Desde o primeiro momento que decidi comprar carro que sabia que não ia querer apenas um veículo para transportar gado vivo de A a B, portanto estabeleci um conjunto de critérios que me ajudariam a filtrar as (literalmente) milhares de opções que existem no mercado:
- Preço de compra baixo
- Local de venda na zona de Aveiro/Porto
- Baixos consumos (a gasolina)
- Pequeno e ágil
- Fiável e de mecânica simples, com peças em abundância
- Divertido com uma condução pura
- Estética que me agradasse, de preferência de origem
- Valor entusiasta ou clássico
- Admissível em encontros e concentrações automóveis
Critérios escolhidos, era altura de agarrar as ferramentas de pesquisa que me estavam disponíveis e abrir a época de caça. Infelizmente para mim, a compra via “Hereditária Lda.” estava fora de alcance; Não arranjei nenhum vizinho nem conhecido que me quisesse despachar o Datsun ou o Triumph velho por uns trocos; Stands tradicionais de usados, entre outras razões, não são grandes locais para procurar clássicos; Revistas de Clássicos têm muita oferta de classificados, mas geralmente com preços inflacionados devido à visibilidade; Mecânicos e vendedores de peças de clássicos são um bom ponto de pesquisa, mas na altura não conhecia assim tantos, tornando também essa via inviável. Restava-me, portanto, a pesquisa online: sites de vendas, fóruns e portais de especialidade. Dos vários locais onde pesquisei, o StandVirtual e OLX foram os que se mostraram mais proveitosos.
Durante a pesquisa, não demorou muito até que a minha lista final se resumisse (para desespero dos meus pais) a pequenos clássicos populares citadinos dos anos 70 e 80, que não vou enumerar agora por receio de sobrecarregar os servidores da Google.
Da pesquisa ao test drive vai um pequeno passo, mas uma grande diferença. Para garantir uma boa escolha são precisos soft skills, sangue frio e sobretudo perseverança. Apesar de até então nunca ter assistido a uma compra de carro, qualquer jovem que foi estudar para fora da sua cidade natal teve a determinada altura que aprender a dominar pelo menos uma das várias artes Universitárias extracurriculares: entre dominar a força do levantamento do copo e descobrir as 1001 receitas do atum em lata, descobrirmos a arte de procurar casa. Em muitas aspetos ambas as experiências se cruzam com facilidade, ora vejamos:
- Não te apaixones pelo primeiro anúncio.
- Não ignores problemas óbvios (derivado do ponto anterior).
- Não te precipites na decisão.
- Faz cálculos a médio/longo prazo.
- Leva um mecânico.
- Conduz e deixa alguém mais experiente que tu conduzir.
- Traça o perfil do vendedor (se for colecionador, entusiasta ou restaurador de carros melhor!)
- Já disse para levares um mecânico?
Para a primeira leg de test drives selecionei da lista alguns candidatos que numa primeira instância mais critérios preenchessem, neste caso:
- (78) Fiat 127 Mk2
- (88) Peugeot 205 GT
- (81) Toyota Corola 1.3 DX Liftback
- (94) Fiat Panda 1.0 Fire
- (88) Toyota Starlet ep70
- (88) Seat Ibiza System Porsche 1.2
Resultados: apaixonei-me pelo 127, mas a nossa relação acabou 10 min. depois quando ele se recusou a travar na chegada a uma rotunda. O Ibiza System Porsche tinha uma boa condução, mas tinha 2 portas a mais. Para além do mais, se eu contasse aos amigos que “Comprei um Ibiza…” eles morreriam de cancro do pulmão mais rápido do que eu terminaria a frase “…a gasolina”. O terceiro candidato foi o Starlet, aquele que viria a comprar no mesmo dia, e que mantenho com carinho até hoje. Sobre ele falarei pormenorizadamente no próximo artigo.
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