Discalculia é uma perturbação da aprendizagem, tal como, por exemplo, a dislexia. Ambas influenciam o desempenho escolar, sendo que a discalculia afecta sobretudo a percepção dos conceitos matemáticos.
Estima-se que esta perturbação afeta 3 a 6% da população, apesar de haver evidências científicas que atestam que as crianças que sofrem de discalculia, por norma, têm também dislexia – entre 30 a 70% dos casos.
Discalculia: sintomas, diagnóstico e tratamento
A discalculia caracteriza-se sobretudo pela dificuldade em processar e compreender o significado dos números, assim como o cálculo e a resolução de problemas matemáticos.
Convém realçar que estas dificuldades de aprendizagem não correspondem a deficiências físicas ou mentais e não refletem a inteligência da criança.
Geralmente é detetada no início da escolaridade e deve ser acompanhada por uma intervenção adequada com a implementação de estratégias de aprendizagem alternativas.
Principais sintomas
Se uma criança demora muito tempo a interpretar enunciados – a perceber se o objetivo é somar, dividir ou multiplicar ou não consegue concluir uma operação aparentemente simples -, isso pode não ser preguiça, desmotivação ou desinteresse. Pode ser, efectivamente, discalculia.
A perturbação pode manifestar-se a vários níveis:
- Na leitura, escrita e compreensão de números e símbolos;
- Na compreensão de regras e conceitos matemáticos;
- Na memorização de conceitos;
- No raciocínio abstrato.
Por isso, existem alguns sintomas/sinais a que deve estar atento, que poderão conduzir a um diagnóstico de discalculia, nomeadamente:
- Dificuldade nas operações matemáticas básicas: adição, subtração multiplicação e divisão;
- Dificuldade em contar;
- Dificuldade na compreensão, aprendizagem e memorização de conceitos matemáticos, regras e fórmulas;
- Dificuldade em identificar números, de forma visual ou auditiva, em saber qual é o número anterior e o seguinte e em dizer qual de dois números é maior;
- Dificuldade em compreender unidades de medida;
- Dificuldade em observar grupos de objetos e dizer qual deles contém uma maior quantidade de elementos ou em calcular distâncias;
- Aprender muito devagar e usar os dedos para contar;
- Dificuldades na compreensão e resolução de problemas;
- Dificuldade em aprender a ver as horas;
- Dificuldade em tarefas que impliquem lidar com dinheiro.
As crianças com este tipo de perturbação podem ainda ter dificuldade em seguir instruções, não conseguir coordenar a marcha ou movimentos do desporto ou mesmo não saber segurar um lápis.
Diagnóstico e tratamento
Apesar de ser importante que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível, nem sempre é fácil fazê-lo, já que não existe nenhum teste objetivo.
Aconselhamos, contudo, que consulte um especialista para que possa fazer despistagem de alguns dos problemas.
Ainda assim, é importante que não desconsidere que possa haver problemas de atenção ou de ansiedade ou mesmo a dificuldades de visão e/ou audição.
O tratamento deve passar por um acompanhamento individualizado para que consigam manter um bom rendimento escolar ou mesmo por medicação. O seu médico aconselhá-lo-á da melhor forma.
Convém ainda estar atento a problemas de depressão e desmotivação e perda de auto estima que possam surgir.
O que fazer para ajudar?
Além de procurar apoio especializado, existem algumas atividades que podem estimular o raciocínio matemático no dia-a-dia. Por exemplo,
- Mostrar à criança como os números são importantes e estão em tudo o que nos rodeia. Basicamente mostrar que não são um bicho-de-sete-cabeças;
- Incentivar a criança a usar números diariamente, em jogos (número de golos marcados; número de pontos somados; níveis passados; número de bonecas e acessórios, entre outros); na contagem de artigos em casa ou no supermercado; aprendendo lengalengas com números que ajudam a memorizar;
- Na escola, estes alunos devem ter acesso à calculadora e à consulta da tabuada – já que podem não conseguir realizar as operações matemáticas que permitam chegar ao resultado esperado.
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