Elsa Santos
Elsa Santos
22 Out, 2021 - 09:45

Subemprego e desemprego: o que deve saber?

Elsa Santos

Aceitar “o que aparece” e esperar pela oportunidade certa não é uma escolha simples.. Saiba mais sobre subemprego e desemprego.

Subemprego e desemprego

Fala-se muito do desemprego como um dos grandes indicadores da precariedade em Portugal, mas de acordo com dados do INE, são muitas as pessoas em situação de subemprego e os valores não deixam de ser preocupantes.

Subemprego e desemprego: o que deve saber? Que razões justificam a escolha de uma ou de outra situação? Quais as (des)vantagens?

Explicamos-lhe tudo sobre cada uma das situações.

Desemprego: isto é o que saber

ficar desempregado

O desemprego é sempre uma situação temida por quem trabalha e tem contas para pagar. Todos os anos, este é visto na Comunicação Social como o principal indicador da precariedade em Portugal. 

Para quem se vê involuntariamente privado da sua fonte de rendimentos, pode inscrever-se no centro de emprego e requerer o subsídio de desemprego. O valor e tempo de duração do apoio da Segurança Social é calculada de acordo com a idade e carreira contributiva do beneficiário.

Para quem pretenda criar o seu projeto de emprego, pode requerer o pagamento do valor total num montante único.

Já quem não reúne as condições necessárias para beneficiar do subsídio de desemprego, pode requerer o subsídio social de desemprego.

Relevante é lembrar, ainda, que todos os desempregados inscritos no centro de emprego, beneficiários do apoio da Segurança Social, devem respeitar uma lista de deveres, sob pena de verem a inscrição anulada e, consequentemente, cortado o subsídio.

Se para uns é sinónimo de uma fase muito difícil, para outros é uma oportunidade de se reinventar ou avançar com outros projetos. As prestações de desemprego – subsídio de desemprego e subsídio social de desemprego inicial) têm como principal objetivo colmatar a perda de rendimentos durante o tempo em que o beneficiário prepara o seu reingresso no mercado de trabalho.

O que é o subemprego?

Uma pessoa em situação de subemprego é alguém que declara pretender trabalhar mais horas, receber mais e trabalhar na sua área de formação com o devido reconhecimento. Em Portugal há milhares de trabalhadores nestas circunstâncias.

De acordo com dados do INE, já em 2015 havia mais de 293 mil pessoas em Portugal nesta situação. Os dados de 2016 davam já conta de uma diminuição — no segundo trimestre de 2016, 225 mil pessoas afirmavam trabalhar em part-time com vontade e possibilidade de fazer um horário completo.

A incidência recai, sobretudo, numa faixa etária dos 15 aos 24 anos. Porém, existem também pessoas com idades, nomeadamente, acima dos 50 que por verem dificultado o seu regresso ao mercado de trabalho nas funções que desempenhavam antes do desemprego, integram as estatísticas do subemprego 

O fenómeno do subemprego invisível — um conceito definido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) como a situação das pessoas que trabalham em posições em que as suas capacidades não são utilizadas adequadamente.

Significa, portanto, que a pessoa em subemprego tem qualificações desadequadas ao trabalho que desempenha (por exemplo, um licenciado a trabalhar numa caixa de supermercado). Este cenário representa, assim, uma subutilização da mão-de-obra.

Os indivíduos afetados por esta situação, tal como aqueles que se encontram subempregados, estão disponíveis para trabalhar mais e melhor e representam, assim, uma subutilização da mão-de-obra.

Consequências de estar numa situação de subemprego

O subemprego é habitualmente encarado pelos profissionais como uma situação de cariz involuntário, muito pouco ou satisfatória. Daí, entre as consequências de trabalhar nesta situação, estão:

  • Insatisfação e revolta
  • Desmotivação
  • Pouca produtividade
  • Procura constante por outras oportunidades
  • Acumulação de duas atividades ou mais, a fim de aumentar os rendimentos mensais.

SUBEMPREGO OU DESEMPREGO: Qual o pior cenário?

Por qual optar? A resposta nem sempre é fácil e depende de cada caso.

Claro que se está a receber subsídio de desemprego, pode beneficiar desse apoio enquanto coloca em prática o seu Plano Pessoal de Emprego, com o objetivo de regressar ao mercado de trabalho nas condições desejáveis e adequadas ao seu perfil. Essa será a melhor opção, pois terá a oportunidade de colmatar necessidades a nível de competências ou outras

Porém, em caso de não poder beneficiar do apoio da Segurança Social e tem contas para pagar, pode ver-se obrigado a aceitar o subemprego como resposta.

Avalie e decida.

Pandemia, subemprego e desemprego

Com a pandemia e uma crise económica e social sem precedentes, a taxa de desemprego ganhou um destaque ainda mais maior. Um ano após o primeiro caso identificado em território nacional, havia 432.851 pessoas inscritas nos centros de emprego. Só recuando a 2017 encontrávamos uma situação semelhante.

Porém, no verão de 2021 os números recuaram 2,5% (73,5 mil) face ao ano anterior.

Na origem das oscilações da taxa de desemprego podem estar fatores como o subemprego.

Em fase de desconfinamento e mesmo antes, os confinamentos e limitações impostas a alguns setores de atividade, nalguns casos, a redução de recursos humanos ou mesmo o encerramento de algumas empresas, muitos portugueses ter-se-ão visto obrigados a procurar alternativas para sobreviver, mesmo que fora da sua área profissional e das condições mínimas desejáveis (e justas).

A pandemia da COVID-19 terá estado, pois, na base, não só de um aumento da taxa de desemprego, assim como de subemprego.

COMO CONTORNAR A INSATISFAÇÃO LABORAL?

Na tentativa de contornar a insatisfação laboral gerada por uma situação de subemprego, seguem-se algumas medidas importantes a considerar

  • Encare a situação como temporária e mantenha o pensamento positivo;
  • Independentemente do que fizer, tire o melhor partido de cada experiência pode abrir-lhe outras portas;
  • Mantenha o foco nos seus objetivos profissionais e de carreira;
  • Conheça os seus direitos;
  • Mantenha o contacto com amigos, familiares, assim como grupos ligados à sua área de interesse;
  • Marque presença online, nomeadamente no LinkedIn;
  • Mantenha-se atento às oportunidades de trabalho dentro da sua área;
  • Responda a ofertas de emprego, inscreva-se em plataformas online de emprego (nacionais e estrangeiras) e apresente candidaturas espontâneas;
  • Aposte em formação;
  • Se tem espírito empreendedor, perceba se é o momento de avançar com o seu próprio negócio
  • Considere a possibilidade de emigrar. Em algumas áreas profissionais, consegue emprego num outro país da União Europeia, ou outro, sem dificuldades e com melhores condições;
  • Cuide de si. É importante que se mantenha saudável e capaz de encarar os desafios.

Em suma, a principal mensagem a reter é conhecer os seus direitos, encarar o momento da melhor maneira possível, sem desmotivar, e manter o foco nos seus objetivos.

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