Próxima paragem da nossa jornada: litoral de São Paulo. Supostamente no workway temos que contribuir com algumas horas de trabalho por alojamento, mas acabámos por não ajudar em quase nada, porque o Marcelo apenas dormiu lá a primeira noite e deixou-nos a tomar conta da casa dele, mais a nossa companheira de casa argentina.
Nem chave de casa tínhamos, de tão escondida que estava no meio da mata atlântica, a porta da rua ficava apenas fechada no trinco. Se alguém quisesse entrar também o podia fazer pelas janelas que não tinham vidros.

Depois de Ubatuba era altura de seguir para Ilhabela. Infelizmente, quem nos ia receber, através do couchsurfing, cancelou algumas horas antes de quando prevíamos partir. Foi um momento de refletir e pensar no que iríamos fazer. Ir para a ilha sem conhecer ninguém, nem ter nada reservado e procurar um lugar para dormir ou então ficar em Ubatuba.
Sentimos que era altura de partir. Apenas ficámos mais uma noite, pois preferimos viajar pela manhã, de modo a termos mais tempo para encontrar alojamento.

Decidimos ficar num camping ou hostel a pagar, que seria a primeira vez desde que chegámos ao Brasil em vez de tentarmos pedir para trocar trabalho por alojamento.
E como sabe bem chegar a um local desconhecido sem conhecer ninguém e sem ter nada programado!… Atravessámos o barco que é gratuito para a ilha, e isso trouxe-me a recordação dos antigos barcos que faziam a travessia Setúbal-Tróia.

Carregados com as nossas mochilas e a tenda fomos perguntando onde havia camping e hosteis. Nem 15 minutos tinham decorrido e já estávamos a montar a tenda num camping que além de nós só tinha a senhora da receção.
Como o tempo estava embrulhado e por vezes chuviscava não conseguimos sentir a verdadeira beleza da ilha. Aproveitámos para caminhar pelas praias de água transparente e fazer as trilhas até algumas cascatas que ficavam por perto. Mas o pior não foi o tempo, foram os burrachudos. Um mosquito muito pequeno, silencioso e que não se sente picar, mas passadas algumas horas é impossível não coçar…os pés e as pernas ficam carregados de borbulhas.

Como o tempo ia piorar e baixar cinco graus decidimos aproveitar para viajar para outro local. É bom viajar quando está mais fresco. Depois de termos ficado duas noites em Ilhabela, o próximo destino era Trindade, a vila mais a sul do estado do Rio de Janeiro. Trindade é uma vila hippie, um mix entre o Woodstock e o festival Boom. Parada no tempo e escondida entre a montanha e o mar, conserva um espírito tranquilo. As suas praias selvagens de águas mornas e transparentes são perfeitas para mergulhos e encontros com peixes e tartarugas.

Era o momento de retornar a Paraty e apesar de pela primeira vez na viagem sabermos o que nos esperaria, sem nos perdermos em pensamentos de onde iríamos dormir e quem nos iria receber, íamos com a certeza que ainda tínhamos muitos mistérios por descobrir nessa cidade de mil encantos. Acompanhe a nossa aventura em Puririy.
Veja também: