Uma entrevista na função pública pode representar um verdadeiro desafio, diferente de qualquer outra entrevista no setor privado. Isto, porque há alguns aspetos que obedecem a exigências muito próprias do setor, as quais vão muito além das competências do candidato a emprego.
Para garantir a sua melhor resposta e aumentar as probabilidades de sucesso nesta fase do processo de recrutamento, perceba o que deve fazer para se preparar para uma entrevista na função pública.
Particularidades de uma entrevista na função pública
Uma entrevista de emprego na função pública é, em regra, mais fechada e mais exigente do que no setor privado.
Fatores avaliados
Num pocedimento concursal para preenchimento de um posto de trabalho na função pública, a entrevista profissional de seleção tem em conta os seguintes fatores:
- Sentido Crítivo (SC)
- Motivação (M)
- Capacidade de Expressão e Comunicação (CEC)
- Aptidão e Conhecimentos Profissionais para o Desempenho da Função (ACPDG)
Mas, o que é avaliado em cada um destes fatores?
Neste ponto, é avaliada a apreciação das opções tomadas e respetiva fundamentação e capacidade de argumentação perante situações possíveis ou reais, nomeadamente, no âmbito da sugestão de novas práticas de trabalho, com vista ao aumento da qualidade do respetivo serviço.
No que respeita à motivação, é analisado o percurso profissional do candidato, bem como as principais razões profissionais e/ou pessoais da candidatura, aspirações, empenho e interesse e conhecimento relativamente às funções a desempenhar.
Relativamente às capacidades de comunicação, avalia-se aqui a capacidade do candidato para um discurso claro, objetivo e com sequência lógica, bem como a riqueza de vocabulário e análise de diferentes temas ou situações que possam ser apresentadas, inerentes ao posto de trabalho.
Na avaliação do último fator, é apreciado, nomeadamente, o modo como o/a candidato/a se posiciona relativamente à sua experiência profissional, capacidade de adaptação ao posto de trabalho a que se candidata.
Classificação final
A avaliação de cada fator pode variar entre Elevado, Bom, Suficiente, Reduzido e Insuficiente, numa escala de zero a vinte (0-20). A soma de todos os fatores, perfaz a classificação final da entrevista na função pública, seguindo a seguinte fórmula:
Classificação Final da Entrevista Profissional de Seleção:
EPS = SC + M + CEC + ACPDG / 4 = _ valores
Outros aspetos a considerar
Entre as diferentes características e comportamentos avaliados durante a entrevista na função pública, há diferentes aspetos a considerar, relacionados com a comunicação, atitudes, formação académica, cultura, aptidões mentais, potencialidades (como o otimismo, criatividade e sociabilidade).
Entre os aspetos considerados essenciais, contam-se a personalidade, os conhecimentos técnicos e o comportamento a nível psicossocial.
Entrevista na função pública: como se pode preparar?
O primeiro passo a dar para se preparar para uma entrevista na função pública é recolher informação.
Pesquise e estude sobre as funções do cargo a que se candidata, bem como sobre respetivo o organismo ou entidade pública, as suas atividades/responsabilidades, projetos já desenvolvidos ou em curso. Toda a informação é importante para poder dar resposta a qualquer pergunta que lhe possa ser colocada.
Perguntas habituais a ter em conta
Há algumas perguntas que costumam integrar uma entrevista na função pública, independente do cargo. Treine as respostas. Isso vai permitir-lhe dar respostas mais seguras e fundamentadas, causando boa impressão aos entrevistadores.
“Fale-nos de si”
Ainda que já tenha conseguido chegar até aqui, é habitual que numa entrevista na função pública, tal como noutras, lhe seja pedido que fale um pouco sobre si, a sua experiência profissional, principais pontos fortes e fracos, projetos e objetivos.
Fale brevemente sobre o seu percurso – formação e experiência profissional, enfatize conquistas, refira as suas paixões, e mencione duas ou três habilidades relevantes para o cargo.
“Quais os seus objetivos profissionais?”
A resposta a esta pergunta pretende perceber de que forma o cargo e funções a ele inerentes se encaixam no seu perfil e objetivos de carreira. Mostre que sabe o que esperam de si, explique que tem competências para desempenhar bem o seu papel e como é que isso o deixa satisfeito e realizado. Poderá até referir alguma sugestão ou proposta que gostaria de realizar.
“O que sabe sobre nós?”
É fundamental que, mais do que saber as funções que irá desempenhar, caso preencha a vaga, conhecer a entidade ou organismo público em causa, nomeadamente a sua importância local, regional, nacional ou outra, bem como projetos desenvolvidos, entre outras informações que possam ser relevantes.
“Por que quer trabalhar aqui?”
É sempre uma pergunta possível. Isto, porque pode ser interessante para os entrevistados entender os motivos que o levam a querer trabalhar na função pública e em determinado organismo. É claro que a segurança pode ser uma das razões, mas deverá apresentar outras que podem passar, eventualmente, pelo contacto próximo com a população local, pela obra pública ou outras que façam sentido e sustentem a sua opção.
“Por que deve ser o candidato escolhido?”
Esta é a sua oportunidade de brilhar e apostar tudo. De forma segura e confiante (mas não arrogante) promova-se, defenda a sua experiência, o seu conhecimento, as suas competências e objetivos, de modo a mostrar que é, sem duvida, a pessoa certa para o lugar.
No dia da entrevista…
Antes de mais, deve ter o cuidado de chegar com antecedência. A pontualidade é um
aspeto que não pode ser descurado e o ideal é que chegue ao local 10 a 15 minutos antes. Dessa forma, não só causa boa impressão, como tem tempo para relaxar um pouco.
Lembre-se que se numa empresa pode, eventualmente, telefonar a pedir para alterar a hora ou o dia da entrevista, na função publica, os procedimentos são mais rígidos e deve mesmo apresentar-se no dia e hora marcados.
A primeira impressão é dada pelo seu aspeto e comportamento. Convém ter em consideração que são avaliados aspetos verbais, mas também os não verbais.
Dê especial atenção ao que veste, evite cores escuras, pois estas transmitem uma imagem
negativa. Escolha uma roupa simples, dentro de uma linha conservadora. Evite saias curtas, decotes, roupas justas, calças de ganga ou vestuário demasiado informal ou com pormenores exagerados. Opte por um fato ou umas calças e uma camisa branca, por exemplo.
Devem ser evitados exageros no uso de joias e de maquilhagem.
Deve levar para a entrevista apenas uma carteira ou uma pasta. Claro está que também não se pode descurar o calçado (simples e limpo), as unhas (arranjadas) e a barba (desfeita).
Quando for chamado para a entrevista, faça-o de forma confiante e sorridente. Não deve tomar a iniciativa do aperto de mão mas sim aguardar que o cumprimentem. No atual contexto, este é um pormenor que fica, necessariamente, simplificado pelas recomendações de segurança.
Deve aguardar que o convidem a sentar-se e utilizar uma postura correta. Se for mulher, deve colocar a carteira no chão, a seu lado, e não sobre o colo. É aconselhável olhar o entrevistador nos olhos quando está a falar com ele, ainda que sem exagerar.
Deve falar com clareza, sem tapar a boca com as mãos e não murmurando as
respostas, ou perguntas.
No final da entrevista, deve agradecer e despedir-se de forma educada e sorridente.
E como aliviar o stress?
Um dos problemas com que poderá deparar-se no dia da entrevista na função publica é o stress e a ansiedade provocados pelo momento. O facto de ser um dos poucos candidatos nesta fase do procedimento concursal, aumenta a tensão.
7 Dicas que podem ajudar:
- Prepare-se adequadamente;
- Durma bem na noite anterior;
- Mantenha o pensamento positivo;
- Caminhe para eliminar a tensão;
- Descontraia os músculos faciais esticando todo o rosto, tentando mover os músculos para cima e para baixo e da esquerda para a direita;
- Respire fundo;
- Abra e feche as mãos para alívio da tensão muscular.
Como qualquer outra, a entrevista na função pública é determinante, e pode ser a ultima oportunidade de conseguir a vaga a que se candidatou, visto que, habitualmente, acontece numa fase final ou avançada do processo de recrutamento.