Pedro Andersson
Pedro Andersson
09 Mai, 2023 - 10:34

Como usar com inteligência o seu reembolso do IRS

Pedro Andersson

Não “gaste” o seu reembolso do IRS. Aproveite o imposto que lhe vai ser devolvido para organizar e controlar as suas finanças.

Como usar o reembolso do IRS

Muito provavelmente já recebeu ou vai receber o seu reembolso do IRS nas próximas semanas.

Ao longo dos anos, habituámo-nos a ver o reembolso do IRS como uma espécie de fonte de rendimento extra quase garantida. Em primeiro lugar, deve entender que isso acontecerá cada vez menos. O objetivo do Ministério das Finanças é aproximar o mais possível a nossa retenção na fonte com o valor dos impostos que temos de pagar anualmente. Ou seja, haverá um momento no futuro em que idealmente deixará de haver reembolso do IRS.

Isso não é necessariamente mau. Significaria que teríamos mais dinheiro todos os meses, mas perderíamos esta espécie de bónus a que nos habituámos. Perceba que o reembolso do IRS é apenas dinheiro que você pagou a mais em impostos no ano anterior, não é nenhuma prenda. Acaba, no fundo, por ser uma poupança forçada anual que depois “sabe bem” receber.

Quando o reembolso acabar ou for incomparavelmente menor, será uma problema para as famílias menos organizadas financeiramente, porque normalmente reservam esse valor para pagar o IMI ou para pagar os seguros do carro e outras despesas, em vez de fazer isso regularmente (reservando esse valor) todos os meses aos longo do ano. Mas um problema de cada vez…

Uma vez que o vai receber (espero), deve ter em atenção que este ano as coisas estão muito diferentes e isso vai exigir mudanças na organização das suas finanças pessoais.

Onde aplicar o dinheiro do reembolso do IRS?

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Suportar o impacto do aumento das prestações do crédito habitação

O meu primeiro alerta é que deve usar o seu reembolso do IRS para comportar o aumento que está a ter nas prestações do seu crédito à habitação.

Veja quanto aumentou por mês a sua mensalidade (em relação ao valor “normal”) e veja para quantos meses dá o seu reembolso do IRS. Por exemplo, se a sua prestação aumentou 100 euros por mês, e se recebeu um reembolso de 800 euros, deve colocar de imediato esse dinheiro numa conta à parte para depois mensalmente retirar os 100 euros – durante 8 meses – para a conta onde o banco vai cobrar a prestação.

O objetivo deve ser não estragar o seu orçamento mensal e manter a sua qualidade de vida. Se usar o reembolso do IRS para outras coisas não prioritárias, o que vai acontecer é que vai ficar com a sua conta normal cada vez mais negativa de mês para mês. Este tipo de situações leva a uma ansiedade desnecessária porque pensamos que as coisas estão cada vez piores (e na verdade estão). Tente usar as suas fontes extras de rendimento (IRS, subsídio de Férias e de Natal) para suprir essa diferença orçamental.

Se tudo correr bem, em 2024 a Euribor deverá começar a descer e as prestações voltarão a um normal (que nunca será o do tempo dos valores da Euribor negativa). Mas até lá vai ter de reorganizar a sua vida financeira para enfrentar esta tempestade sem naufragar. Isso vai exigir sacrifícios este ano.

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Amortizar créditos

Se já conseguiu dinheiro suficiente para suportar o seu crédito à habitação nos próximos 12 meses, pode então aproveitar o seu reembolso do IRS para amortizar antecipadamente alguns créditos que tenha, sobretudo cartões de crédito que têm sempre juros de dois dígitos. Acabe com isso o mais rapidamente possível.

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Investir o dinheiro do reembolso

Se já não tem dívidas, aproveite para investir esse dinheiro. Tem os Certificados de Aforro, se tiver um perfil conservador. Se quiser arriscar ganhar um pouco mais, tem os fundos PPR, fundos de investimento, ETF, ações, criptomoedas, etc. Mas invista apenas dinheiro que não lhe faça falta no futuro e que está disposto a perder.

Como vê, são sugestões que não passam por “gastar” o seu reembolso do IRS mas sim por usá-lo para organizar e controlar a sua vida financeira. E bem que precisamos disso nesta altura.

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