Olga Teixeira
Olga Teixeira
11 Mai, 2022 - 11:30

Como poupar nos seguros da casa

Olga Teixeira

Informação e negociação são essenciais para poupar nos seguros da casa. Saiba o que pode fazer para reduzir a despesa.

poupar nos seguros associados ao crédito

Quando se fala em seguros, fala-se muito nas “letras pequeninas”, ou seja em condições a que não se presta muita atenção quando se assina o contrato. No entanto, o segredo para poupar nos seguros da casa, ou noutros, pode estar justamente aí.

Ao pensar em comprar casa recorrendo a um empréstimo bancário há que deixar margem no orçamento para esta despesa que não está incluída no valor da prestação que irá pagar. Geralmente, e até porque o banco diz oferecer melhores condições se adquirir estes produtos nas seguradoras associadas, muitas pessoas nem pensam duas vezes e escolhem logo essa opção.

E aqui pode estar um erro. Por um lado, nem sempre é verdade que a opção oferecida pelo banco seja a melhor. Por outro, não tem obrigação de subscrever os seguros da casa na mesma instituição onde tem ou vai fazer o crédito habitação.

Assim, o primeiro conselho é não decidir nada sem se informar e comparar. E se perceber que existem opções melhores no mercado, pode tentar negociar com o seu banco.

Quais são os seguros da casa?

Outro ponto importante para poupar nos seguros da casa é saber quais os seguros que tem mesmo de fazer. Ou seja, há seguros obrigatórios por lei e outros que só fará se quiser.

assinar contrato de seguro

Seguro de vida

Ao contrário do que se pensa, a obrigatoriedade de subscrever um seguro de vida não está na lei. O que acontece é que os bancos geralmente não concedem crédito sem este seguro.

Por um lado, acaba por ser uma forma de garantir que, em caso de morte ou incapacidade, a família não fica desprotegida. Por outro, os bancos asseguram que o crédito fica pago.


Como poupar

Nos seguros de vida associados ao crédito habitação existem dois tipos de coberturas. E embora uma seja mais dispendiosa do que a outra, este é daqueles casos em que o barato pode sair muito caro.

A cobertura por Invalidez Absoluta e Definitiva (IAD) pode ser mais barata, mas para que possa acionar o seguro terá de ter uma incapacidade superior a 80%. Ou seja, se tiver um acidente ou uma doença grave, mas não ficar totalmente inválido, de pouco ou nada lhe vai valer o seguro.

Já com a cobertura por Invalidez Total e Permanente (ITP), o seguro pode ser acionado se de uma doença ou acidente resultar uma incapacidade de 66,6%. E, nessa situação, a casa fica paga, o que faz toda a diferença.

Além deste aspeto, e sobretudo se fez ou vai fazer o seguro de vida junto do seu banco, é importante verificar se uma eventual mudança de seguradora lhe vai ou não agravar a prestação do crédito.

É que, para oferecer um spread mais baixo, os bancos costumam propor ao cliente a contratação de outros produtos. E ao desistir de um deles pode perder essa bonificação.

Ainda assim, a penalização pode compensar a mudança. Apesar do capital seguro ser ajustado todos os anos ao capital em dívida e por isso o prémio a pagar deveria baixar, o facto é que tal não acontece. O prémio aumenta com a idade, já que para a seguradora o risco de acontecer alguma fatalidade aumenta. Assim, analise o anexo que consta do seu seguro e onde se encontra o valor anual do prémio. Quando o aumento for grande, considere mudar o seu seguro de vida.

É tudo uma questão de fazer as contas.

Poupar no seguro de vida do crédito habitação
Veja também Tem crédito habitação? Saiba como poupar no seguro de vida

Seguro de incêndio

Dos seguros da casa, o único realmente obrigatório é o seguro de incêndio e apenas para os edifícios em regime de propriedade horizontal, ou seja, os chamados condomínios. Este seguro deve cobrir não só a sua casa, mas também as partes comuns do edifício, como escadas, telhado, elevadores ou garagem, por exemplo.

O seguro de incêndio cobre os danos diretamente causados aos bens seguros na sequência do incêndio. Se a apólice não disser o contrário, podem estar também incluídos danos causados por queda de raio, explosão ou outro acidente semelhante, mesmo que não seja acompanhado de incêndio.


Como poupar

Este seguro é tão importante que se não o fizer dentro do prazo previsto ou no valor determinado na assembleia de condóminos, o administrador do condomínio deve fazê-lo, cobrando-lhe depois esse valor.

Assim, e para garantir que não vai pagar mais por um seguro que não foi escolhido por si, certifique-se que tem esta apólice em dia.

Pode escolher duas modalidades: Incêndio e Elementos da Natureza ou ter esta opção incluída num seguro multirriscos. Se está a ponderar outras coberturas além do risco de incêndio, esta última opção pode compensar.

Seguro multirriscos habitação

Embora não sendo obrigatório, os bancos normalmente propõem a contratação de um seguro multirriscos que, por regra, inclui a cobertura de incêndio.

No entanto o seguro multirriscos é mais abrangente, uma vez que oferece um conjunto de coberturas facultativas de danos no imóvel ou no seu recheio. Além do risco de incêndio pode cobrir, por exemplo, inundações, tempestades, furto ou roubo.


Como poupar

No momento de contratar o crédito habitação, pondere bem quais as coberturas de que necessita. Vai proteger apenas as paredes da casa ou todo o investimento que nela fizer?

O seguro multirriscos tem normalmente um conjunto de coberturas pré-determinadas, mas é possível adicionar outras coberturas complementares. O  prémio é calculado, por isso, em função das coberturas contratadas.

Dependendo do que quiser segurar, esta opção pode ser mais vantajosa do que somar vários seguros, muitas vezes com coberturas duplicadas. Mais uma vez, vale a pena fazer bem as contas antes.

Seguro do recheio da casa

Esta cobertura não é obrigatória e tanto pode estar incluída num seguro multirriscos, como ser adquirida separadamente.

Não se esqueça que o chamado “seguro de paredes” não inclui o recheio da casa, ou seja, móveis, eletrodomésticos e artigos de valor ficam de fora. Assim, se quer ter a certeza de que a proteção é mais abrangente, pode segurar o recheio.

Mas primeiro verifique as coberturas que já possa ter noutros contratos de seguro, nomeadamente se já tem ou vai fazer um multirriscos. Não vale a pena estar a pagar duas vezes pela mesma coisa.

Como poupar

Calcule quanto teria de gastar para substituir tudo o que tem em casa. Não só os móveis e eletrodomésticos, mas também a roupa, sapatos, livros, discos, etc.

Fotografe os artigos mais raros e valiosos, como obras de arte, jóias ou moedas antigas, por exemplo. Estes devem ser discriminados e valorizados individualmente na apólice, caso contrário, a seguradora só paga um determinado montante em caso de sinistro, normalmente 1.500 euros. Além disso, deve guardar sempre os recibos que comprovem a aquisição dos bens.

Para minimizar o prejuízo em caso de sinistro, é importante que o valor do prémio reflita o valor dos artigos que fazem parte do recheio.

Mais conselhos para poupar nos seguros da casa

Casal a colocar dinheiro num mealheiro

Para poupar nos seguros da casa, o fundamental é saber quais as coberturas que já tem ou que quer ter. Até porque só pode comparar valores depois de saber o que inclui cada um deles.

Um seguro mais barato pode cobrir menos riscos e, caso algo aconteça, pode perceber que o barato sai caro.

Leia com atenção as condições do seguro e só contrate o essencial

Leia com atenção as condições dos seguros que vai contratar e veja se as coberturas correspondem de facto às suas reais necessidades. Contrate só o que considera essencial, evitando pagar pelo que não precisa. Mas atenção, contrate o que lhe confere uma maior proteção, como o Invalidez Total e Permanente no seguro de vida, mesmo que seja mais caro.

Não duplique coberturas

Veja se tem seguros que cobrem o mesmo risco. Estará a pagar duas vezes pela mesma cobertura e não poderá acionar os dois para o mesmo sinistro, já que as indemnizações não são cumulativas. Por isso, evite a duplicação de seguros.

Junte seguros

Pode fazer sentido contratar um seguro multirriscos que inclua seguro de incêndio e o de recheio em vez de os fazer separadamente.

Ter todos os seguros na mesma companhia pode compensar ou não. Por isso, nada como comparar preços, tendo sempre em conta coberturas e exclusões.

Seguros no banco ou na concorrência?

Também é importante perceber se compensa fazer os seguros da casa na seguradora indicada pelo banco ou procurar outra opção.

Muitas vezes, o banco oferece um spread mais baixo se fizer o seguro que o próprio sugere, como por exemplo o seguro de vida ou o seguro multirriscos, mas é preciso ver se essa poupança é efetiva. E se ao mudar de seguradora não perde essa bonificação.

Peça simulações a outras seguradoras e faça as contas. Mesmo que fique a pagar mais pela prestação do crédito, pode continuar a compensar fazer (ou transferir) o contrato de seguro para uma seguradora diferente.

Se for esse o caso, fale com o seu banco e tente negociar. Não raras vezes a seguradora do próprio banco acaba por acompanhar os preços da concorrência para não perder o cliente.

Recorra a um mediador na contratação dos seus seguros da casa

Se não tem tempo para procurar qual a companhia que lhe oferece melhores condições para os seus seguros opte por recorrer a um mediador ou agente de seguros.

Este fará esse trabalho por si, ajudando-o a poupar dinheiro nos seguros associados ao crédito habitação, para além  de ter um atendimento personalizado e poder conseguir seguros mais direccionados para as suas necessidades

Aproveite as promoções das seguradoras

As seguradoras por vezes têm campanhas de desconto nalguns seguros. Esteja atento e se puder aproveite. Para além disso, veja se é sócio de alguma entidade ou clube que tenha parceria com seguradoras o que lhe pode permitir reduzir o custo dos seus seguros.

Atenção às franquias

Preste também atenção às franquias, ou seja, ao valor até ao qual o segurador não se responsabiliza pelo prejuízo.

Para conseguir ter os seguros da casa com um prémio anual mais baixo, pode haver a tentação de aceitar franquias mais elevadas em algumas coberturas. Mas isso significa que em caso de sinistro, terá de pagar uma parte maior dos prejuízos.

Imagine por exemplo, que a franquia são 200 euros e os danos sofridos foram avaliados em 150 euros. Nesse caso, não terá sequer direito a receber qualquer indemnização.

Atualize o capital seguro

Por fim é importante ir atualizando o capital seguro, até para saber com o que pode contar caso algo corra mal. O capital seguro é o valor máximo que a seguradora pagará em caso de sinistro, mesmo que o prejuízo seja superior.

A atualização do capital seguro deve ser feita pelo segurado, que tem duas opções:

  • a atualização convencionada, feita anualmente com base numa percentagem indicada pelo tomador do seguro, que pode decidir uma atualização fixa; ou
  • a atualização indexada, feita anualmente segundo as variações dos índices IE (edifícios), IRH (recheio) ou IRHE (recheio e edifício). Estes índices são determinados trimestralmente pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e publicados no Diário da República.

Informação, comparação e negociação são, assim, as três palavras-chave quando se trata de poupar nos seguros da casa. O processo pode levar-lhe algum tempo, mas a verdade é que vai acabar por poupar dinheiro.

Pague o prémio anualmente

Pagar o valor anual do prémio pode ficar mais barato. Muitas companhias fazem descontos caso opte pelo pagemento de uma só vez em vez de pagar mensal, trimestral ou semestralmente. Se o seu orçamento o permitir, opte por esta solução.

Pague por débito direto

É outra das formas que tem para poupar nos seus seguros. Se optar por este meio de pagamento, muitas seguradoras oferecem um desconto no prémio, já que garantem uma maior celeridade na receção dos fundos, poupando também no envio da fatura para pagamento.

Fontes

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