Share the post "Tudo sobre as condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal"
Numa altura em que em Portugal a sociedade está a começar a sair de uma pandemia e a recompor-se dos seus efeitos ao longo de um período de cerca de dois anos – durante o qual o setor da saúde foi o que esteve mais posicionado na linha da frente – interessa agora perceber o que é necessário fazer relativamente à melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde.
Melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal para fazer face ao futuro
Sem dúvida que a pandemia que atravessamos colocou à prova as condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal.
Todos nós ouvimos falar repetidamente sobre casos específicos de profissionais de saúde que terão sofrido enormes sobrecargas de trabalho, doses de responsabilidade acrescida para se estar a lidar com uma nova doença, dificuldade em reforçar as equipas médicas, falta de enfermeiros, etc.
Em 2021, eis um dos retratos das condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal: foi alcançado o maior número de horas extraordinárias de todos os tempo – 21,9 milhões de horas – estamos a falar de um salto de 26% face ao total de horas extras feitas em 2020, ano em que já se tinha batido um recorde devido à pandemia.
Estima-se que os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos, terão feito cerca de 7,5 milhões de horas extra, o que leva a concluir que as melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal passa por:
- Contratar mais médicos;
- Realizar mais investimento;
- Rever modelos de compensação e benefícios;
- Legislar carreiras e formação;
- Criar mecanismos que leve à contratação de pessoal de forma a responder à necessidades dos utentes.
Melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal significa melhorar também a jornada do utente. A jornada do utente é o percurso que os doentes fazem desde o momento em que dão entrada num hospital ou num serviço de saúde, até ao momento em que saem.
A melhoria de condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal é uma recomendação direta da OCDE
Segundo a OCDE, melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal é o caminho certo para resolver os maiores problemas que este setor enfrenta, especialmente a falta de pessoal, que se poderá resolver facilitando o recrutamento, e fazendo retenção de profissionais.
É também um meio eficaz para mitigar os efeitos da pandemia.
Já é quase uma tradição: grande parte dos enfermeiros recém formados em Portugal optam por emigrar, o que faz com que Portugal ainda se encontre abaixo da média no rácio de enfermeiros por habitante.
Aliás, a escassez de profissionais de saúde em Portugal é simultaneamente uma causa e uma consequência da falta de condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal.
Retrato das condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal
Portugal tem cerca de sete enfermeiros no ativo por cada 1.000 habitantes, segundo os últimos dados disponíveis, um número que se situa abaixo da média da OCDE, de mais de oito enfermeiros por mil habitantes. A diferença é ainda maior nos prestadores de cuidados continuados: em Portugal, não chega a um por cada 100 pessoas com 65 anos ou mais, enquanto na OCDE se fixa em cinco.
Sendo assim, para combater os efeitos da pandemia e favorecer a recuperação económica, a principal recomendação da OCDE nesta matéria específica para Portugal é melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde, nomeadamente para facilitar o recrutamento.
Prevê-se que uma das áreas da saúde que será preciso reforçar mais nos próximos tempos é a da saúde mental. No pós pandemia prevê-se que a saúde mental de muitos portugueses tenha sido afetada com gravidade, o que leva a que muitos especialistas já estejam a alertar nesse sentido.
A violência contra profissionais de saúde aumentou com a pandemia
A melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal passa também por este tema algo sensível e talvez ainda não muito falado na praça pública – a violência contra profissionais de saúde.
Entre janeiro e outubro de 2021, foram reportadas, na plataforma da DGS, 752 agressões a profissionais de saúde, sendo mais 27 do que em 2020 (mais 4%) e menos 243 do que em 2019 (menos 24%). A maioria das agressões (63%) consistem em ameaças e injúrias, enquanto 23% são agressões físicas e 14% são casos de assédio.
Trata-se de um problema que deixa, tanto os médicos como outros profissionais, desprotegidos, bem como os próprios doentes.
Formar os profissionais de saúde para que se consiga ter capacidade de resposta e a abordagem adequada aos episódios de violência que possam ocorrer, ou apoiar os profissionais de saúde vítimas de agressão – são algumas das medidas previstas para combater este problema e assim contribuir para a melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde em Portugal.