Muitas vezes, viajamos para destinos distantes à procura de exotismo, mas esquecemo-nos de lugares igualmente fantásticos que estão bem mais perto de nós. Passamos horas e horas num avião, mais escalas e transfers, até chegarmos bem longe mas, surpreendentemente, resistimos a entrar numa pequena aventura de umas quantas horas de carro. Como ir à Corunha, por exemplo.
Espanha é aqui ao lado e costuma estar no top 3 de países mais visitados do mundo cada ano. Não é por acaso. O país, composto por várias comunidades autónomas, tem uma diversidade riquíssima. Cada uma das regiões é única e merecedora de uma visita.
A Galiza, no nordeste, faz fronteira com Portugal nas regiões do Minho e parte de Trás-os-Montes. Esta é, talvez, a zona do nosso país vizinho que mais tem em comum connosco. Basta lembrarmo-nos da língua galega, utilizada orgulhosamente ainda hoje, tão próxima do português.
Ao contrário da costa do mediterrâneo do sul do país, a Galiza não está congestionada por turistas. Uma das suas cidades mais importantes, Corunha, continua a ser um lugar autêntico, onde a vida é tranquila. Mas animada.
Tem uma costa que se estende ao longo de grande parte da cidade. Ideal para passear sozinho ou em família, descansar na enorme praia urbana, surfar ou aproveitar para ver chegar os barcos carregados com peixe fresco do Atlântico.
O que não perder na Corunha
Um passeio ao longo do Paseo Marítimo Alcalde Francisco Vázquez dá-nos uma perspetiva incrível da herança marítima da cidade. Os destaques vão para as várias praias, a começar pelas da grande Enseada do Orzán. Perto da Playa de las Amorosas, visitamos a Casa del Hombre, um museu que combina arqueologia, história natural e Ciência.
De nome apropriado, pois esta terra era o fim do mundo Romano, o Aquarium Finisterrae recorda-nos a importância do mar para a cidade. Mais à frente, a Torre de Hércules praticamente representa a Corunha, fazendo inclusivamente parte do seu escudo. Este monumento é património mundial da UNESCO, o mais antigo farol romano existente no mundo ainda em funcionamento.
Tem quase 2000 anos! É claro que sofreu remodelações ao longo dos tempos. Mas a sua mística manteve-se. Ou não viesse o seu nome da lenda que conta como Hércules enterrou naquele lugar a cabeça do tirano gigante Gerião depois de o vencer em combate.
Outro destaque com vista para o mar, do outro lado da península, é o Castillo de San Antón, uma fortaleza do século XVI localizada numa pequena ilha e transformada em museu. Esta fortificação, juntamente com o Castillo de San Diego, no lado oposto da baía, protegia a entrada no porto.
Centro Histórico
No centro histórico da cidade medieval, os monumentos e praças dignos de ser visitados são tantos que nem vale a pena enumerá-los a todos. Como exemplo, ficam aqui apenas alguns: Iglesia de Santiago (a mais antiga igreja da cidade, séc. XII), Iglesia de Santa María del Campo, Convento de Santa Bárbara e a bonita praça com o mesmo nome, Iglesia de Las Capuchinas, Iglesia de San Nicolás, Iglesia de San Jorge, Convento de Santo Domingo.
Sem cariz religioso, o Concello da Coruña (Câmara Municipal) está na Plaza de María Pita, a principal da cidade. Bem perto está a Casa-Museo Emilia Pardo Bazán, numa mansão aristocrática do século XVIII, onde a escritora galega viveu. Parte do edifício está ocupado pela Real Academia Gallega. Numa zona vizinha, encontramos o Jardín De San Carlos, que abriga o Archivo del Reino de Galicia dentro das muralhas deste forte do século XIX.
Praias da Corunha
No outro extremo da cidade, novamente perto da Playa de Riazor, a Plaza de Pontevedra é uma das paragens obrigatórias para quem quer seguir a Ruta Picasso e percorrer as pisadas deste artista, que viveu na cidade quase 4 anos. Outro espaço verde notável é o Parque de Santa Margarita, onde podemos recuperar o fôlego… ou visitar a Casa de las Ciencias.
A Corunha não desilude enquanto cidade espanhola no capítulo da animação. Também vimos aqui para beber e comer entre as simpáticas gentes locais. As tapas são as rainhas no prato, seja de produtos da terra ou, inevitavelmente, confecionadas com os moluscos e marisco pescado no Atlântico. Para muitos, é daqui que vem o melhor marisco da Europa. Há restaurantes um pouco por toda a parte. Considere a Avenida da Marina, não longe do Paseo de la Marina, cujas fachadas de vidro deste (originalmente) bairro de pescadores valeram à Corunha o nome Ciudad de Cristal. A Calle Barrera, diz-se, também tem das melhores casas de tapas da Galiza.
A capital desta região espanhola tem de tudo para agradar a todos os viajantes. A Calle Real, por exemplo, é o paraíso para aqueles que gostam de fazer compras. O moderno centro comercial Marineda City eleva ainda mais a fasquia.
Miradouro
Nos arredores da cidade, o Parque del Monte de San Pedro é o lugar perfeito para servir de miradouro para a zona urbana mas também para ver o céu juntar-se ao mar. A relva verde complementa o cenário deste sítio, agora bastante pacífico, mas que guarda memórias de um tempo em que a situação de guerra a nível mundial, na primeira metade do século XX, levou à instalação de uma bateria de canhões no topo dos penhascos. O objetivo era proteger os barcos das forças alemãs que se abrigavam dos Aliados em terra. Mesmo com a suposta posição neutral da Espanha…
Desde a zona alta do Parque del Monte de San Pedro, podemos facilmente imaginar outros lugares para conhecer na região. Ao longo da costa este, as paisagens que nos atraem mais são aquelas que passam por povoações como Camariñas, Corcubión e Finisterra. Aliás, falando na costa, a Galiza também é conhecida pelas suas bonitas praias. Incluindo as das Ilhas Cíes, um paraíso de fina areia branca e águas transparentes para ser visitado no verão.
A nível de natureza há que realçar os parques naturais Fragas do Eume, Baixa Limia – Serra do Xurés e o Corrubedo. A não perder igualmente, a Serra de Encina de Lastra tem vistas simplesmente espetaculares onde habitam aves de rapina.
Como vê, as razões para convencer a família a fazer esta viagem de carro são muitas. Não precisamos mesmo ir longe…