As listas de espera para transplantes de órgãos e tecidos estão em constante expansão. Já o mesmo não se pode dizer do número de dadores disponíveis. Por isso, importa explicar o que é a doação de órgãos, de tecidos e de sangue e de mostrar como ela pode ser crucial na vida de de alguém.
Desmistificar o tema da doação de órgãos é um passo essencial para promover o esclarecimento geral. Note que todos os procedimentos de doação são completamente gratuitos para o dador e obedecem a vários critérios e requisitos, cumprindo-se sempre todas as regras de higiene e segurança.
Portanto, fique a perceber por que a doação de órgãos é tão importante.
Doação de órgãos em vida
Até aqui falámos na doação de órgãos, após a morte. Porém, é também possível fazer doações de órgãos ainda em vida, mas para isso é necessário que o dador cumpra certos requisitos:
- seja adulto;
- tenha boa saúde física e mental;
- não possuir nenhuma doença ou patologia transmissível pelo órgão ou tecidos;
- dê este passo de forma livre, voluntária e gratuita.
Claro que para que tudo isto se verifique, é necessário que todo o processo de doação de órgãos seja acompanhado por uma equipa de médicos e pela Entidade Verificadora da Admissibilidade da Colheita para Transplante, de modo a avaliar as condições quer do dador, quer do recetor.
No entanto, para mais informações, não deixe de consultar o decreto-lei que regula esta matéria.
Doação de células
Doação de medula óssea
O transplante de medula óssea é necessário em caso de doenças, como leucemias agudas ou crónicas, aplasias medulares e imunodeficiências. Assim, como a medula é um tecido que se regenera, é possível fazer esta doação mais do que uma vez na vida.
Entretanto, lembre-se que todo o processo de doação (procedimentos médicos, viagens e outros custos não médicos) é gratuito para o dador, sendo as despesas suportados pelo subsistema de saúde do doente.
Doação do sangue do cordão umbilical
O sangue do cordão umbilical é rico em células e, por isso, pode ser essencial no tratamento de doentes com diferentes tipos de cancro, como leucemias, linfomas e outras doenças associadas ao sangue ou ao sistema imunitário.
Assim sendo, qualquer grávida saudável pode ser dadora de sangue do cordão umbilical, sendo que a colheita, para aferir se há condições para fazer a doação, é realizada entre a 28ª e a 35ª semana de gravidez. Tome nota ainda que a recolha pode ser feita nos hospitais ou maternidades autorizados e com protocolos de colaboração com o Banco Público de Células do Cordão Umbilical (BPCCU), os quais são:
- Centro Hospitalar de São João – Porto
- Maternidade Júlio Dinis – Centro Hospitalar do Porto
- Hospital Pedro Hispano – Unidade Local de Saúde de Matosinhos
- Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
Esta doação é gratuita, acontece após o nascimento do bebé e é completamente segura para a mãe e para o recém-nascido, não interferindo na dinâmica do parto. Contudo, convém sublinhar que no caso de fazer esta doação para o Banco Público, não pode fazer simultaneamente para um Banco Privado.
Doação de sangue
A doação de sangue é, talvez, o tipo de doação mais conhecido e para a fazer, tem de:
- ter mais de 18 anos;
- possuir um peso igual ou superior a 50kg;
- ter hábitos de vida saudáveis.
Assim, se cumpre os requisitos, então pode dirigir-se a um Centro de Sangue e Transplantação de Lisboa, Porto e Coimbra ou a um serviço hospitalar com recolha de sangue. Aí, deve apresentar um documento de identificação com fotografia (Bilhete de Identidade/Cartão de Cidadão, passaporte, cartão de residente ou carta de condução) e preencher um questionário.
Depois, será avaliado por um profissional de saúde qualificado que determina a sua elegibilidade ou não para a dádiva de sangue, com essa avaliação a ter por base um exame físico (registo de peso, altura, hemoglobina e tensão arterial).
Este é, igualmente, um processo de doação gratuito que dá, ainda, acesso ao Cartão Nacional de Dador de Sangue, que o identifica como dador e regista as suas dádivas, possibilitando que tenha isenção das taxas moderadoras no acesso à prestação de cuidados de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Doação de órgãos após morte
Primeiramente, convém explicar que, de acordo com a lei portuguesa vigente, todos os cidadãos que NÃO se inscrevam no Registo Nacional de Não Dadores (RENNDA) são considerados potenciais dadores de órgãos, entendendo-se essa doação como completa, ou seja, de todos os órgãos. Assim, se não quiser proceder à doação de órgãos ou tecidos, deve também expressá-lo no RENNDA.
Para a doação de órgãos, é necessário cumprir alguns requisitos, como a morte acontecer na Unidade de Cuidados Intensivos de um hospital, e só assim é possível conservar os órgãos e verificar se aquela pessoa reúne ou não condições para ser dadora. Entretanto, é importante frisar que não há limite de idade para a doação, o que a torna ou não possível é a qualidade e funcionalidade dos órgãos em causa.
Órgãos e tecidos
Além da doação de órgãos, também podem ser doados tecidos. Desta forma fique então a perceber o que pode ser doado, após a morte.
Órgãos
- rins;
- fígado;
- coração;
- pâncreas;
- pulmões.
Tecidos
- osteotendinosos (osso, tendão e outras estruturas osteotendinosas);
- córneas;
- válvulas cardíacas;
- segmentos vasculares;
- pele.