Instalou-se a polémica a partir do momento que se tornou do conhecimento público que empresas públicas nacionais pagam salários milionários e prémios, mesmo se tiver tido prejuízo. Ora, que critério é este? O de atribuir prémios a um gestor que com certeza, não está a desempenhar a sua tarefa da melhor forma, já que a empresa está a dar prejuízo?
Entre estas empresas falamos de Estradas de Portugal, a TAP e a Águas de Portugal, que pagam ordenados acima da média e é bem sabido as dificuldades que estão a atravessar neste momento e o buraco financeiro com que se deparam. Então porquê este comportamento?
Um administrador só deveria ser recompensado com um prémio se tivesse um bom desempenho, ou seja, ver o seu trabalho reconhecido, pois se a empresa atingiu bons resultados foi por mérito do gestor.
Segundo Filipe Barreiros, autor do livro “Responsabilidade Civil dos Administradores – Os Deveres Gerais e a Corporate Governance”, o mais revoltante em tudo isto é que estamos a falar de empresas públicas, pois no fundo estão a gerir o nosso dinheiro, de todos os contribuintes. Por este motivo deveria haver uma política mais transparente, mais responsabilização dos dirigentes, assim como responsabilidade. Aliás, estas deviam dar o exemplo às empresas privadas.
Neste sentido, alguns partidos como o BE, PCP e PP pretendem limitar salários de gestores públicos e criar regras de maior transparência no sector empresarial do Estado.
Uma das propostas é haver um maior rigor ao uso de cartões de crédito, telemóveis e viaturas por parte dos gestores públicos e um máximo de cinco membros nos conselhos de administração das empresas, assim como evitar desigualdades e remunerações muito diferentes em relação aos titulares de cargos nos serviços da administração directa do Estado, como por exemplo, um gestor público ganhar mais que o presidente da República.