Não é difícil perceber a relação entre a depressão e o sono, mas talvez ainda falte perceber as razões que fazem desta uma ligação tão delicada. A ciência tem aprofundado o estudo dos sintomas da doença para tentar explicar como esta pode afetar o descanso dos pacientes – e vice-versa. Estudos recentemente divulgados vieram agora comprovar que dormir torna os antidepressivos mais eficazes.
Depressão e insónia: uma relação complicada
Se dormir e viver com a depressão parece algo complicado, a verdade é que a necessidade de descanso, quando satisfeita, pode mesmo ajudar a combater os sintomas da doença. Especialistas alertam para o facto de as horas de sono terem uma relação direta com a qualidade de vida de quem toma antidepressivos diariamente.
Os números da depressão
Estudos mostram que, pelo menos, 75% da população que sofre de depressão experimenta episódios de insónia. Esta relação direta pode contribuir para travar o progresso desta doença mental cada vez mais comum. Uma segunda pesquisa sugeriu ainda que sofrer de insónia aumenta até 10 vezes o risco de desenvolver depressão.
Mesmo que o resultado dos estudos possa parecer concluir que existe um ciclo que se alimenta mutuamente (depressão-falta de sono-depressão), a verdade é que os cientistas acreditam que estas são boas notícias.
A descoberta de mais detalhes sobre a relação entre sono e depressão permite que haja uma melhoria no tratamento dos doentes, à medida que passam a adotar o hábito de dormir mais horas por dia.
Dormir mais duas horas do que o habitual é o tempo necessário para duplicar a eficácia dos antidepressivos, de acordo com os estudos em causa.
Os resultados da análise científica parece particularmente relevante, uma vez que oferecem uma alternativa importante aos 40% de doentes depressivos que não respondem ao tratamento com antidepressivos.
A terapia complementar que prioriza mais horas de sono pode ajudar muitas pessoas a usufruir da eficácia desses medicamentos.
O estudo
Durante oito semanas, os cientistas envolvidos na pesquisa acompanharam 68 adultos que sofriam com depressão moderada ou severa e eram medicados com o antidepressivo Prozac. Ao fim deste tempo, 63% dos doentes que adotaram um ciclo de sono completo, de oito horas por noite, tiveram uma redução dos sintomas da depressão.
Muitos especialistas já defendiam que o sono é fundamental para que o organismo ajude o cérebro a regular as emoções e a lidar com o stress. A principal recomendação feita ao grupo de pacientes analisados foi ter horários bem definidos para adormecer e acordar e, assim, ter um sono de qualidade.
Os cientistas afirmam que a questão do sono para os pacientes que sofrem com depressão deve ser abordada com profundidade pelo seu psiquiatra, pois já não restam dúvidas sobre a sua relação com a melhoria dos sintomas da doença. É a partir desta resposta, que o especialista poderá adequar um tratamento específico para cada caso.
4 curiosidades sobre o sono e depressão
1. Sabia que os diferentes tipos de depressão podem apresentar distúrbios do sono distintos? Há quem tenha dificuldades por dormir horas a mais, enquanto outros podem demorar a adormecer e existem ainda os que acordam várias vezes durante a noite.
2. A rotina do sono pode ser a melhor amiga de quem faz uso de antidepressivos. Horários bem estipulados devem ser respeitados pelo doente e por quem está à sua volta.
3. Quem sofre com depressão deve evitar ver televisão antes de adormecer, bem como utilizar o telemóvel ou qualquer outro dispositivo tecnológico que perturbe o descanso.
4. As oito horas de sono podem não constituir uma receita milagrosa para toda a gente, mas é preciso ter em atenção que esta é a média que funciona para a maior parte das pessoas.