Share the post "Como ensinar o valor do dinheiro aos filhos: um guia por idades"
Com certeza que já deu por si a dizer aos seus filhos que têm de saber escolher como gastar o dinheiro da mesada; que muitas vezes têm de esperar para ter aquilo que desejam; ou, quando o dinheiro que recebem não chega até ao fim do mês, que têm de saber gerir essa responsabilidade e fazer melhor para o próximo.
Apesar de a mesada ser um importante instrumento de educação financeira, é necessário, durante as diferentes fases de desenvolvimento das crianças, passar-lhes um conjunto de conceitos que os auxiliem na gestão desse montante mensal – até porque esta não é uma capacidade inata.
É aconselhável que esta sensibilidade seja desenvolvida desde tenra idade para, mais tarde, tomarem as melhores decisões financeiras para as suas vidas. Isto é, que se tornem adultos autónomos e financeiramente responsáveis.
Na teoria parece simples mas, na prática, as coisas são sempre um pouco mais complexas. Na verdade, é natural que muitos pais tenham dúvidas mesmo nas mais pequenas decisões: “será que devo insistir neste assunto?”; “será cedo de mais para abordar esta questão?”; “quando devo introduzir a mesada e qual o valor a dar?
Para estas perguntas não temos respostas conclusivas, mas podemos partilhar consigo algumas ideias que podem contribuir para a educação financeira dos seus filhos. Preparámos, para isso, um guia (por idades) que aborda o assunto e do qual poderá tirar algumas dúvidas sobre como ensinar o valor do dinheiro aos filhos.
Dicas financeiras para ensinar o valor do dinheiro aos filhos
Dos 3 aos 5 anos de idade
Diz o ditado popular que “o dinheiro não cai do céu”. Sabemos bem qual a moral deste dito, mas como explicá-la aos filhos tão pequeninos, cuja espontaneidade e ingenuidade desejamos tanto manter?
Não podemos sempre comprar aquilo que desejamos, até porque o que está em causa são muitas horas de trabalho que “nos saíram, literalmente, da pele”. Os pais sabem-no, tal como sabem que o simples facto de entrarmos numa loja nem sempre significa que tenhamos de comprar algo para as crianças.
Como incutir este valor? O que fazer?
É aconselhável que, nesta fase, as crianças comecem a ter algum contacto com o dinheiro.
Por exemplo, se o seu filho gostava de ter um determinado brinquedo, porque não acordar com ele uma poupança para o adquirir? Poderá até, para esse efeito, oferecer-lhe um porquinho mealheiro transparente, para que ele se aperceba que o dinheiro está a acumular e até, eventualmente, dar-lhe espaço para propor formas criativas de ‘ganhar’ algumas moedas – uns postais ilustrados para os membros da família (que podem contribuir com alguns euros em troca).
O importante é que o seu filho não sinta que basta pedir, mas sim dar alguma coisa em troca. Estabeleça este compromisso com ele e, quando juntar o dinheiro, compre-lhe o brinquedo (mesmo se faltarem alguns euros). Incentive e, sobretudo, não falhe com a sua palavra, pois é fundamental que o tempo pelo qual esperou seja, digamos assim, ‘premiado’.
Dos 6 aos 10 anos
Nesta fase, é importante que o seu filho se aperceba do conceito de escolha. Ou seja, como o dinheiro não dá para comprar tudo o que deseja, o que escolher? Nesta idade, a criança terá alguma dificuldade em distinguir o que é um bem essencial ou um bem secundário, porém, terá de ser ela a fazer a escolha. Tente intrometer-se o mínimo possível nesta decisão, dê-lhe espaço para pensar por si própria.
Para que o conceito de escolha vá sendo progressivamente interiorizado, porque não deixar o seu filho participar em algumas decisões financeiras do seu dia a dia. Por exemplo, quando for ao supermercado peça ao seu filho para o ajudar a escolher os produtos a comprar.
À medida que ele for fazendo as escolhas, converse com ele e questione-o sobre o assunto. “Será que esses produtos são mesmo necessários?”; “Não seria melhor optar por artigos mais prioritários?”
Este até pode ser um bom momento para introduzir uma semanada, mesmo que simbólica. Vai ajudá-lo a sentir-se mais responsável pelas suas escolhas. Porém, mesmo que o seu filho gaste o dinheiro antes de terminar a semana, não lhe dê mais – assim vai aprendendo pequenas lições com os seus pequenos erros.
Dos 11 aos 14
Nesta idade, os seus filhos já devem ter algumas noções sobre a importância da poupança e, após terem passado a fase de alcançar objetivos a curto prazo, esta é a altura ideal para os preparar para alcançar objetivos de longo prazo através da poupança.
Vamos considerar que andam interessados em comprar um tablet ou um outro qualquer gadget. Como este tipo de artigos exigem um grande esforço financeiro, por que não conversar com ele sobre o conceito de juros? Isto é, se é fundamental amealhar dinheiro, também é importante saber como fazê-lo crescer.
Neste sentido, familiarize-o com o funcionamento, por exemplo, das contas-poupança ou dos depósitos a prazo e, progressivamente, converse com ele sobre a diferença entre cartões de crédito e débito ou sobre outras aplicações financeiras.
Nesta fase, poderá optar por trocar a semanada pela mesada e esclarecer as dúvidas que ele vai tendo sobre como rentabilizar o dinheiro que lhe vai dando. A mensagem a passar será a de que poupar ajuda-nos a atingir os nossos sonhos, mas que também é preciso saber poupar.
Dos 15 aos 18
À medida que o seu filho se vai tornando um adolescente, poderá começar a sensibilizá-lo para conceitos financeiros mais complexos.
Por exemplo, se tem crédito habitação ou um crédito automóvel explique-lhe a responsabilidade das prestações mensais que tem para pagar, tal como o peso que têm no orçamento familiar.
O conceito de crédito em si é fundamental para que o seu filho perceba que os créditos podem ser bons instrumentos de gestão financeira desde que bem geridos.
Ensinar o valor do dinheiro aos filhos: resumindo
A consciência do esforço, o conceito de escolha, o valor da poupança e a boa gestão dos gastos. Se tivéssemos que traçar uma cronologia desde os 6 até aos 18 anos, estes seriam os conceitos fundamentais a incluir na educação financeira dos seus filhos.
Voltamos a sublinhar o quão importante é o diálogo, o esclarecimento de dúvidas, o contacto direto e indireto com as despesas e, sobretudo, o valor do exemplo. De nada adiantará passar mensagens de poupança se o seu comportamento for excessivamente consumista.
Tente dar-lhes as ferramentas necessárias para se tornarem adultos responsáveis, autónomos e financeiramente estáveis. Um dia mais tarde vão agradecer-lhe.