A leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar em um lugar. Foi assim que José Saramago, o único Prémio Nobel da Literatura português definiu o ato de ler. Pegar num livro, mergulhar em personagens, lugares e ambientes, sentir amor e ódio, cheiros e sabores, rir, chorar ou indignar-se, são apenas algumas das dimensões para onde um livro nos pode transportar.
Dia Mundial do Livro: a aventura de ler
Ler é uma atividade solitária, muitas vezes de resistência à voragem dos tempos modernos. No Dia Mundial do Livro, homenageamos um objeto que está por todo o lado, mas ao qual não se dá a atenção devida. Como dizia Oscar Wilde, não existem livros morais ou imorais. Os livros ou são bem escritos ou não.
Assim, sendo, deixamos aqui uma lista de cinco livros escolhidos aleatoriamente e que são, como é óbvio, uma mera escolha individual, sem qualquer pretensão crítica. A forma como um livro nos toca é íntima, e uma obra de arte em determinadas mãos, será literatura de cordel noutras. Por isso, aqui ficam as cinco sugestões do E-Konomista.
Cem anos de solidão
A obra-prima de Gabriel Garcia Marquez foi publicada em 1967 e é um marca da literatura latino-americana. O livro dá a conhecer a trajetória da família Buendía, desde a fundação da fictícia povoação de Mocondo, até à sexta geração. É uma metáfora sobre o isolamento e a esperança na América Latina. Afinal, como diz o autor, “o coronel Aureliano Buendía promoveu 32 revoluções armadas e perdeu todas”.
A sombra do vento
Da autoria de Carlos Ruiz Zafón, esta obra trata um mistério passado na Barcelona da primeira metade do Século XX. Numa manhã, um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso, o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, o jovem encontra um livro maldito que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona. Uma história envolvente e que agarra o ator desde a primeira página.
A Estrada
Cormac Mccarthy é um dos mais importantes escritores vivos. E isto não é uma opinião, é um facto. Um pai e um filho caminham sozinhos pela América. Nada se move na paisagem devastada, excepto a cinza no vento. O frio é tanto que é capaz de rachar as pedras. O céu está escuro e a neve, quando cai, é cinzenta. O seu destino é a costa, embora não saibam o que os espera, ou se algo os espera. Nada possuem, apenas uma pistola para se defenderem dos bandidos que assaltam a estrada, as roupas que trazem vestidas, comida que vão encontrando – e um ao outro. Inesquecível
Os Maias
Eça de Queiroz é o mais celebrado romancista português. E com toda a razão. A sua obra maior é definitivamente Os Maias, um monumental fresco sobre a sociedade portuguesa da segunda metade do século XIX. As personagens são notáveis, o enredo perfeito, o desenlace inesperado. Pelo meio, Eça vai dando corpo a uma galeria impressionante, com uma escrita acutilante e que ainda hoje conquista muitos entusiastas. É o único livro português presente na prestigiada coleção Penguin Classics. A história gira em torno da família Maia, rica e poderosa, e das tragédias que lhe estão associadas.
Antes que anoiteça
Este relato autobiográfico de Reinaldo Arenas é de uma crueza rara. Entusiasta dos inícios da revolução cubana, Arenas rapidamente se desencantou com o rumo traçado por Fidel Castro e restantes companheiros, transformando-se num opositor ao regime. Escritor e homossexual, foi perseguido e sofreu na carne as privações e torturas das prisões políticas cubanas. Acabou por conseguir fugir, exilando-se nos Estados Unidos da América. Uma leitura que não deixa ninguém indiferente.
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