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Dois anos depois do bem-sucedido primeiro livro de Pedro Andersson, a Contraponto publica “Contas-Poupança – Poupe Ainda Mais, Invista Melhor”, o novo livro do jornalista, conhecido do grande público pelo programa líder de audiências da SIC, “Contas-Poupança”.
O livro está repleto de dicas inéditas de poupança adaptadas ao momento presente e está disponível nas livrarias desde o dia 7 de setembro de 2018.
Contas-Poupança – Poupe Ainda Mais, Invista Melhor, de Pedro Andersson
É uma cara conhecida de todos os portugueses e as suas dicas de poupança já mudaram, com toda a certeza, a saúde financeira de muitos de nós. Com a intenção de nos ajudar a ser consumidores conscientes, os conselhos e dicas práticas do jornalista contribuem para que possamos fazer mais com o mesmo dinheiro.
Pedro Andersson, que escreve regularmente para o E-Konomista, acredita que as grandes poupanças são mesmo possíveis e a atestar esta convicção está um conjunto de testemunhos de espectadores do programa e leitores do primeiro livro. Paulo Pimenta é um desses casos: poupou mais de 130 mil euros com a mudança do crédito habitação. Este e outros testemunhos podem ser encontrados no livro.
Quer pagar menos pelo seu crédito à habitação? E ver as suas poupanças renderem mais? Gostaria de aumentar o seu reembolso de IRS? “Contas-Poupança – Poupe Ainda Mais, Invista Melhor” tem a resposta para estas e outras situações tão importantes do dia-a-dia.
“Contas-Poupança – Poupe Ainda Mais, Invista Melhor“. Fonte: Contraponto Editores
Os conselhos de Pedro Andersson sobre poupança e investimento
1. Lançou no início deste mês o segundo livro Contas-Poupança e é responsável pelo conhecido programa de TV com o mesmo nome. Desde quando e por que motivo se tem dedicado aos temas das finanças pessoais?
Nunca tive nenhuma formação de economia e de finanças pessoais. Sempre fui um cidadão e consumidor “normal”. Ganhava e gastava o meu salário. Com a crise de 2008, de repente, descobri que o dinheiro não me chegava ao fim do mês. Abri os olhos pela primeira vez para a forma como gastava o meu dinheiro. Tive de renegociar com o banco o meu crédito à habitação e decidi rever uma a uma todas as faturas e contratos que tinha com as várias empresas e instituições.
Descobri que podia baixar todas elas sem perder qualidade de vida e conforto. Propus à direção de Informação da SIC transformar essa minha experiência numa rubrica semanal para partilhar com os portugueses o que ia descobrindo e explicando como o fazer de forma simples e prática, sem teorias ou complicações. Foi assim que nasceu o “Contas-Poupança” em 2011. Até hoje.
2. O Pedro é, naturalmente, um rosto muito associado às temáticas da poupança. Quais as dúvidas que lhe chegam mais frequentemente?
As principais dúvidas estão relacionadas com os bancos, seguradoras e impostos. Nós não sabemos lidar com as grandes empresas e com o Estado. Sentimo-nos sempre muito “pequeninos” e não sabemos defender-nos nem argumentar. Tem sido a minha guerra ao longo destes anos: saber dizer “não” e “porquê”. E reclamar. Sempre.
“Nós não sabemos lidar com as grandes empresas e com o Estado. Sentimo-nos sempre muito ‘pequeninos’ e não sabemos defender-nos…”
3. Qual é, na sua opinião, o estado da literacia financeira dos portugueses?
A literacia financeira dos portugueses está cada vez melhor. Mas como partimos praticamente do zero, o caminho está a ser longo. Mas até uma volta ao mundo começa com o primeiro passo. Estou otimista. Aos poucos, vamos lá.
4. A taxa de poupança em Portugal tem atingido mínimos históricos, sendo bastante inferior à europeia. A que se deve este comportamento de poupança?
Em Portugal, temos uma mentalidade descontraída e gastadora. Não pensamos muito no amanhã. Se me “apetece” fazer uma coisa ou comprar uma coisa e tenho dinheiro para isso (ou posso endividar-me) faço-o. De certa forma, somos felizes ao fazer isso. Mas é uma felicidade de pouca dura.
Eu posso ter duas semanas de férias espetaculares, em que gasto o que me apetece, ou troquei de carro ou de casa, mas depois passo o resto do ano a pagar essas férias ou despesas ou a queixar-me que o dinheiro não chega até ao fim do mês. Podíamos ser mais equilibrados na forma como gerimos o nosso dinheiro. Somos de extremos. Ou desbaratamos ou somos “forretas”.
Há um caminho a meio que me parece o mais sensato. É o que tento transmitir. Mas faço sempre a ressalva de que cada um gasta o seu dinheiro como quer. Não sou ninguém para dizer às pessoas o que fazer com o dinheiro que ganham. Tento sempre passar a mensagem de que devemos poupar, para investir, para termos dinheiro para gastar. Esse é o meu caminho.
“Podíamos ser mais equilibrados na forma como gerimos o nosso dinheiro. Somos de extremos. Ou desbaratamos ou somos ‘forretas’.”
5. Que erros de gestão financeira cometem os portugueses que os impede de poupar mais?
Gastar sem pensar. Não planear as compras. Não fazer contas antes de adquirir determinados bens. Não ler as letras miudinhas. Assumir compromissos e só depois perceber que não os deviam ter assumido. Não prever as dificuldades. Não comparar com a concorrência antes de comprar. Acreditar em tudo o que lhes dizem, não percebendo que quem está à sua frente está a vender o produto da empresa (com a melhor das intenções) e não o que é melhor para si.
6. O Pedro testa todas as suas dicas. Qual o impacto que estas têm tido no seu orçamento familiar?
Muito grande. Testo todas as dicas que dou. A maior parte delas vêm da minha experiência diária enquanto consumidor. Quem me dera saber o que sei hoje aos meus 20 anos. Talvez daqui a muito poucos anos já não precisasse trabalhar. Mas não estou rico nem coisa que se pareça.
O meu objetivo é ter uma vida equilibrada e saber o que faço e o que quero. Durmo bem à noite e sei que se tiver um imprevisto não estarei com a corda na garganta. Para mim isso basta.
Não sou daqueles “motivadores” que quer incentivar todos a serem ricos e milionários. Se conseguir que as pessoas melhorem um bocadinho a sua vida financeira hoje já fico muito contente e sentir-me-ei realizado. Será um avanço extraordinário face ao cenário em que vivemos em Portugal.
“Quem me dera saber o que sei hoje aos meus 20 anos. Talvez daqui a muito poucos anos já não precisasse trabalhar.”
7. Das várias áreas de poupança que tem vindo a investigar, em quais é possível poupar mais dinheiro?
Nas grandes despesas: crédito habitação, crédito automóvel, seguros e impostos. Só nestas áreas a poupança imediata pode ser de dezenas de milhares de euros. Explico no livro “Contas-Poupança” passo a passo como pode fazer isso. Muitas das 34 dicas que lá menciono podem aplicar-se a si ou a familiares e amigos seus.
8. Tão importante como poupar é investir essas mesmas poupanças. Acha que os portugueses têm medo de investir?
Um medo imenso. Aliás, eu próprio faço parte desse grupo. Só estou agora a abrir os olhos para esse território por obrigação profissional. O que posso dizer é que desde março deste ano (2018) com uma pequena parcela de dinheiro que tinha disponível para testar as reportagens sobre investimento já ganhei mais em juros do que com todas as minhas poupanças “normais” ao longo de todo o ano passado.
Claro que estamos a falar de produtos de risco sem capital garantido. O que quer dizer que posso perder todo esse “lucro” de um dia para o outro.
Mas o que descobri fez-me pensar e sobretudo aguçou a minha curiosidade sobre as várias ferramentas de investimento que desconhecia completamente: Fundos de Investimentos, PPR, Crowdfunding nacional e estrangeiro, novas plataformas internacionais, ações, etc.
Mas nunca se meta em nada que não perceba. Primeiro, experimente com pequenos montantes (50 ou 100 euros, por exemplo) até perceber como funciona e se achar bem, comece a investir mais. Mas sempre dinheiro que não lhe faça falta nos próximos tempos.
“Mude sempre o seu crédito para um banco que lhe faça mais barato. (…) Nunca gaste mais do que ganha. (…) E invista tudo o que poupar (…)”
9. Quais considera ser os investimentos mais rentáveis?
Os que têm risco. Os investimentos ligados ao mercado bolsista são incontornáveis, mesmo que não compre ações. E o imobiliário, nesta fase. Claro que tudo pode mudar de um momento para o outro. Mas quem nunca investir nunca perceberá como funciona.
Ter o dinheiro parado numa conta a prazo nunca será suficiente para pôr o dinheiro a trabalhar para si. O objetivo ideal é sempre ter ativos suficientes que rendam mensalmente o suficiente para que possa deixar de trabalhar por necessidade. É possível. Mas dá muito trabalho e exige motivação e disciplina.
10. Se tivesse de escolher apenas 3 dicas de poupança e gestão financeira do seu novo livro, quais seriam?
Mude sempre o seu crédito para um banco que lhe faça mais barato. Não está casado com o seu banco. Nunca gaste mais do que ganha. Faça disso um mote de vida. E invista tudo o que poupar (depois de ter um fundo de emergência completamente garantido). Depois, é ver o dinheiro crescer.
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