A história da Vespa ficará infinitamente ligada à 2º Guerra Mundial, e no seu surgimento, a história não era exatamente igual àquela que conhecemos hoje.
Esta mota começou por se chamar “Paperino” (o nome dado ao Pato Donald em Itália) devido à sua forma estranha, mas Enrico Piaggio, filho do fundador da marca italiana, não gostou do protótipo e deu indicações para que fosse redesenhado. Quando viu a versão final da mota, disse a seguinte expressão: “Parece uma vespa!”. E assim ficou conhecida e batizada até aos dias de hoje.
Em 2019, a Piaggio reinventou este clássico, lançando uma versão 100% elétrica da Vespa chamada “Vespa Elettrica”. Um ciclomotor que conta com um motor de 4kW/h e que tem uma autonomia anunciada de 100km.
O Ekonomista Motores foi experimentá-la e descobrir se este novo modelo mantinha as mesmas características de conforto e agradabilidade de conduzir que marcam os modelos com motores a combustão, e sobretudo, se esta mota é mesmo capaz de percorrer a totalidade da autonomia anunciada.
Vespa Elettrica: um ícone do século xx adaptada ao século xxi
Análise Exterior
A versão “verde” desta icónica scooter da Piaggio é uma reinterpretação da marca daquilo que são as necessidades do século XXI no mundo dos motorizados, sem nunca esquecer as suas raízes e aquilo que a tornou tão popular.
A Vespa é muito mais do que uma simples mota. É um ícone que representa o estilo, a paixão e o design italianos.
Esta é uma Vespa que não zumbe, nem ferra. Antes pelo contrário, voa “sorrateiramente” pelo transito da cidade no maior dos silêncios, fazendo-nos lembrar que a condução citadina, afinal de contas, pode ser bem relaxante.
Esta Vespa Elettrica pediu “emprestada” à sua irmã Vespa Primavera o chassis e a carroçaria, sendo exatamente igual a esta no capítulo estético, com a particularidade desta versão amiga do ambiente poder apenas ser comprada numa cor: cinza. No entanto, a Piaggio permite que personalize a sua mota com 5 cores diferentes de frizos: azul, amarelo, verde, preto ou branco.
Condução
O motor que equipa esta Vespa Elettrica tem uma potência máxima de 4 kW (nominal de 3,5 kW) e um binário de 200 Nm, que podemos considerar ser o equivalente a uma tradicional 50 cc, uma vez que esta mota é também ela considerada um ciclomotor e como tal, não tem homologação para poder circular em auto-estradas e vias equiparadas.
Ainda assim, em termos de performance, a Vespa Elettrica supera as clássicas scooters de 50 cc, sobretudo no que a aceleração diz respeito, fruto da generosa quantidade de binário deste motor elétrico, sempre disponível a qualquer solicitação.
Sendo 100% elétrica, esta Vespa moderna possui uma bateria de lítio com sistema de recuperação de energia (que recarrega durante a desaceleração aproveitando a energia cinética), garantindo uma autonomia de até 100 km (quer em estrada, quer em ciclo urbano, de acordo com o construtor).
Ora, importa esclarecer que esta mota apenas terá uma autonomia de 100km se conduzida sempre em modo Eco (um dos 2 modos disponíveis), e que tem uma velocidade limitada a 30 km/h e uma aceleração mais gradual, permitindo não só economizar mais energia mas também prolongar a vida útil da bateria.
O outro modo dá-se pelo nome de Power, e é nele que encontramos toda a potência que este motor de 4KW tem para dar, assim como os 200Nm de binário, que impulsionam esta Vespa Elettrica até à sua velocidade máxima de 45 km/h. Neste modo, logicamente, a autonomia é afetada, e a marca italiana alega que esta mota será capaz de percorrer 80km neste modo.
Durante o nosso teste realizado pelas estradas do Porto, conduzimos a Vespa Elettrica sempre no modo Power, e tendo percorrido cerca de 40km, gastamos sensivelmente 60% da carga da bateria, o que significa que no total, com uma carga completa, conseguiríamos percorrer perto de 70km, o que se aproxima bastante dos valores fornecidos pelo fabricante.
Quanto ao carregamento desta scooter, pode ser feito em quatro horas, sendo feito através do cabo (localizado no compartimento por baixo do selim), numa tomada elétrica tradicional ou num posto de carregamento público.
Segundo a Piaggio, a bateria da Vespa Elettrica garante uma eficiência de até 1.000 ciclos de carga completos, o mesmo é dizer que poderá percorrer entre 50.000 a 70.000 km sem perder qualquer eficácia (equivalente a, aproximadamente, 10 anos de utilização do veículo em ambiente urbano).
Mesmo após os 1.000 ciclos, a bateria, a “dona” da Vespa afirma que esta mantém 80% da sua capacidade, continuando por isso a ser perfeitamente utilizável, perdendo apenas uma percentagem da sua autonomia.
Quanto à condução, esta mota em nada difere de uma Vespa convencional e preservou intactas as posições de condução e suavidade de rodagem, revelando-se muitíssimo fácil de conduzir e extremamente confortável, até mesmo quando circulamos nas estradas em paralelo tão típicas nas nossas cidades.
Algo que nos fascinou nesta mota e que mostra o quão preparada está para o meio urbano foi o facto desta Vespa Elettrica estar equipada com um modo Reverse (modo marcha-atrás), o que facilita a mobilização da Vespa Elettrica durante manobras de estacionamento.
Esta mota dispõe ainda de uma plataforma multimédia que permite a conexão com o nosso Smartphone através de Bluetooth, possibilitando a consulta de várias informações num painel de instrumentos digital, com ecrã TFT a cores de 4,3”.
Para além das informações comuns (velocidade, modo de condução, autonomia, nível de carga da bateria, qualidade de condução ecológica e nível de energia utilizado ou recuperado durante a viagem), este ecrã permite ainda a visualização de notificações de chamadas recebidas e mensagens no seu smartphone.
Quanto a preços, a esta Vespa “verde” está à venda a partir de 6790€ para a versão menos potente, e a partir dos 6990€ para a versão com homologação de motociclo, que mantém todas as mesmas características desta mota por nós ensaiada, mas é ligeiramente mais potente, tendo uma velocidade máxima de 52 km/h.
Veredicto final
Esta Vespa, e tal como qualquer mota, ou qualquer carro, não é perfeita. Tem as suas limitações, é certo, como por exemplo o facto do compartimento de carga debaixo do assento ter dimensões mais reduzidas (fruto da colocação das baterias), e não poder assim acomodar capacetes que protejam completamente a nossa cara (apenas conseguimos armazenar capacetes abertos).
Esta Vespa Elettrica custa sensivelmente o dobro do mota elétrica mais barata do mercado, e sensivelmente mais 1000€ do que o modelo mais comercializado. No entanto, é importante não esquecer que a Vespa, mais do que uma simples mota, é um ícone da arte motorizada. É, literalmente, um ícone sobre rodas.
Por isso, esta não deve ser comparada como uma mota “normal”, mas sim como uma mota especial, porque é assim que nos sentimos enquanto proprietários de uma Vespa, e é assim que nos sentimos sempre que conduzimos este modelo.
É por isso que consideramos esta Vespa Elettrica como uma excelente opção se estiver à procura de uma solução de mobilidade urbana que seja cheia de estilo, prática, confortável, e ao mesmo tempo amiga do ambiente.