A doença celíaca é uma doença autoimune do intestino, gerada por uma sensibilidade permanente ao glúten em indivíduos geneticamente suscetíveis.
Esta doença pode resultar do cruzamento de três fatores: ambientais (temos como exemplo a introdução precoce do glúten na alimentação dos bebés), imunológicos e genéticos, sendo os grupos de risco a rastrear:
- Diretos (1º grau de parentesco);
- Diabetes Mellitus tipo 1;
- Dermatite Herpetiforme;
- Tiroidite Autoimune.
A doença celíaca pode aparecer em qualquer idade, desde que o glúten já tenha sido introduzido na alimentação, mas o habitual é surgir pelo segundo ou terceiro semestre de vida (entre os 6 e 20 meses de idade), algum tempo após a introdução de alimentos com glúten na alimentação (papas, pão, bolachas, etc.).
Doença celíaca: sintomas
Nos adultos a doença celíaca apresenta-se muitas vezes de forma atípica e com queixas transitórias. Os sintomas mais comuns da doença celíaca variam conforme a idade, sendo que, dentro de cada faixa etária, podem também variar em frequência e intensidade.
Os mais comuns sintomas da doença celíaca são:
- Dor abdominal;
- Diarreia;
- Flatulência;
- Distensão do abdómen;
- Fraqueza;
- Perda ou dificuldade para ganhar peso;
- Queda de cabelo;
- Redução do apetite;
- Feridas de pele;
- Anemia;
- Atraso no crescimento em crianças;
- Infertilidade.
Nas crianças, a forma clássica da doença celíaca apresenta-se com sintomas gastrointestinais, que têm início entre os 6 meses e 2 anos, depois da introdução do glúten na alimentação. Quando o diagnóstico é efetuado tardiamente, podem verificar-se situações de malnutrição.
Observa-se, no entanto, que os sintomas da infância podem desaparecer na adolescência, para reaparecer depois na maturidade ou mesmo na velhice.
Prevenção da doença celíaca
Como a doença tem uma base genética importante, em geral, não há medidas específicas de prevenção, além do aconselhamento genético em familiares portadores da doença. Por isso é necessário fazer um rastreio dos familiares de primeiro grau de pacientes portadores de doença celíaca, mesmo que não tenham sintomas da doença.
Tratamento da doença celíaca
O único tratamento cientificamente provado para a doença celíaca consiste em efetuar uma dieta isenta de glúten para toda a vida. Isto é, não poder ingerir os alimentos que contenham farinha de cevada, centeio, aveia e trigo.
Este tratamento só deve ser iniciado após a confirmação do diagnóstico o que, na maioria dos casos, exige a realização da biópsia intestinal. Há evidência que pequenas quantidades de glúten na dieta não causam quaisquer sintomas imediatos no doente mas lesam a mucosa intestinal, aumentando o risco de desenvolver cancro no tubo digestivo, doenças autoimunes, alterações do metabolismo ósseo, problemas relacionados com a fertilização, alterações neurológicas e psiquiátricas. Estas razões são mais que suficientes para que a dieta seja cumprida de forma muito rigorosa.
Felizmente, o intestino tem uma grande capacidade de regeneração pelo que, se a dieta for cumprida, permite o desaparecimento das manifestações clínicas assim como a normalização da mucosa intestinal.
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