Se a inflação, o aumento dos combustíveis e a subida das taxas de juro já obrigam a repensar o orçamento, que tal fazer do Dia Mundial da Poupança, que se assinala no último dia de outubro, o primeiro dia de uma vida com menos gastos?
Os hábitos de poupança não deviam existir apenas em alturas de maior aperto financeiro, mas os tempos que vivemos não deixam muita margem para escolher. Com a inflação, as taxas de juro dos créditos habitação a aumentar e as faturas da energia e dos combustíveis mais altas, gastar menos é a única solução para conseguir fazer face às despesas. Até porque o contexto é de incerteza e a possibilidade de uma recessão não está posta de parte.
Esta é também uma boa data para olhar para os seus gastos, cortar nas despesas e começar a pôr algum dinheiro de lado. Porque, afinal, poupar não é só gastar menos. É também uma forma de preparar o futuro.
Como surgiu o Dia Mundial da Poupança?
A ideia de instituir uma data dedicada à poupança surgiu há quase 100 anos. Em 1924, o Primeiro Congresso Internacional de Economia reuniu, em Itália, 354 delegados de 7.000 sucursais de bancos de 27 países. Nesse encontro, o professor Filippo Ravizza determinou que no último dia de outubro de cada ano se lembraria a poupança.
O objetivo era alertar a população para a importância e necessidade de poupar dinheiro. Uma ideia que nunca passou de moda e que, no contexto atual, ganha ainda mais relevância.
O Dia Mundial da Poupança celebra-se uma vez por ano, mas poupar é um trabalho diário. Veja algumas dicas para que este dia se multiplique durante todo o ano. E para que o seu dinheiro também pareça multiplicar-se, apesar do contexto menos favorável.
Dia Mundial da Poupança: 13 dicas essenciais
Neste Dia Mundial da Poupança tome 13 resoluções que vão fazer com que o fim do mês não pareça tão distante e que podem ajudar a lidar melhor com estes tempos de incerteza económica.
Analise o orçamento familiar
Acha que sabe quanto gasta por dia, por semana ou por mês? Pense melhor, porque é possível que esteja a esquecer pequenas despesas que podem estar a minar as suas contas.
Anote todos os seus gastos e, uma vez por semana, guarde 15 minutos para analisar as suas contas, as despesas e fazer os ajustes necessários. Se precisar de ter dados concretos, use este simulador de orçamento familiar para perceber como está a gastar o seu dinheiro.
Viva abaixo das suas possibilidades
Sim, a ideia é mesmo essa. Viver como se tivesse menos rendimentos do que os que efetivamente tem.
Não importa se ganha 750€, 1500€ ou 6500€ por mês. A regra vale para todos: gaste menos do que ganha, porque pode surgir um imprevisto. Neste Dia Mundial da Poupança, o mote é mesmo repensar gastos e reorganizar a vida financeira.
Nas suas contas mensais, as despesas com créditos não devem ultrapassar um terço do seu rendimento. Procure reservar pelo menos 10% para uma poupança, sendo que o restante terá de cobrir gastos com alimentação, despesas da casa, combustíveis, transportes e lazer.
Esta gestão deve ser rigorosa, privilegiando os gastos essenciais e reduzindo a percentagem de tudo o que é supérfluo.
Privilegie as compras online
Quantas vezes já saiu do supermercado com o carrinho demasiado cheio e a carteira mais vazia do que esperava?
Para evitar que isto volte a acontecer, reduza as suas idas às compras e opte por comprar online. Ver o valor do carrinho a aumentar funciona como um travão no seu ímpeto consumista. Além disso, evita passar pelos corredores cheio de tentações que não fazem bem ao orçamento nem à saúde.
Atenção ao desperdício!
Seja mais comedido nos seus gastos e evite o desperdício de comida, de energia, de água, de combustível, de papel e outros.
Ao obrigar-se a ter esta consciência, vai imediatamente perceber a quantidade de recursos que tem desperdiçado.
Comprar e gastar apenas o que precisa, gerir os consumos e reaproveitar são formas de reduzir o desperdício e de aumentar a poupança.
A velha dica de desligar o que não usa (luz, eletrodomésticos, água, etc.) é cada vez mais atual. A sua carteira e o planeta agradecem essa atenção.
Faça planos
Planear ajuda a poupar. Prepare uma lista de compras antes de sair para o supermercado, planeie as refeições semanais e as deslocações para o trabalho ou para a escola.
Faça uma lista de despesas mensais com todas as entradas e saídas de dinheiro e faça planos, por escrito, para o futuro. Esta é uma forma de ter o objetivo em mente.
Está a planear as férias do próximo ano? Escreva esse objetivo e vá registando todas as poupanças que vai conseguindo. Experimente fazer uma tabela com o registo do valor que já conseguiu amealhar e vai ver que consegue alcançar essa meta mais depressa.
Destralhar é a palavra de ordem
Sim, também nas finanças é preciso destralhar! Quantas despesas mensais são perfeitamente dispensáveis? Pense bem! Quotas de associações que não frequenta? A mensalidade de um telefone fixo que não usa? Um canal de streaming que raramente vê? A inscrição num ginásio que não frequenta? As refeições fora quando pode almoçar ou jantar em casa?
Faça uma lista de tudo o que está a mais e corte. Organize a sua vida financeira e verá que consegue poupar muito dinheiro.
Cuidado com os cupões e promoções
Claro que vai conseguir poupar muito dinheiro se fizer uso dos cupões, cartões ou promoções que as lojas disponibilizam. Contudo, apenas se fizer um controlo apertado aos preços que cada uma pratica.
Analise os preços para perceber se aquela promoção é assim tão boa ou se, para conseguir um desconto, não vai gastar mais do que deve.
As promoções são, muitas vezes, uma tentação para comprar mais do que precisa. Com a ideia de aproveitar um preço baixo pode estar, na realidade, a desperdiçar dinheiro ou, até, comida.
Evite os cartões de crédito
Não gaste por conta. É tão simples quanto isto: se não tem dinheiro, não compre.
Recorrer aos cartões de crédito para pagar despesas que não consegue suportar ou para tentar “esticar” o mês não é uma boa solução, até porque os juros vão tornar as suas compras mais caras.
Fazer créditos para pagar dívidas também não é uma boa ideia. Não corra o risco de entrar numa espiral de endividamento da qual será muito difícil sair.
Faça um PPR
Use a percentagem do seu orçamento que é dedicada à poupança para subscrever um Plano Poupança Reforma. O ideal é que comece desde cedo a pensar nisso, porque só assim garante uma vida mais tranquila quando deixar de trabalhar.
Se, a partir dos 25 anos, começar a poupar 75€ por mês , quando chegar à idade da reforma terá um pé-de-meia superior a 36.900€ – sem contar com juros!
Crie um fundo de emergência
O que acontece se o carro avariar? Ou se perder o emprego? Ninguém quer pensar no pior, mas é preciso precaver momentos em que as despesas podem aumentar ou os rendimentos descer.
Assim, aproveite este Dia Mundial da Poupança para começar a construir o seu fundo de emergência.
Quando receber o ordenado, retire uma parte e coloque numa conta separada. A ideia é ir criando uma almofada financeira que corresponda a alguns meses de despesas para fazer face a dias mais complicados a nível financeiro.
Crie riqueza com as suas poupanças
Depois de constituir o seu fundo de emergência, comece a pensar noutras formas de rentabilizar o seu esforço de poupança. Os Certificados de Aforro são uma boa opção neste momento, sobretudo se tiver um perfil mais conservador. Fundos de investimento, seguros de capitalização ou mesmo fundos PPR são opções para investidores mais arrojados.
Lembre-se que, para assegurar um futuro financeiro estável e despreocupado, não basta poupar. É preciso também gerar riqueza.
Comparar antes de comprar
A ideia aplica-se a todas as compras, grandes ou pequenas: o que inclui os contratos de eletricidade, telecomunicações ou seguros. Existem várias plataformas que permitem comparar preços e, por exemplo no caso da energia, um simulador que pode usar para encontrar uma oferta mais vantajosa.
Lembre-se: o facto de uma empresa dizer que pratica o melhor preço ou que determinada promoção é imperdível não significa que seja verdade. Por isso, compare antes de decidir.
Precisa mesmo disso?
Poupar não significa que se prive de todos os prazeres da vida, mas há compras por impulso que vão ter um efeito negativo no seu orçamento.
A dica é perguntar se precisa mesmo do que vai comprar. Se tiver dúvidas, provavelmente não precisa. Dê mais uma volta na loja ou adie essa compra e, provavelmente, chegará à conclusão de que ia gastar dinheiro desnecessariamente.