Share the post "Entrevista de emprego: como falar dos defeitos e qualidades"
“Fale-nos das suas qualidades” ou “quais são seus defeitos?” são perguntas que (salvo raras exceções) todos os recrutadores colocam durante a entrevista de emprego. Se deixa os candidatos confortáveis? Provavelmente, não. Mas, há formas de saber responder da melhor maneira à questão.
Como falar dos defeitos e qualidades em entrevistas de emprego
Ao contrário do que possa pensar, estas perguntas não surgem com o intuito de o “encostar à parede”. Na realidade trata-se de uma estratégia que os recrutadores usam para perceber como o candidato reage a um tipo de questões com um grau elevado de possibilidade de causar desconforto, e, ao mesmo tempo, para verificarem se tem consciência daquilo em que é bom e menos bom.
Entrevista de emprego: disputa ou negociação?
Uma entrevista de emprego pode ser vista como uma espécie de jogo mental, uma disputa entre o recrutador e o entrevistado. E do seu lado, importa que possa incutir uma imagem de confiança em si próprio ao seu recrutador, de forma a conduzir o seu “adversário” para que ele construa uma ideia específica sobre a sua personalidade pessoal e profissional e, consequentemente, a ser o escolhido. O mais interessante nesta perspetiva é que a melhor forma de o fazer é conduzir a entrevista de modo a que se assemelhe a um processo de negociação.
Como reagir?
Apesar de poder ser uma das perguntas mais complicadas durante a entrevista de emprego, lembre-se que pode ser a chave para que o seu recrutador avalie não só o seu nível de confiança, mas também a sua honestidade. É aqui que reside o segredo para escapar ileso a esta pergunta: estabelecendo o contexto apropriado, pode dar aos entrevistadores uma resposta honesta e cuidadosa que destaque o seu nível de autoconhecimento.
Responder com honestidade e manter as suas respostas baseadas nas suas qualidades profissionais será com certeza, um ponto a seu favor, e música para os ouvidos do entrevistador.
No caso de pressentir um ambiente de informalidade, poderá ser boa ideia dar a conhecer uma ou outra faceta da sua vida pessoal; isto dá um “rosto humano” ao trabalhador e permite também ao entrevistador conhecê-lo noutro contexto e perceber um pouco melhor como é que é enquanto pessoa. Deixe escapar que tem dois filhos que adora, que tem animais de estimação, que faz voluntariado em alguma associação, que adora música… Aspetos positivos que mostrem o seu “lado b”!
Qual a resposta correta?
Não há! Infelizmente, a fórmula para passar com distinção a esta pergunta durante uma entrevista de emprego não foi ainda encontrada. Mas uma coisa é certa: tentar fugir à pergunta não o vai ajudar. Da mesma forma, usar os clichés habituais para responder à questão, também não será positivo.
Todos temos defeitos, por isso não os esconda, pelo contrário, saiba lidar com eles. Admitir que tem caraterísticas menos positivas não implica que não vá conseguir o emprego a que se está a candidatar. O importante é manter uma postura positiva.
A forma de reagir à questão dos defeitos deve ser o mais espontânea e natural possível. Não há ninguém perfeito, e o entrevistador sabe disso. Evite dar respostas como “o meu maior defeito é não conseguir parar… Eu trabalho demasiado”. Com uma resposta destas vai o recrutador irá perceber que se trata de uma resposta para “ficar bem na fotografia” e isso definitivamente não é bom!
Qualidades, sim! Mas, sem exageros…
Normalmente é mais fácil para os candidatos assumirem as suas qualidades no contexto de uma entrevista de emprego. Se aliada à honestidade vier uma pequena dose de humildade isso não será nada mal visto. Tente não parecer o especialista que tudo sabe e tudo faz. Ao responder a esta questão dê relevo às suas competências e qualidades que possam vir a exercer um impacto positivo no desempenho das suas funções. No entanto, evite dar respostas demasiado “pré-fabricadas”. Lembre-se, fuja aos clichés!
Converta os seus defeitos em desafios e soluções
Qualquer resposta que dê durante uma entrevista de emprego deve ser orientada para as funções específicas a que se está a candidatar. As perguntas sobre as qualidades e defeitos não são exceção. O segredo aqui passa por mostrar que está disposto a usar esses defeitos para evoluir e melhorar enquanto pessoa e profissional.
“Sou bastante teimoso, mas geralmente uso essa característica para não desistir de um projeto”, ou “evito o conflito a todo o custo, o que me torna geralmente na balança de equilíbrio numa equipa” são algumas das respostas exemplo que poderá dar ao entrevistador.
Se, por outro lado, não encontrar forma de transformar o(s) seu(s) defeito(s) em soluções, assuma que está a tentar melhorar essa faceta; a sinceridade vai ser valorizada na sua entrevista, acredite!
E se pedirem para inverter os papéis?
Esta é outra das situações que tem vindo a acontecer cada vez mais e para a qual deve estar preparado. Por vezes o recrutador pede-lhe a si para lhe fazer perguntas, as que achar mais indicadas.
Aproveite esse momento para se mostrar interessado pela empresa em que pretende trabalhar. Pergunte, por exemplo, como é um dia habitual de trabalho nesse local, pergunte quais as características mais valorizadas, que tipo de perfil gostariam de recrutar e qual a faceta indispensável para se trabalhar nesse local.
À medida que faz essas perguntas, deixe “escapar” algumas informações que estudou da empresa (ex: “sendo uma empresa com x colaboradores, o espiríto de equipa é das características mais valorizadas?” ou “existindo xx delegações no país, o que é mais importante para manter a equipa unida e motivada?).
Em suma, por muito que gostasse de evitar, o mais certo é que lhe perguntem quais são as suas qualidades e defeitos. Por isso, antes de entrar na sua entrevista de emprego, prepare-se devidamente para estar apto a responder de forma segura e consciente às perguntas chave – que nem sempre o deixam confortável.
Se quer impressionar, lembre-se que deve deixar todo e qualquer nervosismo ou insegurança à porta. Lembre-se que as primeiras impressões podem ser decisivas e a sua entrevista de emprego vai além das perguntas colocadas. Não há uma segunda oportunidade para criar uma primeira boa impressão… Por isso, prepare-se para que na hora “H” possa responder a todas as perguntas de forma segura, incisiva, mas sempre com sinceridade.
Dicas de respostas possíveis:
Primeiro, dê a conhecer a sua maior fraqueza. Depois, adicione um contexto e um exemplo específico ou uma história de como essa característica apareceu na sua vida profissional. Esse contexto dará aos potenciais empregadores uma visão do seu nível de autoconsciência e compromisso com o crescimento profissional, tal como mencionamos anteriormente.
Um exemplo prático:
“Eu sou demasiado duro comigo próprio. Um padrão que notei ao longo da minha carreira é que muitas vezes sinto que poderia ter feito mais e melhor, mesmo que reconheça que me tenha saído bastante bem na tarefa proposta. Às vezes, isso leva-me à exaustão. Uma solução que implementei nos últimos três anos é pausar e celebrar de forma ativa as minhas conquistas. Isso não só ajudou a subir a minha autoestima, mas também ajudou-me a apreciar e reconhecer o mérito da minha equipa. ”.