Nuno Margarido
Nuno Margarido
23 Ago, 2017 - 08:12

Associação de Cervejeiros: craft beer não é “moda passageira”

Nuno Margarido

Em 2016 foi criada uma Associação de Cervejeiros em Portugal para legislar, promover e até educar o mundo cervejeiro. Conheça a sua visão sobre a craft beer.

Associação de Cervejeiros: craft beer não é "moda passageira"

O movimento craft beer – conhecido também por cerveja artesanal – tem crescido a olhos vistos. Para além de cerca de uma centena de produtores, Portugal já começa a registar vários festivais de cerveja espalhados por todo o país. Para legislar, promover e até educar os consumidores foi criada a Associação de Cervejeiros, com quem estivemos à conversa.

8 perguntas à Associação de Cervejeiros

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O que é que vos motivou a criar a associação?

O facto de não nos sentirmos representados por nenhuma outra associação no setor e a explosão no número de cervejeiras artesanais em Portugal. Mas também a necessidade de aproveitar as oportunidades positivas criadas pelo surgimento de novas cervejeiras e do interesse demonstrado pelos consumidores. Queremos, juntos, atuar em áreas como legislação, promoção e educação no setor.

O movimento craft beer em Portugal está de boa saúde e recomenda-se?

Se tivermos como como comparação os anos anteriores, estamos cada vez com mais saúde. Já não nos veem como moda passageira, mas como algo que veio para ficar. Temos noção que existe um longo caminho a percorrer mas os primeiros passos foram dados numa passada larga. O facto de existir cada vez mais interesse tanto do consumidor como dos próprios intervenientes do mercado é sinal que se recomenda.

Quais são as diferenças entre as ditas cervejas artesanais e as comerciais?

Acima de tudo, a proximidade com o cliente, a possibilidade de saber quem as faz e ter hipótese de estar lado a lado com o produtor. E também a qualidade do produto final. Aqui não há a obsessão com o lucro das grandes corporações.

O que é que o país precisa para ver o movimento crescer?

Dar a conhecer os nossos produtos é essencial para que haja cada vez mais consumidores. Desses consumidores muitos terão a coragem de começar a fazer cerveja em casa e, quem sabe, um dia abrirem o seu próprio negócio. Mas gostávamos de conseguir chegar a outros mercados que nos foram vedados por práticas que consideramos anti-concorrenciais.

Qualquer pessoa pode produzir cerveja em casa?

Sim, com pouco investimento já se consegue fazer cerveja em casa e com resultados bastante satisfatórios. É como qualquer hobby: vai-se tão longe quanto a paixão que se tem. Curiosamente, foi assim que começaram muitos dos que são hoje considerados os melhores cervejeiros.

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Em Portugal, já se produzem cervejas ao nível das melhores do mundo?

Se os resultados nos concursos internacionais são reflexo de qualidade então a resposta é um taxativo sim. Felizmente, a evolução da qualidade dos nossos produtos é acompanhada de perto pelos produtores e consumidores internacionais resultando em algumas cooperações com marcas estrangeiras e a exportação de muita da nossa cerveja para outros mercados.

Portugal pode atingir a cultura cervejeira de outros países como a Bélgica, a Alemanha ou os EUA?

Gostávamos de responder afirmativamente e temos a ideia que é o sonho que muitos cervejeiros portugueses têm em comum. Como diria o poeta: “O sonho comanda a vida”.

Saborear uma cerveja é algo que ainda exige alguma vontade de aprender… quais são os maiores erros que os portugueses cometem?

Não exigir o que querem e contentarem-se com o que lhes dão. Talvez as temperaturas a que as cervejas são servidas sejam o grande “calcanhar de Aquiles”, mas mais do que os erros que os consumidores cometem, temos que trabalhar nos postos de venda e fazer com que estes sejam parte de um processo de aprendizagem que vai desde a temperatura de serviço e tipo de copo a ser utilizado até à parte de harmonização com comida. O vinho foi tão bem trabalhado em Portugal que acho que devíamos aprender alguma coisa com ele.

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