Chás, vómitos, diarreia, medicamentos, álcool e lapsos na toma da pílula. Estes são alguns dos aspetos que podem colocar em causa a eficácia da pílula. Contudo, não podem ser analisados de forma estanque. Isto é, um copo de vinho, por si só, não corta o efeito da pílula. Esta eficácia só se perde se forem adicionadas outras variáveis. Descubra tudo sobre o assunto e evite surpresas.
Afinal, o que corta o efeito da pílula?
Antibióticos
Quando vai ao médico, deve sempre informá-lo de que está a tomar a pílula, isto porque há vários medicamentos que diminuem a eficácia da pílula, como é o caso de alguns antibióticos.
Neste sentido, caso o médico confirme que esse medicamento corta o efeito da pílula, deve tomar precauções adicionais, continuando a tomar a pílula como habitualmente nas seguintes situações:
- Se iniciou ou terminou o medicamento durante a primeira ou a segunda semana de toma da pílula, mantenha a utilização de proteção adicional durante todo o tratamento e 7 dias após ter terminado – assim, neste caso, a toma da pílula mantém-se como normalmente;
- Se iniciou ou terminou a toma do medicamento durante a terceira semana da pílula, deve manter na mesma a toma da pílula e fazer a respetiva pausa para lhe aparecer o período menstrual e, além disto, deve ter uma proteção complementar até chegar ao 7.° comprimido da próxima carteira da pílula.
Estudos recentes apontam para o facto de não existir evidência científica de que a generalidade dos antibióticos corta o efeito da pílula, exceto no caso dos indutores de enzimas, como a rimfapicina.
Métodos adicionais
Todos os restantes antibióticos não indutores, aparentemente, não interferem com a ação contracetiva da pílula. O que, por vezes, acontece é que estes alteram a flora intestinal e, ao causar diarreia numa hora próxima à da pílula, o efeito da mesma pode ficar comprometido.
Tendo isto em mente, é comum que se sugira a utilização de métodos adicionais aos da pílula na toma dos seguintes antibióticos (conforme informação das bulas):
- Amoxicilina;
- Penicilina;
- Tetraciclinas.
Os seguintes antibióticos parecem não interferir com a eficácia da pílula:
- Azitromicina;
- Claritromicina;
- Clindamicina;
- Ciprofloxacina;
- Doxiciclina;
- Fosfomicina;
- Levofloxacina;
- Metronidazol;
- Nitrofurantoína;
- Norfloxacina;
- Ofloxacina.
Se está a tomar algum anti-inflamatório (Brufen, Nimed, Benuron), pode estar descansada, pois nenhum destes componentes corta o efeito da pílula contracetiva, pelo que não necessita cuidados adicionais.
Esquecimento
Um dos maiores inconvenientes da pílula prende-se com a sua posologia diária, o que faz com que o esquecimento da mesma seja algo bastante comum. Contudo, caso o esquecimento da toma da pílula não ultrapasse as 12 horas, a eficácia da pílula mantém-se.
Ainda assim, é importante tomar o comprimido assim que se lembrar, continuando a tomar a pílula como habitualmente. Um lapso nesta situação não coloca em causa a eficácia da mesma, independentemente da semana em que ocorra o esquecimento.
No entanto, caso o esquecimento seja de mais de um comprimido e em que a falta da toma da pílula ultrapasse as 24 horas, há várias medidas de prevenção a considerar, entre as quais o uso de preservativo ou um método de contraceção de emergência, como é o caso da pílula do dia seguinte. Em caso de dúvida, pode sempre consultar o seu médico, de forma a avaliar a hipótese de uma possível gravidez.
Vómitos
Os vómitos são um caso que também não deve ser analisado de forma estanque, isto é, o vómito só corta o efeito da pílula se o mesmo ocorrer nas 3 a 4 horas seguintes relativamente à toma.
Deste modo, caso vomite no intervalo que compreenda as 4 horas seguintes à toma da pílula, deverá tomar outro comprimido, uma vez que o princípio ativo do comprimido não foi totalmente absorvido pelo organismo.
Porém, se os vómitos ocorrerem mais de 4 horas depois da toma da pílula, não será necessário tomar qualquer precaução complementar, uma vez que esta já foi absorvida pelo organismo, não comprometendo assim o efeito contracetivo.
Diarreia
Diarreias frequentes também podem cortar o efeito da pílula. Neste sentido, caso as diarreias sejam líquidas e frequentes, deve tomar nova pílula, à semelhança do que acontece na ocorrência de vómitos. Estudos comprovam que a pílula demora cerca de 4 horas para ser totalmente absorvida e, por isso, o seu efeito pode ficar comprometido se ocorrer um episódio de diarreia intensa e constante durante este período.
A toma do novo comprimido deve ser efetuado o quanto antes, até 12 horas a seguir à hora habitual da pílula. Uma vez mais, quanto mais tarde tomar, menor eficácia tem a pílula. Esta toma deve ser efetuada o quanto antes (em até 12 horas a seguir à hora habitual de toma).
Bebidas alcoólicas
Esta é outra situação que deve ser analisada cuidadosamente. Isto é, não é por beber uma cerveja ou mesmo uma caipirinha que vai colocar em causa a eficácia da pílula. Mas a verdade é que, ao beber álcool em excesso, aumenta as probabilidades de ficar mal-disposta e de vomitar, colocando assim em causa o efeito da pílula.
Por outro lado, e uma vez que a pílula deve ser tomada sempre à mesma hora, é provável que se possa atrasar na toma da mesma ou, então, esquecer-se mesmo de a tomar.
Chá de hipericão
Outro elemento que corta o efeito da pílula é o chá de hipericão, também conhecido por erva-de-são-joão. Apesar das suas vastas propriedades – tratamento de depressões, efeito analgésico e antissético, facilitador da digestão, entre outros -, este chá e produtos derivados da planta, devem ser consumidos com alguma precaução e moderação.
A verdade é que já foi comprovado que este chá e seus derivados podem interferir com contracetivos e outros medicamentos, como, por exemplo, os retrovirais.
O alerta surgiu da agência de regulamentação de medicamentos sueca, quando duas mulheres que usavam produtos de ervanária contendo hipericão, engravidaram sem o desejarem. No caso, os produtos em questão eram suplementos nutricionais para tratar depressões leves.