Share the post "Diástase abdominal depois da gravidez: como tratar este incómodo?"
Durante a gravidez, o aumento do peso e das dimensões do útero influenciam a morfologia do tronco na mulher e provocam alterações substanciais nos músculos abdominais, que se estendem também ao período do pós-parto. Um dos músculos que sofre grandes alterações é o reto abdominal, daí que seja tão importante conhecer um pouco mais acerca da diástase abdominal.
Diástase abdominal: o que é?
A diástase abdominal corresponde ao aumento da distância horizontal entre os bordos internos dos músculos retos do abdómen. É uma situação que ocorre na gravidez (sendo mais evidente no último trimestre de gravidez), devido à necessidade de acomodar o bebé na barriga, sendo também uma condição no pós-parto imediato.
Assim sendo, corresponde à separação entre o lado direito e esquerdo do reto abdominal, que são os músculos que fazem a cobertura da região abdominal anterior (parte da frente da barriga).
Esta separação dos músculos retos do abdómen pode variar entre 2 a 3 cm de largura, estendendo-se longitudinalmente 12 a 25 cm ao longo da região do umbigo.
A diástase abdominal pode comprometer todas ou parte das funções da parede abdominal, nomeadamente a estabilidade do tronco, a manutenção da postura, a respiração, a mobilidade do tronco e a estabilidade da bacia.
Como vimos, esta condição desenvolve-se durante a gravidez, pela pressão causada pelo crescimento do bebé, sendo maior o risco quanto maior o número de bebés na mesma gravidez e o número de gestações, tendo em conta que a zona abdominal tem de distender várias vezes.
Frequentemente, a diástase do reto mantém-se após o parto, habitualmente desaparecendo ao longo dos primeiros meses. Todavia, pode não desaparecer por completo, podendo causar desconforto físico e estético.
De forma habitual, o diagnóstico de diástase abdominal é relativamente simples de realizar através de um exame físico em que se mede a distância entre os músculos retos, solicitando à paciente que, em repouso, contraia de forma voluntária a parede abdominal.
Esta condição pode ser identificada através da presença de uma saliência que se estende pela linha média do abdómen, desde o osso no centro do peito, na parte superior do abdómen, pelo umbigo, até ao osso púbico.
Nas situações que implicam maior esforço esta saliência pode tornar-se mais proeminente, desaparecendo quando os músculos estão relaxados. Mulheres que apresentam esta condição podem ainda apresentar dor lombar ou pélvica, devido à falta de estabilidade garantida pelos músculos abdominais.
Fatores de risco e possíveis complicações
As possíveis complicações da diástase abdominal incluem a alteração da estabilidade da cintura pélvica, da mobilidade e da postura global, bem como surgimento de dor lombar, dor pélvica, disfunção do pavimento pélvico e hérnia abdominal.
A explicação para o surgimento da diástase abdominal tem sido atribuída a vários fatores. Veja de seguida.
a) Alterações hormonais que, associadas à sobrecarga mecânica que ocorre devido ao crescimento uterino, tendem a fragilizar o tecido conjuntivo na região da linha alba.
b) Multiparidade.
c) Gestação gemelar.
d) Mulheres com excesso de peso ou com reduzido tónus muscular.
e) Estiramento da parede abdominal.
f) Aumento da pressão intra-abdominal, como ocorre durante a gravidez e nos casos de obesidade.
g) Bebé com alto peso ao nascer.
Prevenção e tratamento
Importa apostar na prevenção, previamente à gravidez. Uma importante forma de prevenção passa por fazer reforço dos músculos abdominais (especialmente os oblíquos e transversos) e do pavimento pélvico. É importante que estes exercícios sejam monitorizados por um profissional qualificado, assegurando que os exercícios abdominais são corretamente realizados.
Já durante a gravidez, importa que a grávida tenha em atenção a forma como se levanta da cama. A gestante deverá passar para a posição de sentada com um movimento lateral de rolar, evitando usar os músculos anteriores do abdómen.
Outras medidas preventivas importantes passam pela realização de exercícios de fortalecimento muscular durante a gravidez, controlo adequado do peso corporal, adoção de uma alimentação saudável, rica em proteínas.
Felizmente, na maioria das mulheres, a diástase abdominal resolve-se entre 6 semanas e 3 meses após o parto, de forma espontânea. Todavia, pode persistir por mais tempo, necessitando de tratamento. Para tal, é importante que a mulher converse com o médico que a acompanha de forma a confirmar o diagnóstico e receber o melhor aconselhamento.
No pós-parto, o tratamento da diástase abdominal, pode englobar certos exercícios, fisioterapia ou cirurgia.
Exercícios
Comummente, a primeira abordagem passa por realizar determinados exercícios específicos com o objetivo de tentar aproximar as duas partes do reto abdominal, bem como reforçar outros músculos estabilizadores desta região, como os músculos transversos e os músculos do soalho pélvico. Para além do trabalho muscular específico também devem ser dadas indicações sobre quais os exercícios aeróbicos mais adequados.
Fisioterapia
O médico pode igualmente entender encaminhar para tratamento de fisioterapia, para que seja instituído um programa mais específico de reabilitação quer do abdómen, quer do pavimento pélvico.
Cirurgia
A cirurgia da diástase do reto abdominal é a última abordagem e pode ser justificada pelas alterações estéticas e pela dor/desconforto. Esta abordagem está reservada apenas para casos mais graves e tem como objetivo remover uma parte da linha que se situa entre os músculos retos abdominais e reaproximar os bordos dos músculos.