Share the post "COVID-19 e o verão: poderá o calor conter o novo coronavírus?"
Com a chegada do tempo quente, surge alguma esperança relativamente à COVID-19 e o verão. Será que o novo coronavírus irá “reproduzir” o mesmo comportamento da gripe sazonal e abrandar com o calor?
É isso que os cientistas de todo o mundo estão a questionar e a tentar avaliar. Certo é que o calor irá tornar ainda mais desafiante o distanciamento e o isolamento social, colocando ainda mais pressão sobre as autoridades. Mas, afinal, o que podemos esperar da COVID-19 e o verão?
COVID-19 e o verão: será que temos razão para ansiar pelo calor?
Os epidemiologistas acreditam que o tempo quente irá ajudar a saber mais sobre este vírus e o seu comportamento. Se a epidemia de gripe sazonal costuma acabar quando o inverno chega ao fim, será que o sol e o calor também pode afetar o comportamento do novo coronavírus e travar a sua propagação?
Esta é uma das perguntas chave a que os cientistas já estão a tentar responder. Para já, aquilo que sabem e podem avançar é que os outros coronavírus (que já eram conhecidos da comunidade científica) costumam ter um padrão sazonal, com o pico durante o inverno e o desaparecimento a partir da primavera.
O que dizem, até agora, os estudos?
Esse pico costuma, de resto, coincidir com o do surto da gripe sazonal. No verão, por exemplo, há poucos registos de transmissão dos outros coronavírus. O The Guardian citou um estudo da University College London, o qual analisou amostras passadas de coronavírus como os HCoV-NL63, HCoV-OC43 e HCoV-229E.
A conclusão foi de que havia níveis elevados de infeção nos mês de fevereiro, enquanto nos meses de verão esses níveis eram muito baixos. Outras pesquisas revelaram este mesmo comportamento sazonal dos coronavírus, em climas temperados.
Porém, há que ter prudência em relação às ilações que tiramos destas investigações. Um dos autores do estudo, Rob Aldridge, alertou para o facto de que, mesmo que os níveis de transmissão da COVID-19 diminuam no verão, este cenário pode inverter-se novamente no inverno, se ainda houver uma taxa considerável de população não imune. Por essa razão, segundo Aldridge, é essencial agir agora, seguindo as recomendações das autoridades de saúde.
Por outro lado, a comunidade científica também reforça que este é um vírus completamente novo, pelo que ainda não houve tempo para a população ganhar imunidade coletiva. Assim, alguns especialistas não acreditam que a propagação da infeção dê tréguas, mesmo com as temperaturas quentes de verão.
O verão, o isolamento social e o sistema imunitário
Unânime parece ser a convicção de que o isolamento social tem muito mais efeito na contenção do vírus, do que o clima quente. Logo, o efeito do calor sobre o vírus não será suficiente para pôr fim às medidas de distanciamento social.
Ben Neuman, da Reading University, declarou ao The Guardian que, embora o vírus tenha surgido na China, com temperaturas frias, ele propagou-se e continua a propagar-se, mesmo com a chegada da primavera. Neuman sublinha que só o ser humano poderá deter este vírus.
Todavia, há outro aspeto que importa ponderar. Mesmo que os efeitos do calor do verão sobre o vírus sejam insignificantes, quais são os efeitos do verão no nosso organismo, nomeadamente no nosso sistema imunitário?
Alguns especialistas, como a imunologista Natalie Riddell, da Surrey University, afirmam que a própria chegada da primavera produz alterações no sistema imunitário. Por isso, Riddel faz parte de uma equipa que se encontra a estudar que alterações são essas e como elas variam em função da estação do ano e, mesmo, da altura do dia.
As conclusões desta pesquisa ainda não estão fechadas, mas serão da máxima importância, não só para ficar a perceber a vulnerabilidade do nosso corpo às doenças e aos vírus, durante todo o ano, como também ajudará a entender qual a época ideal para proceder à vacinação, quando houver vacina disponível, claro.