A endometriose é uma doença que afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil (isto é, entre os 15 e os 40 anos) e a sua origem pode estar em vários fatores.
Podemos dizer que trata-se de uma doença um pouco enigmática, com múltiplas causas, que afeta as mulheres durante a vida reprodutiva – desde a primeira menstruação até à menopausa – e que pode limitar a qualidade de vida e a capacidade de engravidar.
A partir do momento em que aparecem os primeiros sintomas e até ao diagnóstico da própria doença podem decorrer vários anos. Ou seja, nem sempre é algo que se detete num primeiro episódio. Por vezes, é necessário ter em consideração o historial clínico para se conseguir fazer um diagnóstico assertivo.
No entanto, no decorrer desses anos, a endometriose pode ser bastante limitativa até mesmo na vida profissional. Existem mulheres que não conseguem mesmo ir trabalhar ou levantar da cama devido às dores intensas que surgem durante a menstruação.
Como podemos ver, estamos perante uma doença que condiciona a qualidade de vida da mulher em vários aspetos do seu dia-a-dia.
As questões mais comuns sobre a endometriose
O que é?
A endometriose é uma doença que se caracteriza pela presença de tecido endometrial (tecido de revestimento do útero), fora da cavidade uterina.
No fundo, o que acontece na endometriose é o facto de endométrio se desenvolver numa localização fora do útero, formando massas características benignas, que podem ser de maior ou menor extensão.
Para além disto, nessas localizações fora do útero (que podem ser várias), este tecido sofre transformações semelhantes às que ocorrem no útero durante o ciclo menstrual – que se traduzem, frequentemente, em dores e infertilidade em alguns casos.
Em 93% dos casos, localiza-se na zona pélvica ou muito perto dela, mas também é possível encontrar pequenos nichos deste endométrio noutras localizações, tais como:
- Trompas de Falópio;
- parede do útero;
- bexiga;
- ovários;
- intestinos;
- umbigo;
- pulmões.
E quais são os sintomas da endometriose?
Se pensa que pode sofrer desta doença, é essencial que esteja atento aos sintomas mais comuns e que converse com o seu ginecologista para perceber se poderá estar perante um caso de endometriose.
É importante referir que, nas formas mais ligeiras, a endometriose pode não apresentar qualquer tipo de sintomas. Contudo, os sintomas mais habituais desta doença caracterizam-se por episódios de dor, que podem ocorrer:
- durante a menstruação ou entre os períodos menstruais;
- durante ou depois das relações sexuais;
- durante a defecação ou a urinar.
Além disto, várias mulheres com endometriose, também apresentam dificuldade em engravidar – um sintoma que pode surgir apenas mais tarde quando a doença apresenta uma forma mais ligeira, sem episódios de dor.
Existem ainda outros sintomas que podem estar associados à doença:
- hemorragias menstruais abundantes;
- dificuldades na digestão;
- mal-estar;
- cansaço fácil;
- fraqueza;
- perda de sangue entre os períodos menstruais;
- menstruação com sangue escuro;
- alterações no trânsito intestinal.
Por que razão demora tanto tempo a ser diagnosticada?
São várias as mulheres que sofrem episódios de dor extrema e alterações na qualidade de vida durante muitos anos até que seja possível fazer um diagnóstico acertado.
Atualmente, a endometriose pode levar até 10 anos a ser diagnosticada – e isto acontece por várias razões.
- Devido à normalização da dor: a mulher vai-se “habituando” a viver com estes episódios de dor extrema e controlando os sintomas com anti-inflamatórios. O que faz com que, muitas vezes, não se aperceba que a dor poderá estar associada a esta doença, acabando por desvalorizar.
- Sintomas muito idênticos a outras doenças: por se tratar de uma doença que pode afetar vários órgãos, a endometriose é muitas vezes, uma doença silenciosa e facilmente confundida com outras.
- Falta de conhecimento e acesso a recursos sobre a doença: durante muitos anos não se falava nesta doença e ainda hoje, a sociedade e a comunidade médica precisa de trabalhar nesta temática para que as pessoas fiquem devidamente informadas.
Existe tratamento para a endometriose?
A endometriose é uma doença crónica e, por isso mesmo, não tem cura. No entanto, pode ser controlada para que a pessoa consiga levar uma vida normal e sem limitações no seu dia-a-dia.
A pílula é um excelente método para as mulheres que não pretendem engravidar. Afinal, ela contribui para a atrofia do endométrio e diminui assim a progressão da doença e a intensidade das queixas.
Já na mulher grávida, a doença desaparece e volta a aparecer 1 ano e meio depois.
Assim, esta doença pode ser tratada de várias formas dependendo de alguns fatores como:
- os sintomas e o seu grau de gravidade;
- localização e extensão das massas de endometriose;
- dos desejos das pacientes em relação a gravidezes futuras;
- da idade e do estado geral de saúde;
- da coexistência de doenças malignas.
No fundo, o objetivo do tratamento é resolver os problemas de dor e de infertilidade e ainda eliminar as massas de endometriose. De uma forma geral, estas são as opções de tratamento:
- terapêutica médica, analgésica e/ou hormonal – que alivia os sintomas, mas não diminui a extensão das massas, nem melhora a fertilidade;
- abordagem conservadora – que está, normalmente, reservada para os casos mais ligeiros e para as mulheres em peri menopausa;
- tratamento cirúrgico – habitualmente indicado para os casos graves, com invasão de outros órgãos e com queixas de infertilidade.
Se pensa que pode estar perante um caso desta doença, procure um médico especialista em ginecologia-obstetrícia e converse sobre as suas queixas. Provavelmente terá que realizar alguns exames para que, juntos, consigam encontrar a melhor opção para si.