Apesar do anúncio do Governo de pausa letiva até 5 de fevereiro, vários jornais noticiaram que a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGES) terá enviado um email às escolas com indicações para se prepararem para o ensino à distância.
O email enviado incluía o pedido para as escolas estarem preparadas para, se necessário, voltar às aulas à distância. Em esclarecimentos ao Jornal de Notícias, o Ministério da Educação diz que o email enviado incluía “várias informações redundantes, mas necessárias para que toda a organização escolar ocorra devidamente”, não representando uma decisão do Governo.
O comunicado do Conselho de Ministros de 28 de janeiro de 2021 veio agora confirmar que vão ser
“retomadas estas atividades, a partir do dia 8 de fevereiro, em regime não presencial”.
Recuando a março de 2020, a ameaça do novo coronavírus ditou o isolamento social para travar a propagação do vírus e, por isso, fecharam-se creches, escolas e universidades. No entanto, deveres e obrigações de professores e alunos não ficaram suspensos. Para além disso, surgiu a necessidade de continuar o ensino ainda que à distância, o que exigiu adaptações a toda a comunidade escolar.
Voltando a 2021, mantendo-se o crescimento dos números da COVID-19 em Portugal, o ensino online está, assim, mais uma vez de regresso.
Continue a ler e conheça as vantagens e dificuldades encontradas neste regime de aulas não presencial.
Ensino à distância: as dificuldades em março de 2020
Em março, a transição para o ensino online foi uma realidade que se revelou particularmente exigente para professores que tiveram de desenvolver e aperfeiçoar competências para o ensino à distância, desde ferramentas digitais a estratégias de ensino para chegar a todos os alunos.
Pais e alunos depararam-se também com a dificuldade de adaptação a novas ferramentas digitais. Uma outra dificuldade prendeu-se com o número elevado de alunos que não possuíam computador e/ou acesso à internet. Tudo isto terá aumentado ainda mais as desigualdades entre alunos.
Em novembro de 2020, as escolas receberam instruções sobre entrega de computadores a alunos e respetiva ligação à internet. Esta ação desenvolve-se no âmbito do programa Escola Digital.
O que dizem os professores
A Federação Nacional de Professores (Fenprof) realizou um inquérito a professores sobre o ensino à distância no ano letivo passado e cujos dados publicou em junho de 2020.
Nesta publicação, a organização sindical apresentou os dois tópicos mais destacados pelos professores:
- Agravamento da desigualdade entre os alunos pela falta de apoios e, também, por questões de ordem social que se tornaram ainda mais problemáticas. Situações de layoff ou desemprego tiveram grande impacto na ordem familiar e no acompanhamento dos filhos;
- Desgaste dos professores pela necessidade de adaptação a um novo modelo de ensino. Mais ainda há a dificuldade de, à distância, acompanhar todos os alunos e satisfazer as necessidades educativas específicas de cada um.
Ainda de acordo com os resultados do questionário, a maioria dos docentes, 92,9%, considerou que os défices que resultaram do ano letivo anterior devem ser superados, preferencialmente, através da integração das matérias que ficaram neste novo ano.
O que dizem os encarregados de educação
O agravamento da desigualdade entre alunos nas aulas à distância foi também a preocupação apontada pelas associações de pais e encarregados de educação. No entanto, também consideram ter sido a solução possível.
Citado pela Lusa, em junho de 2020, Rui Martins, Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), considerou que a solução encontrada no ensino à distância e na nova telescola, o #EstudoEmCasa da RTP Memória, não resolveu todas dificuldades. Por outro lado, reconhece que tudo foi feito para colmatar as desigualdades.
Jorge Ascenção, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), citado também pela Lusa, não considerou que este tenha sido um período perdido. Mais ainda, elogiou o “esforço digno e hercúleo” de todos aqueles que trabalharam para minimizar as desigualdades.
Os esforços vieram das Escolas, autarquias e outras instituições que se uniram para assegurar o acesso ao ensino dos alunos mais desfavorecidos. Para isso foram desenvolvidas ações como a distribuição de materiais de trabalho em suporte de papel ou do empréstimo de computadores. Também o Ministério da Educação encontrou na RTP Memória um meio de fazer chegar as aulas a casa de todos os alunos pela televisão.
No final do ano letivo anterior, pais e encarregados de educação apontaram como possível solução o ensino online intercalado com aulas presenciais, estas últimas pela importância do contacto social nestas idades.
Ensino à distância: vantagens
Sem dúvida que a pandemia pela COVID-19 veio alterar hábitos e costumes. Naturalmente, estas alterações refletiram-se nas escolas e no modo como o ensino se apresenta.
Apesar das dificuldades encontradas por professores, alunos e encarregados de educação, a verdade é que também haverá vantagens nas aulas a partir de casa como, por exemplo:
- Em tempos de pandemia, as aulas em casa conferem uma maior proteção à família;
- Não há deslocações, permitindo flexibilizar horários.;
- Promove a autonomia e responsabilidade dos alunos;
- Os testes e exames podem ser realizados com mais serenidade;
- Potencia relações familiares sólidas;
- Possibilidade de uma educação integrada e consistente.
DGE e o ensino à distância
Na página da Direção-Geral da Educação (DGE) podemos encontrar esta oferta educativa e formativa para os 2.° e 3.° ciclos do ensino básico e do ensino secundário como currículo complementar das outras ofertas curriculares existentes nestes níveis de ensino.
Funciona através de uma plataforma digital, constituída por salas de aula virtuais, organizadas por público-alvo, ano e ciclo de escolaridade, com recurso a formas de trabalho síncronas e assíncronas.
O Ensino à Distância (E@D) é regulamentado pela Portaria 359/2019, de 8 de outubro. É esta define as regras e procedimentos relativos à organização e operacionalização do currículo, bem como o regime de frequência.
O E@D é uma modalidade de ensino que se constitui como uma alternativa de qualidade para os alunos impossibilitados de frequentar presencialmente uma escola, alicerçada na integração das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nos processos de ensino e aprendizagem como meio para que todos tenham acesso à educação.
A 27 de março de 2020, em contexto de pandemia, a DGE publicou também um roteiro com oito princípios orientadores para a implementação do E@D nas escolas.