Share the post "Caminho de Santiago de bicicleta: 10 dicas para quem vai a pedalar"
A realização do Caminho de Santiago de bicicleta é uma experiência fantástica para quem gosta de aliar a atividade física ao turismo cultural e ecológico.
E são muitos os que, mesmo não sendo católicos ou religiosos, sentem o apelo deste desafio, que envolve também uma componente espiritual. Diz quem fez, que a experiência fica marcada de forma positiva para toda a vida.
Se está com vontade de se fazer à estrada, veja de seguida quais os percursos e as variantes do Caminho Português (existem ainda outros Caminhos, que começam em França ou em Espanha), bem como outras informações úteis para que a sua peregrinação corra sobre rodas.
Mas antes disso, saiba ainda que é difícil dizer-lhe quantos dias demora a fazer o caminho, seja a partir de Lisboa, a partir do Porto ou de outra localidade: deverá ser a sua condição física a ditar em quantas etapas irá dividir a aventura, tendo em conta de que poderá haver imprevistos, nomeadamente meteorológicos.
10 dicas para fazer o Caminho de Santiago de bicicleta
Avalie a sua forma física
Se não costuma pedalar de forma habitual, mas tem o desejo de percorrer o Caminho de Santiago de bicicleta, é bom que faça alguns treinos antes. No ginásio, fale com o seu professor ou personal trainer e estabeleçam alguns exercícios tendo em conta a sua preparação para este desafio.
Fale com pessoas que já levaram a cabo esta experiência e inclusivamente com o seu médico. Saber quais são os seus pontos fracos ou limitações a nível físico é essencial para poder planear a viagem de forma a alcançar a meta com sucesso.
Escolha o percurso
A partir de Lisboa, o Caminho está razoavelmente bem assinalado, ainda que seja mais habitual os peregrinos partirem do Porto ou do Minho. Na verdade, existem três variantes do Caminho Português.
O Caminho Português Central começa em Lisboa, passa pelo Porto e atravessa o Minho; o Caminho Português da Costa deriva do Caminho Central a partir de São Pedro de Rates, na Póvoa de Varzim, percorrendo a costa portuguesa e a galega; e o Caminho Português do Interior tem início em Viseu, atravessando Trás-os-Montes e o interior da Galiza.
Exemplo de um plano de etapas Lisboa – Porto:
- 1. Lisboa – Alhandra (33kms)
- 2. Alhandra – Azambuja (24 kms)
- 3. Azambuja – Santarém (32 kms)
- 4. Santarém – Golegã (30 kms)
- 5. Golegã – Tomar (22 kms)
- 6. Tomar – Alvaiázere (32 kms)
- 7. Alvaiázere – Rabaçal (33 kms)
- 8. Rabaçal – Carnache (19 kms)
- 9. Carnache – Mealhada (39 kms)
- 10. Mealhada – Águeda (31 kms)
- 11. Águeda – Albergaria-a-Velha (20 kms)
- 12. Albergaria-a-Velha – Oliveira de Azeméis (23 kms)
- 13. Oliveira de Azeméis – Grijó (33 kms)
- 14. Grijó – Porto (23 kms)
Exemplo de um plano de etapas Porto – Santiago:
- 1. Porto – Barcelos (56 kms)
- 2. Barcelos – Ponte de Lima (33kms)
- 3. Ponte de Lima – Valença (38 kms)
- 4. Valença – Pontevedra (56 kms)
- 5. Pontevedra – Padron (40 km)
- 6. Padron – Santiago de Compostela (22 km)
Decida a época do ano
Ainda que possa fazer-se ao caminho a qualquer altura, a melhor época do ano para fazer este percurso é durante a primavera, pois as temperaturas amenas ajudam a uma viagem com a bagagem mais leve e não são expectáveis grandes percalços. Além disso, a paisagem estará bem mais atraente para poder admirar e registar os melhores momentos.
Saiba, no entanto, que o dia mais importante do culto a Santiago é o dia 25 de julho, já em pleno verão, sendo feriado na Galiza. Quando o dia 25 de julho calha a um domingo, o que acontece apenas 14 vezes por século, o ano é designado de “Xacobeo”, revestindo-se as celebrações de especial importância, com ainda mais peregrinos a chegar à cidade.
Credencial ou Passaporte do Peregrino
Tudo começa com a Credencial do Peregrino, que só é passada a quem for fazer o Caminho a pé, a cavalo ou de bicicleta. É o substituto moderno do “salvo-conduto” passado aos peregrinos na Idade Média.
Só pode ser adquirido nos locais autorizados pela Catedral de Santiago de Compostela. Irá encontrá-la, por exemplo, nas Catedrais das localidades por onde passa o Caminho, em alguns albergues e pontos de informação turística ou em Associações de Peregrinos.
A Credencial vai depois sendo carimbada nas diversas paragens ao longo do Caminho pelas instituições autorizadas para tal, como albergues ou Igrejas. Aliás, só poderá alojar-se nos albergues gratuitos com a apresentação da Credencial.
Só quem chega a Santiago de Compostela, ao Túmulo do Apóstolo, com a Credencial preenchida (tendo feito, no mínimo, os últimos 200 km em bicicleta ou os últimos 100 km a pé ou a cavalo), é que recebe a “Compostela”: o documento eclesiástico que certifica que se fez o Caminho de Santiago.
Escolha a melhor hora para pedalar
Ainda que esta escolha dependa de ciclista para ciclista ou de grupo para grupo, a verdade é que a manhã é a melhor altura do dia para pedalar. E quanto mais cedo melhor, pois haverá menos movimento nas estradas e poderá assistir ao nascer do sol: é uma experiência única. À tarde poderá aproveitar para conhecer as localidades onde vai pernoitar, associando momentos turísticos e culturais à sua aventura.
Decida o alojamento
A melhor opção são os albergues de apoio ao peregrino. São instalações simples, mas que dão resposta às necessidades básicas. Nestas instalações não se pode fazer reserva, pelo que é a ordem de chegada que determina o acesso ao alojamento, bastando apresentar a Credencial de Peregrino. Apesar de gratuitos, pode e deve deixar algum contributo monetário para ajudar à manutenção destes espaços.
O que levar na mochila
O peso da bagagem é um aspeto essencial para quem vai fazer o Caminho de Santiago de bicicleta. Tente levar apenas aquilo que é realmente necessário:
- Documentos;
- Telemóvel e carregador;
- Roupa leve (e poucas mudas – poderá ir lavando);
- Toalha leve ou de desporto para secar rapidamente;
- Pijama;
- Capa de chuva;
- Repelente;
- Protetor solar;
- Produtos de higiene pessoal (tamanho de viagem)
- Kit de primeiros socorros;
- Lanterna;
- Cadeado para a bicicleta
- Água e barritas energéticas para o primeiro dia (depois pode ir adquirindo pelo caminho)
Outros itens a equacionar
Nos albergues, a roupa de cama é escassa ou pode até não haver disponível, por isso, se quer garantir algum conforto, talvez seja sensato levar um saco-cama. Outro kit que poderá ser-lhe útil é um pequeno conjunto de reparação para a bicicleta: minibomba, câmara de ar suplente e algumas ferramentas básicas. Caso vá em grupo, divida estes objetos pelos diversos membros e assim ninguém irá sobrecarregado.
Segurança em primeiro lugar
Cumpra as regras de segurança na estrada e ainda que não seja obrigatório por lei, use sempre capacete. O uso de uma camisola ou colete retrofletores, para alguns percursos de visibilidade reduzida é igualmente essencial.
Recorra às apps mais úteis
Por último, nesta lista de dicas a pensar em quem vai fazer o Caminho de Santiago de bicicleta, falamos-lhe das apps que o podem ajudar nesta viagem de vida. A tecnologia pode ser um grande aliado neste tipo de experiência. Se tem um smartphone, faça download de algumas aplicações. Aqui ficam alguns exemplos, para que possa ir explorando e vendo as que mais lhe convém:
- miCamino
- Buen Camino de Santiago Pro
- Camino Santiago
- Caminhos de Santiago
- Guia Caminho de Santiago
- Vive el Camino
Agora que já sabe o que é preciso para fazer o Caminho de Santiago de bicicleta, resta-nos desejar-lhe um “Bom Caminho”!