Pedro Andersson
Pedro Andersson
10 Jan, 2018 - 12:17

Devo regressar à EDP antiga?

Pedro Andersson

Não mude só por mudar, nem fique onde está só porque não quer ter trabalho. Descubra se vale a pena mudar de fornecedor de energia.

Devo regressar à EDP antiga?

Acho que a EDP Comercial poderá ter cometido um erro de Marketing ou de comunicação que lhe poderá sair caro. A ver vamos.

A maior parte dos portugueses que já saíram do mercado regulado (a EDP “antiga”) foi para a EDP “nova” (a EDP Comercial). Tem 4 milhões de clientes.

Foi-nos dito a todos que tínhamos de sair muito rapidamente para o mercado liberalizado porque a EDP Serviço Universal ia acabar e tinha mesmo de ser.

É verdade que havia mais empresas para onde mudar, mas o pessoal optou por mudar para aquilo que lhe era mais familiar e que lhes oferecia mais confiança.

A regra que nos “venderam” é que no mercado liberalizado ia ser sempre mais barato que no regulado, por isso é que íamos mudar. Era só vantagens (e descontos). E assim foi.

Valerá a pena regressar ao mercado regulado?

Então mas agora baixa no outro lado e a minha fatura aumenta?

Acho que a ficha caiu agora a milhares de clientes de eletricidade quando (para surpresa minha também) a EDP Comercial decidiu aumentar os preços em 2,5% enquanto no mercado regulado baixou 0,2%. É uma descida minúscula, mas é uma descida.

Perante isto, o que é que começo a ouvir de todo o lado? Que muitos vão regressar ao mercado regulado – à EDP Serviço Universal. Porque a lei foi alterada e agora já é possível fazer isso sob algumas condições.

Mas a minha pergunta é: querem voltar para a EDP Serviço Universal para quê? Lá por ter baixado 0,2% não quer dizer que a eletricidade seja mais barata que na EDP Comercial, apesar do aumento de 2,5%. Porque já estava mais barata antes. Estão a acompanhar o raciocínio?

Exemplificando: se um litro de leite custa 50 cêntimos num hiper e no outro ao lado custa 40 cêntimos e este mais barato anuncia que vai aumentar o leite em 2,5 cêntimos (passa a custar 42,5 cêntimos) e o outro decide baixar para 49 cêntimos vamos todos a correr para este último que continua a ser o mais caro? Qual é a lógica disto?

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Na minha opinião, o que a EDP Comercial fez foi uma coisa muito simples e grave: quebrou a relação de confiança que tinha com os clientes. Se a eletricidade baixa no mercado regulado, como é possível ela aumentar no liberalizado? E logo a marca “irmã” da EDP Serviço Universal?

Ou seja, ficamos todos a perceber que as empresas fazem os preços que querem sem terem de justificar a ninguém como formam os preços.

A concorrência está a reagir baixando também os preços ou no mínimo, mantendo os mesmos valores, em contraciclo com a EDP Comercial. Algumas empresas já disseram que vão ter os mesmos preços da tarifa regulada se os clientes quiserem.

Mas volto a perguntar: porque razão alguém quererá pagar mais pelo mesmo serviço que tem, se o pode ter mais barato? Não percebo essa lógica. Mas há milhares de pessoas a pensar que se baixou “do outro lado” é porque é mais barato. Não! É verdade que baixou, mas continua a ser mais caro do que o que tem agora.

Então vou para onde?

Só há uma maneira de saber. É olhar para a sua fatura. Tem de apontar numa folha de papel 3 valores:

  • A sua potência contratada;
  • Quanto está a pagar por essa potência contratada por dia;
  • E o preço do kWh.

Com esses dados da sua fatura mais recente vai comparar com a tarifa da EDP SU (Serviço Universal) para avaliar se deve regressar à EDP “antiga” ou não.

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Por exemplo, na EDP SU em 2018, a potência contratada para 3,45 kVa é de 0,1621 € e a energia (kWh) é de 0,1652 €. Quais são os valores que aparecem na sua fatura? São mais baixos ou mais altos? Há casos em que é mais baixo e casos em que é mais alto. Tem de ver qual é a sua situação.

Se tem mais baixo (não se esqueça de calcular os descontos que a sua empresa lhe dá), vai mudar para quê? Deve é mudar (se a perspetiva financeira é importante para si) para outra empresa que faz mais barato. Já que é para mudar porque é que vai mudar para mais caro?

Procure na internet os tarifários de duas ou 3 empresas em quem está disposto a confiar ou telefone e pergunte estas 2 coisas: o preço em cêntimos (com as 4 casas decimais) da potência contratada e o preço do kWh após todos os descontos.

Não vá na conversa das percentagens. O que interessa é o valor final das categorias que referi. São esses valores que vai comparar com os que anotou no folha que mencionei no início, da sua fatura. Se for mais baixo nas duas categorias, avalie mudar. Se os valores não forem mais baixos é porque está muito bem onde está.

Mas não mude só por mudar, nem fique onde está só porque não quer ter trabalho. Está a perder dinheiro. E nós em 2018 queremos é ter mais dinheiro na carteira, certo?

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