Luana Freire
Luana Freire
28 Set, 2023 - 12:00

Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. Se fuma, está no grupo de risco

Luana Freire

Em Portugal, mais de meio milhão de pessoas vive com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. A sua principal causa? O tabaco.

Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: o diagnóstico

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica é uma realidade crescente em Portugal, mas sabe-se que é possível evitá-la com uma medida simples: deixar de fumar.

Ela age silenciosamente enquanto se prepara para nos dar o peso dos seus efeitos. Imagine a seguinte situação: de repente, sem ter estado atento a sinais simples, sente que tem o dobro da idade. Respirar já não é uma função natural e involuntária. Passou agora a ser uma necessidade física pela qual procura a cada instante.

O que aconteceria se não pudéssemos comer ou saciar a sede? A resposta é curta e simples: morreríamos. Então, já imaginou como seria ter de lutar para respirar? E se, por estarmos constantemente sufocados, um simples espirro bem conseguido fosse um sinal de vitória sobre o corpo? Mas afinal, o que é Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica e como a podemos evitar?

Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: o que é?

Destruidora – é assim que a doença pode ser classificada. Os números mostram que ela é das principais causas de morte nos países mais desenvolvidos – um alerta para prevenir uma doença respiratória que não tem cura.

Caracterizada por uma obstrução no aparelho respiratório, que dificulta a entrada e saída de ar através das vias aéreas, a DPOC pode ser vista como uma reação inflamatória dada pelos pulmões, em resposta à inalação de gases ou partículas que sejam nocivos à saúde – como o tabaco, a poluição, ou substâncias químicas, como combustível e biomassa. Dito isto, é possível compreender que esta é uma doença crónica que pode ser evitada com alterações ao nosso estilo de vida.

Quando a doença se instala no organismo, a pessoa afetada apresenta dificuldade em realizar a mais comum das tarefas diárias. 

O diagnóstico atempado é fundamental para garantir a melhor qualidade de vida possível aos doentes.


A grande causa

O número de fumadores portugueses é um sinal claro de que precisamos apostar na prevenção desta patologia, mas está claro que esta ainda não é uma prioridade a ter em conta pela maior parte da população.

Estima-se que 85% dos casos diagnosticados como doença pulmonar obstrutiva crónica tenha como causa o tabagismo. Agora que sabe como evitar este mal, a informação faz diferença para si? Espera-se que a resposta seja afirmativa. 

A DPO tem como principal causa o tabagismo e, por isso mesmo, os médicos são claros: a esta doença crónica pode ser evitada. 

Os sintomas da DPOC

A DPOC tem tendência a ser assintomática durante a maior parte da sua evolução natural, o que quer dizer que ela vai evoluir silenciosamente enquanto a obstrução das vias aéreas se instala de forma progressiva. Regra geral, a doença é diagnosticada numa fase avançada, altura em que o doente passa a estar atento aos sintomas mais claros e que exigem ser mais valorizados. 

Uma tosse com expetoração que seja crónica é, muitas vezes, ignorada pelo doente e isso acontece porque o fumador acredita que esta é uma forma encontrada pelo organismo para se defender contra o fumo do tabaco. As pessoas afetadas chegam, de facto, a acreditar que este sintoma é um meio para eliminar as impurezas inerentes ao cigarro. Esta é a fase em que a doença parece agir silenciosamente enquanto o doente a ignora.

O passo seguinte da doença pulmonar obstrutiva crónica é provocar cansaço respiratório e dispneia, que é a falta de ar momentânea. É quando este elevado grau de obstrução crónica se apresenta que o doente procura ajuda médica.

Como tratar?

A principal receita para tratar a doença pulmonar obstrutiva crónica, para além da medicação indicada, consiste em investir numa reabilitação do sistema respiratório através da prática de exercício físico, com treinos orientados para cada caso, tendo em conta o resultado da espirometria. 

Doentes diagnosticados com a doença no estádio quatro, o mais elevado, podem mesmo não conseguir comer, calçar os sapatos, vestir-se ou pentear-se. Neste caso, são eles os mais beneficiados com os programas de reabilitação, uma vez que retomam atividades básicas do dia a dia e conseguem ter uma vida funcional. 

No caso da medicação, a terapêutica comum para combater a obstrução consiste em utilizar broncodilatadores. Isto provoca uma grande sensação de alívio dos sintomas no doente e permite que leve uma vida quase normal. O objetivo será sempre chegar o mais próximo possível da normalidade respiratória, sabendo que não é possível fazer os sintomas desaparecerem por completo. 

Quando se esgotam as terapêuticas e a doença atinge uma fase avançada, com risco de morte para o doente, este passa a ser um candidato viável ao transplante de pulmão. 

Como diagnosticar a doença?

Por ser uma doença anunciada, ou seja, basta ser fumador para ter a possibilidade de desenvolvê-la, é necessário estar atento. Pertence ao grupo de risco aqueles que sentem qualquer sinal de cansaço sem motivo aparente, ou uma tosse que não quer ir embora. Nestes casos, o ideal é procurar já um especialista. 

Estima-se que em trinta anos esta seja uma das maiores causas de morte por cancro no pulmão, e como o fumo do tabaco está a aumentar entre as mulheres, elas serão as mais afetadas pela doença.

A principal arma para evitar este cenário é educar para que os mais jovens não se tornem novos fumadores, e fazer com que os mais velhos abandonem o vício. Para além disso, os médicos querem sensibilizar para a necessidade de um passo essencial para o diagnóstico precoce: a espirometria, exame que mede a capacidade respiratória.

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