdade e respeito pela natureza do indivíduo era das crenças mais fortes de Maria Montessori.
O quarto montessoriano assenta, como tal, em seis diferentes pilares:
- Autoeducação;
- Ambiente Preparado;
- Adulto Preparado;
- Criança Equilibrada;
- Educação como ciência;
- Educação Cósmica.
Tudo o que for um entrave ao desenvolvimento da criança ou que exija que a criança peça ajuda ao adulto deve ser descartado deste quarto, daí as camas estarem junto ao chão e os móveis se encontrarem à altura dos pequeninos. Tudo isto sem nunca descurar, claro está, a segurança do bebé.
Montar um quarto montessoriano em poucos e simples passos
Qual é a base de um quarto montessoriano? Simples. O quarto deve ser preparado considerando a perspetiva do bebé, ou seja, os móveis, brinquedos e decoração devem estar ao seu nível, para que a criança se torne autónoma e, assim, se movimente livremente no seu espaço, explorando e organizando todas as suas coisas.
Apesar disso, naturalmente, o espaço deve ser organizado considerando a segurança do bebé que deve também ser acompanhado por um adulto.
Cama no chão
Na verdade, não precisa de ser uma cama na verdadeira aceção da palavra. Passando a fase do berço, deve ser colocado no chão um colchão para que os movimentos do bebé não fiquem limitados e este possa entrar e sair da cama sozinho.
Também pode ser uma estrutura de uma cama, para os pais mais tradicionais, porém, esta tem que ser rasteira. Para tornar o espaço mais confortável, pode colocar um tapete e várias almofadas em recantos de quarto que, não só vão amparar as quedas e proteger o bebé, como as diferentes texturas vão estimulá-lo.
Móveis miniatura a pensar nos pequenos
O mais possível, todos os móveis devem estar ao nível das crianças. Ou seja, bancos, mesas, cadeiras adequadas a crianças, os móveis onde estão os brinquedos, as prateleiras, a mesinha de cabeceira e tudo o que for possível adaptar à escala do seu bebé.
Evitar móveis com esquinas
Todos os móveis ou outros objetos com esquinas angulares e aguçadas devem ser evitados, assim como itens pontiaguados ou que, de algum modo, não ofereçam total segurança. Além do risco da criança se magoar, estes potenciais perigos, não permitem a total autonomia da criança no seu espaço.
Tudo ao nível dos pequenos
O quarto deve ser preparado pelos pais, mas a criança deve estar presente para saber onde arrumar e encontrar os seus objetos e brinquedos preferidos que devem estar ao seu alcance.
Assim, todos os armários, brinquedos, livros, fotografias e objetos de decoração devem estar ao nível dos olhos do seu filho e acessíveis ao seu tamanho. Experimente gatinhar ou sentar-se no quarto para perceber qual será a altura mais adequada.
Menos é mais
No que diz respeito às crianças, esta máxima é ainda mais importante. Lembre-se: o quarto é para o bebé, não para si, por isso, tenha apenas aquilo que for essencial ao seu filho. Privilegie materiais seguros para as crianças, com acabamentos fofos e felpudos ou de borracha.
Evite ter coisas a mais e desnecessárias, até para que a criança saiba dar valor ao que tem e tenha mais autonomia na escolha, e não guarde os brinquedos em espaços fechados, tenha-os visíveis para o seu filho tome a iniciativa de escolher com o que quer brincar.
Promova vários estímulos
De acordo com Maria Montessori, as crianças são uma esponja e, nos primeiros anos, é pelos órgãos sensoriais, ou seja, a visão, o olfato, a audição, o tato e o paladar, que captam as informações que, depois, são absorvidas pelo cérebro e traduzidas em conceitos (frio/quente, áspero/fofo, etc.). Por isso é essencial que o quarto montessoriano seja criado considerando estes aspetos.
É boa prática ter um espelho para que o bebé se conheça e reconheça. Assim como música com sons instrumentais ou música clássica, normalmente apreciada pelos mais pequenos e um mobile com várias formas geométricas e cores garridas.
Privilegia materiais seguros
Prefira sempre o acrílico e é fácil perceber porquê. O vidro é facilmente quebrado, o que obviamente se torna um perigo quando há crianças por perto. Escolha sempre materiais amigos das crianças, ou seja, resistentes e macios.
Opte por um piso macio
O chão do quarto deve ser fofo e seguro, de modo a permitir que a criança se movimente nele, sem se magoar. Uma grande carpete com texturas, piso de borracha ou um tapete de solo, que se encaixem como um puzzle, podem ser boas opções. Além de protegerem, estes elementos estimulam os sentidos da criança, nomeadamente o tato.
Ter um espaço específico para criar
Estimular a criatividade é um dos pilares da filosofia montessoriana, por isso é imprescindível criar um espaço exclusivo para isso, ou seja, onde a criança possa dar largas à sua imaginação.
Lápis de cera, papéis de várias cores e texturas, plasticinas, um quadro de lousa com giz são algumas ideias para ajudar a que os mais pequenos desenvolvam as suas competências e coloquem a imaginação a trabalhar.
Promova o exercício físico e a criatividade no quarto
Como nas aulas de ballet, a barra é importante quando a criança começa a caminhar. Ela serve de apoio e cria autonomia. Tal ajuda a dar os primeiros passos e a fortalecer as pernas e os braços. Aproveite e cole também um espelho inquebrável em frente, excelente para o pequeno se observar e reconhecer o seu corpo.
Aproveitar a arrumação de baú
Guarde num baú ou caixa, objetos que a criança gosta, mas que não são brinquedos, como uma colher de pau, uma moldura, um comando de televisão, uma garrafa de plástico, algo que a faça ter consciência das texturas e usos destes diferentes itens.
Adaptar o quarto à idade
Sim, é possível um quarto montessoriano ser dividido por duas crianças. Porém, ele deve ser organizado e planeado, tendo em conta a idade de cada criança e as suas necessidades. Só assim ele responde, convenientemente, às necessidade de cada uma delas, respeitando as questões de segurança.
Iluminação natural
Sempre que possível, aproveite a iluminação natural que entra no quarto da criança e areje frequentemente a divisão, pois isso além de saudável, irá renovar as energias da divisão e será uma boa maneira de a criança regular o seu sono, pois distinguirá convenientemente o dia da noite.
Tomadas protegidas
Esta não é, naturalmente, um essencial do quarto montessoriano, mas uma medida aplicável a qualquer quarto de criança: proteger as tomadas ou, mesmo, disfarçá-las é essencial para um quarto seguro e sem sobressaltos.
São vários os essenciais do quarto montessoriano, mas adotar todos não implica despender muito dinheiro. No fundo, a filosofia montessoriana é apologista do minimalismo e, por isso, nestes espaços, “menos é mais”! Não gaste rios de dinheiro e faça um quarto bem à medida das suas possibilidades.