Não ter um quintal ou um jardim não é desculpa para não fazer compostagem em casa. Também pode fazê-lo na varanda, por exemplo, e usar o composto orgânico que daí resulta nos vasos.
Ao fazer compostagem caseira está também a diminuir a pegada ecológica, já que reduz os resíduos que vão para os aterros e também deixa de ter necessidade de usar fertilizantes ou adubos químicos. Se a compostagem for feita corretamente não haverá lugar a maus odores nem à proliferação de insetos.
Compostagem: o que é?
A compostagem é o nome dado ao processo de transformação de resíduos orgânicos biodegradáveis em composto orgânico. Este composto vai funcionar como adubo ou fertilizante natural do solo, com a vantagem de também não ser preciso recorrer a fertilizantes químicos.
Trata-se de um processo biológico através do qual os microrganismos operam a transformação dos restos alimentares e resíduos do jardim, como folhas ou bocados de relva em adubo natural.
A utilização do composto orgânico vai enriquecer os nutrientes do solo, aumentando a resistência das plantas e reduzindo o aparecimento de pragas e doenças.
Simples e amiga do ambiente, a compostagem é um processo relativamente simples, apenas necessitando de juntar resíduos verdes e castanhos, para conseguir um material orgânico que se assemelha a terra.
Diferentes tipos de compostagem
O húmus, o nome técnico dado ao composto que resulta deste processo, pode ser alcançado de duas formas diferentes.
- Através do processo biológico simples, que resulta da ação dos microrganismos presentes nos resíduos, sendo este um processo mais lento, podendo demorar cerca de seis meses a estar finalizado.
- Através da vermicompostagem, ou seja, pela ação de vermes, neste caso, as minhocas, que consomem, num dia, o equivalente ao seu peso em matéria orgânica; tornando, assim, o processo de compostagem bastante mais rápido. Esta é uma boa opção para quem tem pouco espaço, nomeadamente, para quem vive num apartamento. É um processo que dura cerca de duas semanas.
Que resíduos se devem usar na compostagem?
Quais são, afinal, os resíduos passíveis de ser compostados? Antes de mais, os resíduos aptos para a compostagem dividem-se em duas categorias: os verdes, por norma mais húmidos e ricos em azoto, e os castanhos, ricos em carbono e mais secos.
Resíduos verdes
- Cascas e restos de vegetais e de frutas (em cru)
- Borras de café (sim, também são considerados verdes, não pela cor, mas pela presença de azoto)
- Hortaliças
- Relva e folhas verdes
- Ervas daninhas, de preferência, antes de produzirem semente
- Chá (quer em folha, ou mesmo em sacos)
- Cascas de ovos
- Plantas e flores
- Pão
Resíduos castanhos
- Cascas e restos de frutos secos
- Cascas de batatas
- Pequenos galhos de árvores
- Palha e erva seca
- Serrim
- Folhas secas
- Agulhas de pinheiro
- Guardanapos (desde que não tenham gordura), caixas de ovos (em cartão), lenços de papel, fósforos, jornais e papéis não plastificados
O que não pode colocar no compostor
O compostor – o recipiente onde é feita a compostagem – não é um caixote do lixo onde coloca toda a matéria orgânica. Há resíduos que, mesmo sendo orgânicos, não são passíveis de ser compostados. Aqui se incluem os restos de peixe, carne, bem como espinhas, ossos e lacticínios.
Este tipo de resíduos causam maus odores e contribuem para a proliferação de pragas, como ratas, baratas e outros insetos, além de cães e gatos.
Produtos que não devem ser colocados na compostagem
- Peixe, carne e marisco (sejam crus ou cozinhados)
- Restos de comida
- Lacticínios
- Óleo, azeite e outras gorduras
- Cortiça
- Carvão, cinza e cigarros
- Excrementos de animais domésticos
- Plantas doentes, com sementes ou que tenham sido sujeitas a produtos químicos
- Resíduos não orgânicos (plástico, vidro ou metal)
Como escolher o compostor
Já há caixas de compostagem à venda na maioria das lojas de jardinagem e de bricolagem e de vários tipos: de plástico ou de madeira, com furos no fundo ou estruturas em madeira com tampa e sem fundo. E, claro, se tiver jeito para a bricolagem, também pode construir o seu próprio compostor.
Ao escolher o seu compostor, deverá ter em atenção, particularmente, se vai fazer compostagem simples ou com a ajuda das minhocas, já que, neste último caso, o compostor não necessita de estar em contacto com o solo, logo, não necessita de ser aberto em baixo.
Onde colocar e como utilizar a sua caixa de compostagem
O compostor deve ficar instalado num local arejado e abrigado do sol e deve estar protegido do vento e da chuva.
Ao colocar os primeiros elementos dentro da caixa de compostagem, deve ter em atenção o arejamento e a drenagem, devendo colocar, no fundo do compostor, pequenos ramos de árvores soltos, sem compactar. Esta camada, assim disposta, permite a circulação do ar e a drenagem da humidade em excesso.
Quando se trata de compostagem simples, ou que utiliza o processo biológico como única “ferramenta”, o compostor deve estar em contacto com a terra, para que se dê a libertação dos líquidos produzidos.
Se a ideia é fazer compostagem na varanda ou no terraço, deve optar pela vermicompostagem, onde os compostores têm um sistema para recolha do húmus produzido pelas minhocas.
Resíduos em camadas
Depois de colocados os ramos no fundo, deve cortar os resíduos verdes e castanhos em pedaços pequenos e adicionar uma camada de cinco a 10 centímetros de resíduos castanhos e, de seguida, adicionar não mais do que uma mão cheia de terra ou composto já pronto.
São os microrganismos presentes na terra que irão iniciar o processo de compostagem. Colocar depois uma camada de “verdes” e prosseguir com castanhos, indo alternando entre os dois e regando cada camada. A última camada deve ser castanha, para diminuir a probabilidade de libertação de odores.
Os resíduos podem ser colocados todos de uma vez ou irem sendo adicionados à medida que forem ficando disponíveis.
Deve ter atenção à humidade e à temperatura e, se perceber que a compostagem está muito seca, deve humedecer os materiais, regando ligeiramente. Se vir que está muito húmida, deve acrescentar mais folhas secas e outros resíduos castanhos.
Deve medir a temperatura com regularidade, certificando-se de que é alta – mas não demasiado, nomeadamente, se se tratar de vermicompostagem, já que as minhocas morrem quando submetidas a altas temperaturas – e revirar os materiais a cada sete a 10 dias. A compostagem deve cheirar a terra.
Onde usar o composto
Após cerca de seis meses, o composto deve estar pronto a ser utilizado – cerca de duas semanas no caso da vermicompostagem – e pode ser usado como adubo no jardim, na horta ou nas plantas que tem em vasos.
Tratando-se de hortas, deve usar-se uma proporção de dois a três quilos de composto por metro quadrado. Nos vasos, deve usar-se na proporção de um terço de composto para dois terços de terra.