Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem 47.5 milhões de pessoas com demência, sendo que 50% a 70% dos casos de demência estão associados à doença de Alzheimer. Em Portugal, estima-se que haja quase 200 mil pessoas com algum tipo de demência.
Perda de memória frequente e progressiva, confusão, alterações da personalidade, apatia e isolamento, para além de perda de capacidades para a execução das tarefas diárias podem ser alguns sintomas de demência a que convém estar atento.
Fique a saber o que é a demência e os seus diferentes tipos.
O que é a demência?
A demência não se refere a uma doença, mas a um grupo alargado de patologias de declínio cognitivo progressivo que se manifestam de diferentes formas. Ela pode provocar perda de memória, de capacidade intelectual e de raciocínio. As alterações de competências sociais e de reações emocionais normais também são características deste conjunto de doenças.
Para ter demência não é preciso ter uma idade avançada, embora ela seja mais frequente a partir dos 65 anos, sendo que, em algumas situações, pode ocorrer em indivíduos com idades entre os 40 e os 60 anos.
Tipos de demência
Doença de Alzheimer
Trata-se de uma doença progressiva, degenerativa e que afeta o cérebro. Devido a ela, as células cerebrais vão diminuindo e vão-se formando placas senis entre elas.
Deste modo, a comunicação e as conexões entre estas células ficam comprometidas, prejudicando a memória. À medida que a doença avança, vão-se perdendo várias funções e capacidades cerebrais.
Demência Vascular
Esta doença está relacionada com problemas de circulação no sangue e é o segundo tipo mais comum. Dentro da demência vascular, existem dois tipos: multienfartes cerebrais e a doença de Binswanger.
O primeiro está associada ao Acidente Vascular Cerebral, mais especificamente a pequenos enfartes cerebrais, também conhecidos como acidentes isquémicos transitórios. Menos comum, o segundo tipo é causado, sobretudo, pela hipertensão arterial, pelo estreitamento das artérias e por uma circulação sanguínea deficitária.
A demência vascular pode ter várias parecenças com a doença de Alzheimer e em algumas pessoas é mesmo possível surgir um quadro combinado destes dois tipos de demência.
Doença de Parkinson
Trata-se de uma perturbação progressiva do sistema nervoso central. Caracteriza-se por tremores, rigidez dos membros e articulações, problemas na fala, entre outros. Numa fase mais avançada da doença, algumas pessoas podem desenvolver demência.
Demência de Corpos de Lewy
Caracteriza-se pela degeneração e morte das células cerebrais. O nome está relacionado com a presença de estruturas esféricas anormais, denominadas corpos de Lewy, que se desenvolvem dentro das células cerebrais e que se pensa poderem contribuir para a morte destas.
Quem tem este problema pode ter alucinações visuais, rigidez ou tremores e a sua condição física tende a oscilar rapidamente, de hora para hora ou de dia para dia.
Demência Frontotemporal (DFT)
Este é a designação para um conjunto de demências em que se dá a degeneração de um ou de ambos os lobos cerebrais frontal ou temporais. Neste grupo, incluem-se a Demência Frontotemporal, Afasia Progressiva Não-fluente, Demência Semântica e Doença de Pick. Cerca de 50% das pessoas com DFT tem historial familiar da doença.
Doença de Huntington
Esta doença é degenerativa e hereditária, afetando o cérebro e o corpo e começando por surgir, habitualmente, entre os 30 e os 50 anos de idade. Caracteriza-se pelo declínio intelectual e por movimentos irregulares involuntários dos membros ou músculos faciais. Na maioria dos casos, a pessoa desenvolve demência.
Demência provocada pelo álcool (Síndrome de Korsakoff)
O consumo excessivo de álcool, sobretudo se estiver associado a uma dieta pobre em vitamina B1 (tiamina), pode levar a danos cerebrais irreversíveis. Esta síndrome afeta a memória, planeamento, organização e discernimento, competências sociais e equilíbrio. Tomar vitamina B1 (tiamina) pode ajudar a prevenir ou a melhorar esta condição.
Doença de Creutzfeldt-Jacob
Esta é uma perturbação cerebral fatal, mas muito rara. A sua incidência por ano é de 1 caso por cada 1 milhão de pessoas. Entre os primeiros sintomas, incluem-se falhas de memória, alterações do comportamento e falta de coordenação.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de demência deve ser feito por um médico que analise a história do doente e lhe faça um exame físico. Alguns dos exames complementares que podem ser necessários são: testes de memória e psicotécnicos; exames de sangue e urina; exames de imagem (RMN, TAC); eletroencefalograma, entre outros.
Apesar de geralmente não terem cura, a progressão das doenças relacionadas com a demência pode ser travada com fármacos que otimizam as funções cognitivas (inibidores da acetilcolinestérase ou a memantina) ou diminuem a disfunção comportamental (antidepressivos ou anti psicóticos).
Prevenção
Dependendo do tipo de demência, há algumas ações que se podem levar a cabo para evitar ou retardar o seu aparecimento.
Na Demência Vascular, é possível prevenir, por exemplo, através de uma combinação de medicamentos para evitar novos enfartes cerebrais.
No caso da doença de Alzheimer, a prevenção passa pela adoção de um estilo de vida saudável, alimentação equilibrada, exercício físico regular, controlo adequado da hipertensão arterial, entre outros.
O papel dos cuidadores
Figuras muito associadas a este tipo de patologia são os “cuidadores”, que geralmente são pessoas ligadas ao doente, como familiares. Nestes casos, é muito importante não só o apoio a quem sofre de demência, mas também ao cuidador que vive momentos de angústia e de stress.
Para dar apoio a estas pessoas, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos doentes de Alzheimer desenvolveu o Manual do Cuidador, um documento que explica, com maior detalhe, o que é a demência, as diferentes fases pelas quais o doente vai passar e quais os principais cuidados a ter.
Existe ainda a Linha de Apoio na Demência da Alzheimer Portugal (213 610 465), disponível todos os dias úteis, das 9h30 às 13h e das 14h00 às 17h.