Share the post "Economia circular: qual o impacto no ambiente e no seu bolso?"
A economia circular já não é apenas um conceito vago, mas uma forma de produzir, consumir e gerir recursos que está a ser posta em prática, até a nível legislativo.
A Comissão Europeia adotou, em 2015, o Plano de Ação para a Economia Circular, composto por 50 propostas nas áreas de produção, consumo, gestão de resíduos, mercado de matérias-primas secundárias e medidas no domínio da inovação e do investimento.
Este plano tem cinco sectores prioritários de intervenção: os plásticos, os desperdícios alimentares, as matérias-primas críticas, a construção e demolição, a biomassa e as matérias de base biológica.
Algumas destas preocupações até lhe podem parecer familiares. Mas, em que medida a economia circular vai ter implicações na economia doméstica, ou seja, no seu bolso?
Economia circular: saiba tudo sobre o tema
O que é a economia circular?
Embora esteja a ser discutido ao mais alto nível e algumas medidas já estejam a ser implementadas no nosso quotidiano, o conceito é ainda algo vago para algumas pessoas.
No fundo, o objetivo da economia circular é manter o valor dos produtos e materiais durante o maior tempo possível. Paralelamente, são reduzidos ao mínimo a produção de resíduos e a utilização de recursos.
E, quando os produtos chegam ao final da sua vida útil, pretende-se que esses recursos se mantenham na economia para serem reutilizados e voltarem a gerar valor.
Economia circular: qual o impacto económico?
Já se percebeu que a economia circular é boa para o ambiente, mas terá mesmo impacto na economia?
A Comissão Europeia acredita que com a economia circular, vai aumentar o nível de competitividade da União Europeia, protegendo as empresas contra a escassez de recursos e consequente volatilidade dos preços.
Por outro lado, será importante para a criação de novos negócios e de mais empregos, aumentando assim a coesão social.
É também uma oportunidade para a inovação, já que vai ser necessário encontrar outras formas de produção e descobrir novas tecnologias para alcançar estes objetivos.
A alteração dos hábitos de consumo é importante para que as famílias possam poupar, mas é igualmente determinante para que os recursos sejam usados de um modo mais sustentável.
Só por aqui já podemos ter uma noção do impacto que a economia circular terá em vários aspetos da nossa vida.
Vejamos agora algumas das formas como a economia circular vai ter impacto na nossa vida financeira.
Produção mais sustentável
A economia circular surge logo na fase da produção e tanto podemos estar a falar de cenouras como de frigoríficos.
A ideia é que esta produção seja feita de forma sustentável, privilegiando energias renováveis ou o reaproveitamento da água, ou seja, gastando menos recursos, gerando menos resíduos e poluindo menos.
Mas uma das principais formas de incentivar a economia circular é garantir a durabilidade dos produtos, fazendo, por outro lado, com que sejam mais fáceis de reparar.
É aqui que se inclui um pacote de medidas, aprovadas em outubro de 2019 pela Comissão Europeia, para que os eletrodomésticos sejam mais duráveis e fáceis de reparar.
Este é um bom exemplo da aplicabilidade da economia circular. O consumidor poupa, porque não tem de estar constantemente a comprar eletrodomésticos novos e porque é mais barato reparar do que adquirir um novo.
Por outro lado, gera-se emprego, uma vez que o setor das reparações pode crescer.
Quando já não tiverem mesmo conserto, os componentes destes artigos podem ser reutilizados, o que reduz os resíduos e, mais uma vez, pode criar negócios e empregos.
O mesmo se passa com a roupa se for produzida de forma sustentável, se for durável e se, no fim da sua vida útil puder ser reciclada ou reutilizada.
Consumo mais informado
As escolhas que fazemos enquanto consumidores têm impacto no ambiente, mas também na economia.
Na maioria das vezes, é o preço o fator determinante na compra; no entanto, esta forma de pensar pode estar a mudar.
Voltemos aos eletrodomésticos: o preço é importante, mas os consumidores já analisam as informações relativas à eficiência energética, preferindo, muitas vezes, aparelhos que gastem menos, mesmo que sejam mais caros.
O crescimento na venda de veículos elétricos é também, um sinal desta mudança.
Mas a economia circular passa igualmente por artigos que compramos regularmente, como o pão ou a fruta.
Reduzir o desperdício alimentar e o plástico, usado por exemplo nas embalagens, vai ter repercussões no ambiente, mas também na economia, tanto a nível doméstico como nacional.
Se comprarmos em menos quantidade reduzimos o lixo que vai parar a aterros e poupamos dinheiro. Ao preferirmos produtos da época e produzidos localmente diminuímos a nossa pegada de carbono.
A preferência por embalagens ecológicas e reutilizáveis incentiva a inovação e a descoberta de novas tecnologias.
A economia circular é igualmente apoiada por diferentes formas de consumo, como a partilha de produtos ou infraestruturas, a chamada economia colaborativa.
Por outro lado, se optarmos por tecnologias digitais – por exemplo recebendo as faturas por e-mail em vez de pedir que nos sejam enviadas por correio – estamos a preservar recursos e, em alguns casos, a obter descontos nesse serviço.
Gestão de resíduos na economia circular
Reciclar ao máximo, desperdício mínimo. A economia circular passa não só pela prevenção, procurando evitar a produção de resíduos, mas também pela forma como lidamos com eles.
Reciclar matérias-primas que podem ser reutilizadas e revalorizadas é um princípio a aplicar não só em nossa casa, mas também a um nível mais alargado, como na indústria, ou na construção.
Uma das próximas medidas a nível europeu pode passar, por exemplo, pela reciclagem de resíduos como têxteis e mobílias.
Mas há ainda muito para fazer, mesmo no que respeita aos materiais que já é possível reciclar.
Resíduos que são recursos
Numa economia circular, os resíduos são recursos, já que podem ser reciclados e novamente introduzidos na economia.
Não estamos a falar apenas de plástico, papel e vidro, colocados nos ecopontos e depois reaproveitados para novos produtos.
Podemos estar a falar, por exemplo, da água usada para lavar a salada, que podemos usar para regar plantas, por exemplo. Mas também de restos de alimentos, que em alguns locais são já utilizados para compostagem e produção de adubos.
Aliar a sustentabilidade ambiental à sustentabilidade financeira é um caminho que pode ser iniciado em casa, com pequenos gestos. Afinal, a economia circular é boa para o ambiente, mas também para o seu bolso.