Numa estreita faixa costeira na região da Dalmácia com não mais do que cinco quilómetros, no sudeste da Croácia, apertada pela Bósnia e Herzegovina e bem perto de Montenegro, existe uma cidade de que, provavelmente, já ouviu falar.
Pela sua resiliência em sobreviver às duas Guerras Mundiais e, mais recentemente, por ter resistido a um cerco de sete meses no ano de 1991. Quem tem cerca de 40 anos lembrar-se-á de ver este último na televisão e, imagino, pensar que o desmembramento da Jugoslávia levaria à destruição da cidade por parte do Exército Popular da Jugoslávia, composto maioritariamente por sérvios.
Mas o povo de Dubrovnik resistiu. E a própria cidade também, apesar de mais de 50% ter sofrido danos. Com o fim da guerra, a Cidade Antiga foi reparada, entre 1995 e 1999, segundo os padrões da UNESCO, de forma a manter o estilo original que levou esta instituição a considerá-la Património Mundial em 1979.
Dubrovnik, a Pérola do Adriático
Chamam-lhe a Pérola do Adriático e tem sido uma importante potência marítima desde o século XIII na região. Por isso, não admira que, ao longo dos tempos, as suas igrejas, mosteiros, palácios e fontes tivessem sido construídos em diversos estilos arquitectónicos: Gótico, Renascentista, Barroco.
Toda a zona circundante é conhecida pela sua paisagem de montanhas rochosas e inúmeras ilhas. E também pela flora mediterrânea que aí cresce devido ao clima temperado.
Na costa, hoje em dia, encontramos aquilo a que se chama a Riviera de Dubrovnik, perfeita para aqueles que adoram praia ou desejam “saltitar” de ilha para ilha. Com este objetivo em mente, a melhor altura para visitar a cidade é, sem dúvida, o verão. A primavera e o outono são ótimos para evitar as multidões de turistas que querem passar pelos portões das muralhas. Talvez sejam estas as melhores estações para conhecer a fundo uma cidade museu única.
Em diferentes alturas do ano, aprecie a cultura não perdendo os festivais de música, as peças de teatro e as mais variadas exposições de arte.
Principais atrações de Dubrovnik
Encontrar as principais atrações da Cidade Antiga não é difícil. Na verdade, a mais visível é a grande muralha que a protege desde o século X, tendo sido reforçada nos séculos XIII e XIV. Chega a ter seis metros de altura e seis de espessura, com um perímetro de quase dois quilómetros.
Um passeio sem rumo em seu redor, no topo, é uma forma excelente de passar um bom bocado, independentemente da hora do dia. A vista sobre o Adriático ou os edifícios do interior da cidade é fabulosa. Completando as defesas, destacam-se duas torres (Minceta e Bokar) e dois fortes (Lovrijenac e Revelin).
O Forte Lovrijenac é, sem dúvida alguma, o mais conhecido monumento devido à sua utilização como cenário na série de televisão Guerra dos Tronos, representando aí a cidade de King’s Landing. Esta e a de Qarth são igualmente filmadas noutras partes de Dubrovnik, que também assumiu um papel na rodagem do filme Star Wars: Os Últimos Jedi.
O forte em si é uma obra incrível e inexpugnável na defesa contra os Venezianos desde o século XI. A sua localização, 37 metros sobre o mar, faz dele o lugar perfeito para o famoso festival de verão e os seus muitos espectáculos de teatro e música.
O principal acesso às muralhas da Cidade Antiga é o Portão Pile, protegido a rigor com o seu próprio fosso e ponte levadiça. Outro portão digno de nota é o Ploce, por trás da Torre Asimov.
A via principal do centro histórico é a espetacular Stradum, ponto de encontro para locais e turistas, que se deixam ficar pelos cafés e restaurantes. O bonito pavimento de calcário foi lá colocado em 1468, mas os edifícios são já do século XVII, quando foram reconstruídos após o terramoto de 1667, e apresentam a característica única de terem as suas portas e janelas principais sob o mesmo arco.
Outro ponto de encontro é a Praça Loggia, onde estão alguns dos mais famosos edifícios e monumentos, tais como a Coluna de Orlando e os sinos de 1480, usados para alertar os cidadãos. Encontramos ainda neste lugar a Igreja de São Brás, uma torre com um relógio que data do século XV, o principal posto da guarda e a pequena Fonte de Onófrio.
A catedral da cidade, de estilo barroco, possui três naves e uma decoração interior que destaca pinturas de artistas da Itália e da Dalmácia. O impressionante tesouro incluiu um suposto pedaço da cruz onde Jesus terá sido crucificado. Existem ainda outras relíquias relacionadas com São Brás e perto de 140 relicários em ouro e prata.
Outra área bastante frequentada é a Grande Fonte de Onófrio, construída entre 1438 e 1444 para armazenar a água trazida do Rio Dubrovacka.
Em frente dela está a Igreja de São Salvador, do início do século XVI, com características góticas e renascentistas. Já o Mosteiro Dominicano de Dubrovnik (início do século XIV), era tão grande que houve necessidade de mudar parte das muralhas do lugar original para o construir… Agora, no interior, podemos ver muitas pinturas religiosas da Escola Veneziana e peças em ouro e prata.
Também existe um outro mosteiro na cidade, Franciscano, que tem uma das mais valiosas bibliotecas da Croácia e uma fascinante farmácia medieval com boiões decorados, aparelhos de medição e almofarizes.
Destaque ainda para dois palácios: o dos Reitores (outrora o centro do governo da república) e o belo Sponza, de arquitetura renascentista e um bom representante da maioria dos palácios que existiam na cidade antes do terremoto.
Desde o Forte de Santo Ivan protegia-se o porto, fechado durante a noite com uma corrente. Atualmente tem três museus: o Aquário, o Museu Etnográfico e o Museu Marítimo.
Com tantas atrações para conhecer como as que pode ler acima, e muitas mais não referidas, vai ter bastante com que se entreter… Quando não estiver a desfrutar da praia ou da comida preparada com ingredientes que saem das águas acompanhados pelos vinhos croatas.
Para relaxar preguiçosamente à beira-mar, os locais vão até às ilhas de Lokrum e Lopud ou à península Lapad. Os turistas preferem a Banje ou a Buza.
Dubrovnik é um lugar com uma boa energia que passa para nós em todos os momentos que dobramos as suas esquinas. Convida-nos a conhecer pessoas ou a deambular sozinhos por entre as suas paredes.
Mesmo que nos apeteça sair por um dia, fazer uma pequena road trip pelos arredores leva-nos por estradas sinuosas com vistas infindáveis, pequenas vilas e aldeias, praias escondidas, olivais e vinhas. Será esta a sua próxima viagem?
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