Quem ainda teve o privilégio de conviver com os avós sabe que ninguém era melhor do que eles na arte de reduzir os custos em casa. Das roupas à alimentação, da limpeza da casa aos transportes, ninguém passava a perna aos avós poupados.
Porque acreditamos que o saber de quem veio ao mundo antes de nós ainda hoje pode ser muito útil – mesmo que com algumas adaptações à realidade dos tempos modernos -, reunimos algumas das melhores estratégias de poupança do tempo dos nossos avós. Por mera curiosidade ou para aproveitar algumas para si, vale a pena conhecê-las!
Vamos aprender a poupar com os avós?
Conselhos de poupança dos avós na cozinha
A cozinha era, por excelência, o território mais dominado pelas avós. Bem sabemos que, na sociedade deste século, esta é uma realidade menos frequente, mas há umas décadas eram poucos os homens que se aventuravam ao fogão – e poucas as mulheres que admitiam sequer a possibilidade de isso acontecer.
Assim, as nossas avós foram desenvolvendo estratégias de poupança que praticamente multiplicavam a comida e os rendimentos da família. Vamos começar pela compra de ingredientes: se nunca viu a sua avó abrir uma lata de feijão, saiba que há um motivo para isso: as nossas avós compravam as leguminosas cruas e coziam-nas em casa. Feijão, grão de bico e até ervilhas saem bem mais baratos se forem comprados a granel do que se vierem pré-cozidos na lata.
O frasco da polpa de tomate também tinha sempre um fundinho para dar: um pouco de água morna quando já não saísse produto e… magia! Afinal ainda dava para temperar o peixe. E as natas, que não chegavam? Impensável voltar à leitaria para comprar mais. Junte um bocadinho de leite normal e fica composto – e mais barato!
Falando em leite… aquele leite gordo acabadinho de sair da vaca? Hoje já não o compra, mas no tempo das nossas avós ele andava por aí – e desengane-se se acha que era só para beber. Esse leite fervido ganha uma capa grossa de gordura (nata) que dá para tirar com uma colher, guardar à parte e barrar no pão como a manteiga. O mesmo leite pode levantar fervura várias vezes e dar nata várias vezes, por isso sustenta bem o pequeno-almoço da família.
Já que estamos numa de pequeno almoço, o pão não precisa de ser fresco (no tempo das nossas avós, raramente era!). O pão antigo dá para fazer torradas, a broa dura dá para fritar em azeite (não diga nada ao seu fígado!) e os dois ainda servem para mergulhar no leite quente e fazer papas. Se nada disto lhe agradar, ainda pode guardar para uma açorda.
Conselhos de poupança dos avós para os transportes
Claro que, no tempo dos nossos avós, andar a pé era um clássico. Quando o destino era muito longe, não faltavam alternativas, a começar por uma combinação de solas de sapato com transportes públicos para poupar no bilhete.
A bicicleta era a melhor amiga dos que viviam longe do centro das cidades e os mais atrevidos ainda andavam pendurados no exterior dos elétricos para não pagarem bilhete.
Entre os mais sortudos que tinham carro – mas não o dinheiro para gastar em combustível – era famoso o truque de adicionar óleo ao depósito. Se era bom para o motor? Provavelmente, não. Mas o carro andava!
Conselhos de poupanças dos avós para a roupa
Pense em todos os idosos que conhece e em quantos têm apenas um ou dois filhos. Pois é, no tempo dos nossos avós as famílias eram grandes e havia muitos filhos para vestir. As modas não tinham como ditar tendências e uma mulher em casa que soubesse costura era quase uma condição obrigatória para o bem-estar geral.
Vamos começar pelas roupas. O clássico remendo por cima dos rasgões já é conhecido, mas não era o único esquema usado nas casas portuguesas. De umas calças rasgadas se faziam uns calções, de uma t-shirt inutilizada se faziam panos de limpeza e uma camisa rota ganhava um enfeite por cima.
A estratégia subia de tom nos bebés e crianças pequenas, já que a roupa só lhes servia durante umas semanas: praticamente toda a roupa era feita à mão, em lã, e não é só porque saía mais barato do que comprar feito: é que um casaquinho de lã dá para desfazer e o fio é aproveitado para fazer outro casaco maior – basta juntar mais lã. O mesmo novelo podia fazer várias peças e acompanhar o crescimento dos miúdos sem desperdício!
Agora que está familiarizado com os truques mais populares do tempo dos nossos avós, vale a pena olhar para eles com mais atenção: vai ver que alguns ainda podem ser usados nos dias de hoje e que, parecendo irrelevantes, podem mesmo fazer diferença nas contas lá de casa!
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