A dispareunia é uma disfunção sexual que afeta as mulheres, estando associada à dor durante a penetração. Pode ter várias causas e, geralmente, as queixas só surgem aos ouvidos dos profissionais, meses e meses depois, pelo facto de os problemas sexuais serem um assunto tabu.
Existe tratamento para este problema que, muitas vezes, tem um grande impacto na vida a dois, podendo levar a um desinteresse pela vida sexual.
Tipos de dispareunia e sintomas
O sintoma mais comum é a dor, que pode ser uma pontada ou uma sensação de ardor no início da relação sexual. Trata-se, então, de uma dispareunia superficial.
No caso de uma dor mais forte, que ocorre quando o pénis se introduz no fundo da vagina (colo do útero), estamos a falar de dispareunia profunda.
As dores após a relação sexual, ou seja, a sensação de estar dolorido, são também consideradas dispareunia.
Não se deve confundir este problema com o vaginismo, ou seja, um espasmo involuntário na musculatura da vagina que interfere na penetração. Este pode ocorrer, por exemplo, depois de um episódio de dispareunia, pelo medo de que a disfunção volte a surgir.
Causas da dispareunia
Para perceber o que está na origem desta disfunção, contactamos a Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG). Segundo Carla Rodrigues, do Núcleo de Interesse de Medicina Sexual, na dispareunia podem existir causas orgânicas (físicas) e causas psicológicas.
“Embora não haja dados estatísticos, na nossa prática clínica encontramos mais casos de etiologia orgânica”, conta a especialista.
Alguns exemplos destes casos são:
- Vulvovaginite;
- Doenças sexualmente transmissíveis;
- Endometriose;
- Quistos nos ovários;
- Mioma uterino.
Outra das causas mais comuns é a secura vaginal, que pode dever-se a vários fatores, entre eles a entrada na menopausa e o uso de medicamentos como alguns anticoncecionais orais, antidepressivos, sedativos e anti-histamínicos.
Para além das causas físicas, o fator psicológico também pode ser responsável pelas dores durante a relação sexual.
Nestes casos falamos, por exemplo, de:
- Depressão;
- Ansiedade;
- Historial de abuso sexual;
- Sentimento de culpa em relação à sexualidade;
- Falta de desejo sexual;
- Stress.
Tratamento da dispareunia
Tal como as causas que originam esta disfunção sexual, as formas de tratamento são também muito variadas.
No caso de sentir dor durante as relações sexuais, a mulher deve consultar o seu médico ginecologista para fazer um diagnóstico e tentar perceber o que pode estar a provocar o problema. Depois de um exame físico e de algumas questões, o especialista sugere o que fazer para tratar esta disfunção.
“Se a dispareunia for da causa orgânica, a terapêutica consiste em tratar a causa subjacente”, indica Carla Rodrigues. Por exemplo, no caso da secura vaginal, se estiver relacionado com o uso de um medicamento como a pílula, pode sugerir-se alterar o método anticoncecional utilizado.
Outros tratamentos incluem desde um “simples tratamento tópico para correção de uma flora vaginal, infeção bacteriana ou fúngica a tratamentos mais agressivos como injeções de ácido hialurónico, LASER vulvar ou mesmo intervenções cirúrgicas quando existe patologia ginecológica utero-anexial”, acrescenta a médica da SPG.
Se a origem desta disfunção for psicológica, mediante o tipo de causa, a especialista explica que “é necessário recorrer à terapia sexual que pode ir desde o simples esclarecimento e ensino de técnicas de relaxamento até ao recurso a dilatadores vaginais para dessensibilização”.
O apoio emocional e a medicação podem ser outras formas de tratamento para estes casos.
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