Share the post "Depressão na adolescência: fatores de risco e sinais de alerta"
A depressão na adolescência é um grave problema de saúde que, se não for devidamente tratado, pode ter grandes implicações na vida presente e futura do adolescente. A presença de sintomas de ansiedade e depressão na adolescência são relativamente comuns, devido às especificidades desta fase do desenvolvimento.
Sendo a adolescência, habitualmente, um período conturbado do desenvolvimento, muitas vezes as perturbações depressivas são, erradamente, desvalorizadas.
Adolescência: período de transformação
A adolescência é um momento crucial na vida de qualquer pessoa, representando a passagem da infância para a idade adulta. É um período de transformação em que correm mudanças físicas, psicológicas, afetivas e sociais.
A altura caracteriza-se pela presença de conflitos internos, associados a instabilidade das emoções e das relações e, por isso, a existência de momentos de depressão está, normalmente, inerente ao processo de crescimento.
Alguns adolescentes não se sentem deprimidos, outros apresentam um humor ligeiramente abatido e outros sentem-se verdadeiramente deprimidos. São estes últimos que necessitam de um tratamento específico.
Depressão na adolescência: principais fatores de risco
Fonte: Pixabay/StockSnap
São vários os fatores de risco que contribuem para a depressão na adolescência, tais como:
Fatores genéticos
- A prevalência mais elevada de perturbações de humor parece encontrar-se nos filhos e familiares de sujeitos que sofrem deste mesmo tipo de alteração dos estados de emoção;
- A probabilidade de vir a desenvolver uma perturbação de humor aumenta consoante a proximidade de parentesco.
Outros fatores biológicos
- Alterações da estrutura cerebral;
- Desequilíbrio de substâncias químicas cerebrais denominadas neurotransmissores: a noradrenalina, a dopamina e, principalmente, a serotonina.
Fatores psicossociais
- Baixa autoestima;
- Imagem corporal negativa;
- Visão negativa de si mesmo e do futuro;
- Dificuldades de autonomia;
- Mudanças escolares;
- Bullying;
- Ter uma perturbação de aprendizagem;
- Existência de desemprego, invalidez ou doença prolongada na família;
- Tensão na relação com os pais;
- Perda de um dos pais na infância;
- Conflitos entre os pais;
- Divórcio dos pais;
- História de negligência, abuso físico ou sexual, ou outra circunstância de vida traumática;
- Ter crescido num ambiente pouco afetivo;
- Sentir falta de apoio dos pais;
- Amizades pobres com os colegas;
- Poucas relações de amizade.
Atenção aos sinais de alerta
Devemos todos estar atentos aos sintomas de depressão na adolescência:
- Sentimentos de tristeza, desespero e desamparo;
- Sentimentos de inutilidade e autocrítica;
- Sensibilidade extrema quanto ao insucesso ou fracasso;
- Ataques de choro sem motivo aparente;
- Irritabilidade, raiva e frustração;
- Diminuição do desempenho escolar;
- Absentismo escolar e falta de motivação;
- Perda de interesse e desistência das atividades em que participava até então;
- Afastamento dos amigos;
- Perda de interesse pela família;
- Queixas físicas: dores de cabeça e estômago, falta de apetite;
- Ter insónias ou dormir demasiado;
- Aparência física menos cuidada;
- Alterações no apetite que podem incluir perda de apetite e de peso ou comer demasiado e engordar;
- Comportamentos de risco: tabagismo, abuso de álcool e drogas, delinquência;
- Dificuldades de concentração, memória e em tomar decisões;
- Pensamentos frequentes sobre morte, morrer e suicídio.
Como ajudar um adolescente deprimido
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Diante de um ou mais dos sinais de alerta acima descritos, os pais devem conversar com o adolescente, de forma a entender o que este sente e avaliar qual a gravidade.
Se os sintomas se mantiverem, é crucial procurar um profissional capacitado para ajudar – como, por exemplo, um psiquiatra ou médico de família -, para que o diagnóstico de depressão na adolescência seja confirmado. É fundamental não esperar muito tempo, uma vez que os sintomas tendem a agravar-se se não forem devidamente tratados.
O médico vai, juntamente com o adolescente e a família, delinear o tratamento mais adequado e benéfico. O tratamento mais eficaz passa pela combinação da terapia farmacológica com a psicoterapia, nomeadamente a terapia cognitivo-comportamental.
Os fármacos utilizados no tratamento da depressão na adolescência incluem os antidepressivos tricíclicos, os inibidores da recaptação da serotonina e os compostos relacionados, sendo os inibidores da recaptação da serotonina a terapia de primeira linha.
Na psicoterapia terá lugar a partilha de conhecimentos com o jovem e a família, sobre as causas e sintomas da depressão, os danos que pode causar e quais as expectativas em relação ao tratamento.
O tratamento tem como finalidade principal acabar com os sintomas depressivos e melhorar o desempenho escolar, familiar, social e pessoal do adolescente.
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