Share the post "Depressão na gravidez: fatores de risco, complicações e tratamento"
A gravidez é um período da vida da mulher que envolve alterações físicas, hormonais, psicológicas e sociais que podem ter consequências ao nível da saúde mental. Idealmente, é um período de grande felicidade, contudo, não é incomum que ocorram transtornos de humor, como é o caso da depressão na gravidez.
Depressão na gravidez: tudo o que deve saber
A gravidez é um período de grandes mudanças para a mulher, que implicam a aprendizagem de tarefas relacionadas com a maternidade e que requerem a aquisição de saberes e competências associadas ao cuidado de uma criança. Todas estas mudanças podem causar um turbilhão de emoções na grávida e interferir no seu bem-estar.
Durante a gravidez, a mulher sente níveis elevados de ansiedade relacionados com as preocupações acerca do bem-estar do bebé e com o do seu próprio bem-estar. Associado a isto, também o desconforto físico da gravidez traz problemas ao nível do bem-estar físico e psicológico da mulher.
Fatores de risco
Grávidas que apresentam as seguintes características têm maior risco de desenvolver depressão na gravidez:
- História de ansiedade ou depressão prévia;
- Stress;
- Apoio social reduzido;
- Violência doméstica;
- Gravidez não desejada;
- Baixo nível de escolaridade;
- Abuso de substâncias/tabagismo;
- Gravidez na adolescência;
- Existência de duas ou mais doenças crónicas prévias à gravidez.
Complicações da depressão na gravidez
Uma grave depressão na gravidez pode ter profundas consequências, tanto para a grávida como para o bebé:
- Reduzido aumento de peso durante a gravidez;
- Maior probabilidade de desenvolver depressão pós-parto;
- Maior risco de parto pré-termo;
- Maior necessidade de anestesia por epidural;
- Recém-nascido com baixo peso;
- Bebés com piores desempenhos nos campos da atenção, orientação, atividade motora e expressividade facial.
Tratamento da depressão na gravidez
Muitas mulheres desvalorizam a depressão na gravidez e não partilham aquilo que estão a sentir devido ao grande estigma associado à depressão que ainda persiste na sociedade, mas também por sentirem confusão e frustração, dado que tinham uma expectativa de felicidade face à gravidez e, na realidade, sentem tristeza e irritabilidade.
Idealmente, o tratamento deve ser o mais precoce possível de forma a evitar as consequências negativas que a depressão na gravidez pode causar. A base do tratamento desta patologia passa pela disponibilidade de tempo e atenção por parte de quem acompanha a grávida, de forma a ouvir e validar os seus sentimentos.
A primeira abordagem passa por reconhecer o problema, aconselhar estilos de vida saudáveis e adequados à gestação e dar apoio. Mas, quando a patologia se mostra evidente, temos como opções a psicoterapia e farmacoterapia.
Farmacoterapia
O tratamento farmacológico da depressão tem como base os antidepressivos, no entanto, podem ser utilizadas outras medicações quando há diferentes sintomas associados como, por exemplo, sintomas de ansiedade.
Existe ainda alguma controvérsia relativamente ao risco-benefício da utilização dos psicofármacos durante a gravidez. Há falta de informação em relação ao facto da depressão por si só ter consequências nefastas para a mãe e para o bebé, mas também em relação aos possíveis efeitos negativos da medicação.
De facto, todos os fármacos têm efeitos e, quando prescritos durante a gravidez, podem afetar tanto a mãe como o bebé. Assim, quando considerada a utilização de fármacos durante a gravidez, os riscos terão de ser contrabalançados com o risco de uma depressão não tratada.
Psicoterapia
A psicoterapia é o tratamento de eleição da depressão na gravidez. Os psicoterapeutas e as grávidas trabalham em conjunto, de forma a monitorizar e modificar o pensamento, o humor e o comportamento, de forma a alcançar mudanças positivas.
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