Quis o acaso, ou não, juntar 12 peculiares pessoas no mesmo comboio, numa viagem que atravessa meio continente. Quando uma delas é assassinada todas as outras são suspeitas. Todas menos uma. Hercule Poirot, detective de renome é o passageiro que resolverá o mistério do Crime no Expresso do Oriente.
Crítica de Cinema: Crime no Expresso do Oriente
O filme é realizado e protagonizado por Kenneth Branagh, que dá a vida ao muito famoso detective belga Poirot. É uma outra abordagem à personagem criada por Agatha Christie, com um Poirot mais fisicamente elegante, mais maneirento e que podia muito bem dispensar a bengala. Mas era mesmo necessário um bigode tão extravagante?!
Desenganem-se aqueles que pensam que, como eu, esta seria uma versão de Poirot muito parecida com aquela protagonizada por David Suchet em televisão. Este novo Crime no Expresso do Oriente é um inicio da nova vaga de filmes adaptados dos policiais de Agatha Christie no cinema.
Já não se fazem polícias como antigamente
Os primeiros 10 minutos do filme lembram claramente uma comédia. Um pouco de paródia a mais, a meu ver, num filme que se pedia de suspense. Exagero esse que foi corrigido no resto do filme.
Talvez os verdadeiros fãs não gostem muito das mudanças operadas neste novo Poirot. Menos cerebral e mais agitado. Um sinal dos tempos, talvez. Estamos em 2017 e o filme é uma adaptação de um livro de 1934. Mesmo assim, o filme presta uma razoável homenagem à obra de Agatha Christie.
A maior falha do filme reside na falta de conteúdo dramático de todas as personagens, sendo que as personagens de Branagh e de Depp não se incluem nesse pote. O filme, embora tenha duas horas de duração, não consegue dar o protagonismo que seria merecido aos suspeitos.
Não que a prestações do elenco de luxo tenha sido má, muito pelo contrário. Judi Dench, Penélope Cruz, Daisy Ridley, Michelle Pfeiffer, Willem Dafoe, entre outros, desempenham o seu papel de forma irrepreensível.
Mais um mistério resolvido, mas não brilhantemente
Não deixar quem vê o filme passar algum tempo com as personagens, vê-las interagir umas com as outras, numa película que se quer sobre intriga e mistério não é boa prática. E era isso que se pedia ao filme.
É um filme com bonita fotografia mas com efeitos especiais que eram muito bem dispensáveis.
Em suma, o Crime no Expresso do Oriente falha naquilo que devia ser a sua essência, que é a trama policial. O potencial está lá, com um excelente elenco que faz bem a sua parte. Mas as personagens parecem que estão proibidas de interagir umas com as outras, estando todas confinadas nas mesmas carruagens.
Não precisávamos de uma nova adaptação para o cinema. Mas a FOX resolveu fazê-lo e ao que parece a próxima aventura de Poirot será no Nilo.
Estrelas: ***
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