15 dicas para poupar nas compras de supermercado

Acabou no início de janeiro a isenção do IVA no cabaz de 46 categorias de produtos considerados essenciais. Durante 8 meses tiveram IVA Zero.

Isto quer dizer que literalmente de um dia para o outro, milhares de produtos subiram de preço 6%. Não houve transições nem alargamento de prazos. Foi uma pequena ajuda enquanto durou.

O que lhe quero dizer nesta crónica é que, sendo verdade que os preços estão caros e que ganhamos pouco, há uma parte em que, enquanto comunicadores informados e com literacia financeira, somos responsáveis pelos nossos gastos.

Verifico que – em demasiados casos – há uma parte substancial das nossas compras que é puro desperdício. E estou a falar especificamente para pessoas e famílias que ganham acima do salário mínimo nacional. Quem ganha pouco, sabe muito bem gerir e fazer as suas compras. Em todo o caso, veja se alguma destas dicas podem ser úteis para melhorar a sua vida financeira.

15 dicas para baixar a fatura do supermercado

O primeiro ponto é, obviamente, a lista de compras. Sim, é uma dica do tempo dos nossos pais e avós. Mas se resultou durante duas gerações, não será de tentar ver se resulta no nosso caso? Só vai comprar o que realmente necessitar. Só o que está na lista e que precisa mesmo.

Fico com os cabelos em pé quando alguém diz que não tem dinheiro e vai às compras ao hipermercado como quem vai ver os “saldos” e vai enchendo o carrinho ao sabor do que vê e das promoções de coisas que não precisava realmente. É um erro clássico.

Os consumidores têm de estar super atentos ao preço dos produtos. Têm de comparar os preços entre prateleiras, marcas e entre super e hipermercados.

Numa lista semanal ou mensal de compras pode reduzir a sua despesa em algumas dezenas de euros, comprando os mesmos produtos. Uma poupança consciente de 25 euros por mês (6,25 € por semana) significa 300 euros de poupança por ano. É como se estivesse a oferecer a si próprio um dos seguros dos carros. Só por comparar preços.

Antes de comprar qualquer produto (até champôs, sabonetes e pastas dentífricas) temos de comparar os preços por litro e quilograma (kg). Esta é, aliás, a forma mais inteligente de fazer compras e devia fazer parte da nossa LITERACIA FINANCEIRA básica, que devia começar desde cedo nas escolas e nas famílias.

Muitas vezes, uma embalagem pequena é mais barata por litro ou quilo que uma grande e vice-versa.

Esta é uma dica que dá muito trabalho, mas que tem um impacto enorme nas suas finanças. É ter um inventário atualizado da sua despensa e arca frigorífica (e já agora dos medicamentos).

Quantas vezes não comprou mais um pacote de açúcar ou de farinha e ainda tinha lá dois em casa? E anote o prazo de validade. Eu tento ter uma mica colada na porta da despensa (do lado de dentro) e que atualizo sempre que entra ou sai algum produto. Antes de ir às compras, fotografo o documento. Assim, não compro coisas de que não preciso.

É óbvio que os produtos pré-embalados e já cortados e lavados são muito mais caros do que os produtos normais.

Dou-lhe como exemplo os cogumelos laminados e as saladas. Já reparou que uma embalagem de cogumelos cortados custam mais 2 ou 3 euros por quilo do que a mesma embalagem com os cogumelos inteiros? Os mesmos! Basta-me 1 minuto em casa, uma tábua de cortar e uma faca para já estar a poupar 1 euro nessa compra. Sim, dá trabalho cortar e lavar uma alface. Mas é assim uma coisa tão complicada?

Pode não gostar do que vou escrever a seguir, mas se se queixa de que não tem dinheiro e compra sacos de salada pré-embalada, não consigo acreditar que a sua situação financeira seja assim tão preocupante. Podemos é estar confortáveis com pequenos “luxos” e não queremos abdicar deles, mas isso já é outra questão. Não é uma questão financeira, mas sim de atitude perante a vida.

Esta dica é fundamental para mim. Sempre que posso, compro peixe e carne inteiros e peço para preparar e cortar como quero e depois, em casa, divido por doses.

Um salmão inteiro é mais barato por quilo e tem os mesmos lombos e postas que custariam mais 3 ou 4 euros por quilo. E ainda levo as sobras para uma massada de peixe. Tudo se aproveita.

Um frango inteiro partido e dividido, custa o mesmo que dois peitos já “limpinhos” e ainda leva o “resto” de graça.

Há produtos que pode comprar a granel com grandes descontos. Os frutos secos são um bom exemplo. Um pacotinho de 100 gramas é prático, mas custa uma pequena fortuna. Pelo mesmo preço – a granel – pode levar o dobro ou quase. E ainda poupa o planeta por usar menos plástico.

Pode achar que é coisa de “pobre”, mas tenho poupado muitos milhares de euros por usar cartões de desconto dos vários hipermercados. Cada um na família tem um. Assim, multiplico qualquer desconto por 4. É impressionante o que se pode fazer com a acumulação de descontos.

Eu tenho no telemóvel um registo dos preços “normais” de todos os produtos que compro habitualmente. Quando tenho uma dúvida sobre se é um bom preço ou não, consulto o meu “arquivo”. Tem de saber o preço normal das coisas. Sem esse esforço, vai ser facilmente enganado com falsas promoções.

Creio que não é preciso insistir neste ponto, porque a maior parte dos portugueses já percebeu que em muitos casos, são os mesmos produtos das marcas, mas com outra embalagem e com uma ou outra diferença. Se experimentar e gostar, é uma boa poupança. Não é a marca que lava os pratos ou a roupa. É o produto.

Sim, pode ser uma chatice e pode ter pouco tempo. Mas em 3 ou 4 produtos pode ter a tal poupança de 10 ou 15 euros por semana que vão fazer a diferença no seu orçamento mensal.

Quem quer poupar realmente tem de investir tempo nessa pesquisa. Cada um de nós tem de ser uma espécie de detetive dos descontos.

É cómodo ir fora de horas aos hipermercados e ter sempre estacionamento à porta, mas há muitas situações em que os melhores preços para as compras do dia a dia estão no comércio tradicional: frutarias, talhos e peixarias.

E a qualidade pode ser muito melhor. Avalie essa possibilidade. E tem a vantagem de não ser tentado com corredores e corredores de coisas que lhe vai apetecer comprar. Algumas coisas até podem ser mais caras do que nos hipermercados, mas o valor da compra final será certamente menor. E leva para casa o que realmente precisa.

Outra dica muito eficaz é fazer um planeamento semanal das refeições. Isso vai permitir-lhe comprar exatamente o que precisa, nas quantidades certas para evitar qualquer desperdício.

Não se esqueça também de aproveitar promoções “verdadeiras” para comprar em quantidade. Há investimentos que valem a pena.

E já sabe, NUNCA vá às compras com fome ou perto da hora de almoço, ou do jantar. É mais que certo que vai comprar coisas a mais sem necessidade.

Em todo o caso, e quer aplique estas sugestões ou não, o importante é ter a consciência de quanto dinheiro tem para gastar em compras sem que lhe falte dinheiro para as outras compras e despesas essenciais. Enquanto não tiver plena consciência do seu orçamento mensal real, estas estratégias serão apenas Aspirinas para a sua dor de cabeça financeira.

Poupar e gerirmos o nosso dinheiro de forma inteligente é uma atitude e não uma coisa que só fazemos quando precisamos e estamos aflitos.