Eliminar o filtro de partículas é uma prática incorreta que pode ter graves consequências. A remoção deste componente continua a ser frequente em Portugal e a Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus) veio já dar o seu parecer sobre o assunto.
Perante esta ocorrência, a entidade tem vindo a pedir com alguma urgência ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT, I.P.) e à Autoridade da Segurança Alimentar e Económica (ASAE) para que intervenham sobre o número crescente de casos sobre a eliminação do filtro de partículas.
Embora os veículos a diesel seja uma escolha frequente entre muitos portugueses, há que ter em mente que este tipo de motores acarretam um número de despesas superiores face aos veículos movidos a gasolina. Se adquirir um modelo recente, este poderá já vir equipado com o chamado filtro de partículas (FAP ou DPF).
O problema é que este pode desgastar-se facilmente consoante as condições da condução. Ao efetuar trajetos urbanos ou curtos, que não criem as condições ideais para a combustão completa das partículas, poderá estar a comprometer a regeneração passiva das mesmas. Caso isto aconteça, poderá ter que desentupir o filtro ou até mesmo substituí-lo.
Para evitar estes problemas e as consequentes despesas elevadas, alguns condutores decidem eliminar o filtro de partículas. Mas será esta uma opção correta para o seu automóvel?
Eliminar o filtro de partículas: sim ou não?
É sabido que caso o motor de um automóvel não consiga completar corretamente o processo de regeneração do filtro de partículas, poderá ser problemático num futuro próximo.
Para resolver esta questão, o condutor terá que tomar uma das seguintes ações: proceder à regeneração forçada do filtro de partículas, limpar o filtro de partículas ou substituí-lo por um filtro recondicionado ou por um novo. Por sua vez, há quem opte, incorretamente, pela polémica remoção do filtro de partículas.
Presente, de um modo genérico, nos modelos a diesel dos anos 2000 até aos nossos dias, a funcionalidade deste filtro obriga à sua permanência no veículo. Perceba porque não deve eliminá-lo.
Porque não deve eliminar o filtro de partículas
Eliminar o filtro de partículas é incorreto e entra em incumprimento com as leis europeias em vigor sobre as emissões poluentes (Euro VI).
Assim sendo, é importante que considere as seguintes manutenções, para que o filtro não lhe traga problemas ao ponto de questionar a sua remoção.
Como proceder?
Uma forma económica e simples de fazer a manutenção do filtro de partículas é através do uso de um aditivo preventivo, testado para o efeito. Ao utilizar um aditivo de limpeza do filtro de partículas, irá conseguir garantir que a combustão e a proteção do filtro sejam as ideais.
Este aditivo auxilia ainda na regeneração eficaz do filtro de partículas, uma vez que aumenta a temperatura através de químicos. Assim, garante que a regeneração é efetuada mesmo em percursos pequenos ou urbanos (cuja regeneração dificilmente completaria-se).
Se efetuar esta manutenção de forma regular, irá conseguir assegurar que o filtro de partículas permaneça limpo de uma forma pouco dispendiosa e prática.
A aplicação deste aditivo deve ocorrer a cada 2 000 – 3 000 km, quando o depósito estiver a passar da metade da sua quantidade e consoante o percurso a ser ainda efetuado.
Entupimento do filtro
Se o filtro já estiver entupido, compensa mais limpá-lo do que substituí-lo. Se assim for, recomenda-se o uso de uma pistola com sonda pulverizadora, desenvolvida para o efeito.
Deve pulverizar 1 litro do produto de limpeza com a pistola. Este produto é capaz de dissolver a sujidade do interior dos filtros de partículas. Aguarde 20 minutos até que o mesmo faça efeito. A fuligem irá dissolver-se e espalhar-se no filtro de partículas, acabando por ser queimada mais tarde, no processo de regeneração normal.
Posteriormente, conduza o seu veículo num percurso de estrada entre 20 – 30 minutos, em rotações e velocidade constantes, para proporcionar a regeneração do filtro.
Note que deve efetuar estas ações como forma de prevenção e não apenas como forma corretiva. Não deixe que o filtro chegue a este estado para começar a agir.
As manutenções constantes também são necessárias. É importante lembrar que o entupimento completo do filtro irá obrigar à sua substituição, o que resulta numa operação que pode custar, em média, cerca de 1 500€. Uma despesa que pode evitar com uma correta manutenção preventiva.
Problemas associados ao filtro de partículas
A ausência das referidas manutenções pode levar à ocorrência de uma data de problemas. Entre eles a contaminação do óleo, a ativação do modo de segurança do motor e consequente significativa limitação da performance, avarias na cabeça do motor ou na pressão do turbo.
Note ainda que o uso de um lubrificante inadequado pode afetar a durabilidade do filtro sabendo ainda que eliminar o filtro de partículas não é a solução e não garante a passagem na Inspeção Periódica Obrigatória.
Alerta da Quercus
Tendo por base um estudo apresentado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o problema da Qualidade do Ar a que as populações estão sujeitas, a Quercus denunciou, em 2018 que o ar que se respira em certos centros urbanos apresenta graves problemas relacionados com os poluentes.
O estudo da OMS veio sublinhar a existência de partículas finas inaláveis que têm impacto direito tanto no sistema respiratório como no cardiovascular.
Entre várias denúncias sobre as ações portuguesas que têm impacto no ambiente, a Quercus frisou as
emissões provenientes da circulação dos veículos automóveis que à margem da lei (e em incumprimento das normas europeias) retiram os filtros de partículas dos escapes e circulam sem qualquer controlo e mitigação de poluentes.
É de relembrar que a OMS revelou que as ameaças ambientais têm resultado na morte de sete milhões de pessoas em cada ano em todo o mundo e que as leis das emissões não são, de todo, brincadeira.
Eliminar o filtro de partículas é um erro grave para o ambiente e para a saúde de todos nós, sendo que, de acordo com a Quercus, é ainda mais grave haver a publicidade online de oficinas que efetuam este tipo de serviço ilegal.
Estes dados foram tornados públicos a 2 de maio de 2018, pela Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza.