Doenças auto-imunes é um termo bastante abrangente, o qual engloba patologias que podem atingir diversos órgãos e sistemas do corpo humano e que têm origem no nosso próprio sistema imunitário.
O nosso sistema imunitário defende-nos das bactérias, vírus e fungos. Contudo, em determinadas pessoas, o sistema imunitário pode “atacar” os próprios órgãos e tecidos do corpo, provocando aquilo que é designado como uma doença autoimune. Saiba mais.
Em que consistem as doenças auto-imunes?
Para nos defender das agressões exteriores, o sistema imunitário é composto por uma espécie de “exército”, composto por glóbulos brancos ou leucócitos, os quais atravessam as paredes dos vasos sanguíneos, dirigindo-se até ao local da infeção, de modo a combatê-la.
Em caso de inflamação, por exemplo, o sistema imunitário vai ser “ativado” e, ao entrar em ação, pode desencadear reações como inflamação, febre, inchaço e sensação de calor na região afetada.
Estes são, também, sintomas comuns a algumas doenças auto-imunes, como a artrite reumatoide, na qual o sistema imunitário ataca as articulações, causando inflamação, deformação e rigidez.
Quando o sistema imunitário “ataca” o próprio corpo…
O problema surge quando o sistema imunitário identifica proteínas do nosso organismo como agentes estranhos e agressores. Aí, dá-se uma resposta imunitária injustificada e que pode manifestar-se de diferentes formas e de maneira cíclica.
As causas das doenças auto-imunes ainda não são completamente conhecidas, julgando-se que se trata de uma combinação das caraterísticas do sistema imunitário do indivíduo e da sua predisposição genética.
As doenças auto-imunes são, também, doenças crónicas…
O diagnóstico destas doenças é muito importante e, quanto mais precoce for, melhor, de modo a tentar travar a sua progressão. Assim, sempre que tenha sintomas injustificados como fadiga, mal-estar geral, febre, dores musculares, edemas e dor articular,… deve consultar um médico.
A partir da história clínica, exame físico e exames complementares de diagnóstico, como análises laboratoriais, é possível chegar à conclusão se está ou não perante um quadro típico das doenças auto-imunes.
Embora estas doenças sejam crónicas, pois não têm cura, é essencial controlar as inflamações que, como já explicámos, em alguns casos, atingem um órgão e, noutras pessoas, outro órgão.
A terapêutica assenta, sobretudo, na toma de anti-inflamatórios não esteroides e corticosteroides, para combater a inflamação, e imunossupressores, que reduzem a atividade do sistema imunitário.
A eficácia deste tratamento também varia bastante de pessoa para pessoa e, em alguns casos, pode ter efeitos secundários. O prognóstico da evolução da patologia também varia de doença para doença.
Quais são as doenças auto-imunes mais frequentes?
Para se ter uma noção, há mais de 100 tipos de doenças auto-imunes, cada uma das quais com caraterísticas próprias. Conheça algumas delas.
- Artrite reumatoide: na artrite reumatoide, o sistema imunitário provoca inflamação, inchaço e dor nas articulações;
- Lúpus eritematoso sistémico: a doença de lúpus pode afetar vários tecidos do corpo, como as articulações, os pulmões, as células do sangue, os nervos e os rins;
- Doenças inflamatórias intestinais: neste caso, o sistema imunitário ataca o revestimento dos intestinos, podendo provocar sintomas como diarreia, obstipação, hemorragia retal, desconforto abdominal, emagrecimento excessivo,… Entre estas patologias, podem referir-se a jeito de exemplo a colite ulcerosa e a doença de Crohn;
- Esclerose múltipla: na esclerose múltipla, o sistema imunitário ataca as células nervosas, podendo provocar dor, problemas de visão, fraqueza muscular, dificuldades motoras e espasmos musculares;
- Diabetes tipo 1: neste caso, o sistema imunitário prejudica o funcionamento das células produtoras de insulina, o que eleva os níveis de glicose presentes no sangue, tornando necessária a toma de insulina;
- Síndrome de Guillain-Barré: nesta doença auto-imune, o sistema imunitário atinge os nervos que controlam os músculos das pernas, dos braços e da parte superior do corpo. Um dos seus sintomas mais comuns é a fraqueza;
- Psoríase: na psoríase, existe uma acumulação das células sanguíneas do sistema imunitário na pele, o que estimula a reprodução das células da pele e resulta em placas descamativas na pele;
- Doença de Graves: nesta doença, o sistema imunitário produz anticorpos que estimulam a tiroide a libertar quantidades excessivas de hormonas tiroideias, provocando hipertiroidismo. Alguns sintomas associados a esta patologia são: “olhos esbugalhados”, emagrecimento, nervosismo, irritabilidade, aceleração dos batimentos cardíacos, fadiga e cabelo frágil ou quebradiço;
- Tiroidite de Hashimoto: por outro lado, o sistema imunitário também pode destruir as células produtoras das hormonas tiroideias, provocando neste caso o hipotiroidismo. Os sintomas mais comuns nesta patologia são: fadiga, prisão de ventre, aumento de peso, depressão, pele seca e sensível ao frio;
- Miastenia grave: neste caso, os anticorpos ligam-se aos nervos, não permitindo que eles estimulem os músculos. Consequentemente, pode surgir fadiga muscular e má coordenação dos músculos das pálpebras;
- Vasculite: esta doença pode assumir várias formas, sendo que existe sempre dano dos vasos sanguíneos, independentemente do órgão afetado.