O Coronavírus em animais tornou-se falado depois de as autoridades chinesas, no ano passado, divulgarem que tinham colocado em quarentena o primeiro cão suspeito de ter contraído a doença.
Tratava-se de um animal de estimação que pertence a uma habitante de 60 anos de Hong Kong que tinha sido diagnosticada com o vírus. O seu animal de estimação apresentava níveis de infecção muito baixos, pelo que foi considerado um “fraco positivo” para o vírus.
Mas a verdade é que não haverá motivos para preocupações acrescidas, caso tenha em casa um animal de estimação.
coronavírus em animais: sem alarme
Os especialistas comentam com cautela a situação, mas avançam para um cenário de “nada de pânicos” no que concerne ao coronavírus em animais. Afirmam que um animal com “fraco positivo” dificilmente vai contrair a doença ou infectar um humano.
Do lado deles têm a experiência com o surto do SARS em 2003, uma epidemia de pneumonia aguda grave, que chegou a infectar cães e gatos, mas de forma muito leve. Nenhum ficou doente e nunca houve qualquer evidência científica de que o vírus tivesse feito o caminho contrário, isto é, fizesse a contaminação de animal-para-humano.
Mas o COVID-19 não é o SARS e ainda está sob investigação. Como a saúde animal e humana estão muitas vezes interligadas, existem recomendações das autoridades e instituições como a Organização Mundial de Saúde (OMS) ou a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) que vale a pena conhecer.
Coronavírus em animais: não há evidências de contágio de animal-para-humano
A OMS e a OIE afirmam que a propagação atual do COVID-19 resulta da transmissão de humano-para-humano e que não há qualquer evidência de que os animais de estimação possam espalhar a doença. Isto significa que nada justifica a adoção de medidas que possam comprometer o seu bem-estar. Assim, esta recomendação sobre o coronavírus em animais é particularmente importante para as zonas mais afectadas, como na China, onde a epidemia deste vírus provocou uma onda de abandono e maus tratos a cães e gatos.
Não abandone nem maltrate o seu animal de estimação
Donos que fugiram das zonas mais afectadas pela doença deixaram muitos dos seus pets para trás e outros, mal informados, lançaram-nos à rua com medo da contaminação. Há ainda os que ficaram por sua conta, em quintais ou fechados em apartamentos, porque os seus donos ficaram retidos em quarentena noutros locais.
Grupos de voluntários têm recolhido animais para abrigos já sobrelotados e estão a invadir casas onde sabem que está um animal fechado. Alguns donos ausentes em quarentena, mas bons cuidadores, pediram ajuda a estes voluntários e nas redes sociais. A situação destes animais em várias localidade na China é classificada por vários grupos e associações de ajuda como muito grave.
É por isso importante frisar que não há motivos para alarme e muito menos para abandonar ou maltratar o seu animal de estimação. Até prova em contrário ele não é um veículo de doença para si ou para outros humanos e é seu dever protegê-lo.
Coronavírus em animais: o que fazer?
Reforce a sua higiene pessoal em qualquer circunstância
A abordagem falada em todos os meios de comunicação para evitar a contaminação de humano-para-humano é também a mais indicada quando falamos de contaminação de humano-para-animal: reforçar a importância da higiene pessoal. Medidas simples que incluem lavar muito bem as mãos e cobrir a boca ao tossir e espirrar, são cruciais na propagação desta ou de outras doenças respiratórias.
É dono de um animal e está doente com o COVID-19 ou em quarentena
Evite o contato com o seu animal. Isso inclui pegar-lhe ao colo, fazer-lhe festinhas, dar beijinhos ou deixá-lo lamber a sua cara. Não partilhe ou deixe que lamba os seus alimentos e restos e comida. Para tratar das suas necessidades diárias, peça a outra pessoa da casa que o faça por si.
Se não houver ninguém disponível, use uma máscara quando tem de estar muito perto do seu animal e lave sempre as mãos antes e depois de interagir com ele, reduzindo essas interações ao exclusivamente necessário. Esta lavagem frequente das mãos é importante mesmo que não esteja doente, porque o protege contra várias outras bactérias mais comuns como a salmonela. Essa sim, está comprovado que pode passar de animais-para-humanos.
O seu animal adoeceu depois de ter estado perto de uma pessoa contaminada
Não o leve ao seu veterinário nem a nenhum outro sem falar primeiro com o funcionário ou serviço de saúde pública associado a esse doente. Se não tiver como, contacte o SNS 24.
Se for a aconselhado a levar o animal ao veterinário siga as instruções que lhe derem e se o direcionarem para o seu veterinário habitual, ligue-lhe antes de lá levar o seu animal para explicar a situação. O objectivo é dar tempo à clínica para preparar uma área de isolamento adequada para receber o seu pet.
Vive numa zona em que o vírus está ativo
Proteja-se a si e o seu animal de contactos com animais estranhos. Se não for possível, lave sempre as mãos antes e depois de interagir com eles. Não há evidências de contágio de animal-para-animal, por isso o seu cão deverá poder socializar como costuma fazer habitualmente. Reforce apenas os cuidados habituais quando limpa as suas patas ou corpo depois de um passeio no exterior, antes de o devolver ao sofá ou à sua cama.
E lembre-se, o vírus está a ser investigado de forma intensiva todos os dias em vários pontos do mundo. Isso quer dizer que as informações estão a ser constantemente atualizadas à medida que novas descobertas vão sendo feitas. Não se deixe impressionar pelo alarido dos média nem das fake news nas redes sociais. Confirme sempre as precauções que deve adoptar nos sites das autoridades e entidades nacionais ou internacionais oficiais, como por exemplo o site da WHO ou da OIE.