A nível mundial, há aproximadamente 65 milhões de pessoas que sofrem de epilepsia. Nos Estados Unidos da América, esta é mesmo a quarta doença neurológica mais frequente. No nosso país, estima-se que haja cerca de 40 a 70 mil pessoas com epilepsia. Esta é ainda uma das doenças crónicas mais prevalentes em idade pediátrica, afetando 1 em cada 100 crianças.
Apesar de não ter cura, esta é uma doença que pode ser controlada através da realização de uma terapêutica adequada e devidamente recomendada por um médico. Fique a saber mais sobre este problema de saúde.
Epilepsia: causas e sintomas
De uma forma geral, a epilepsia é uma doença que se manifesta através de crises convulsivas recorrentes, súbitas e imprevisíveis. Na sua origem, está uma disfunção do sistema nervoso.
Causas da epilepsia
Nem sempre é possível determinar com exatidão a origem da epilepsia. Contudo, há várias causas que podem ser associadas à doença, a saber:
- Genética: Em alguns casos, a epilepsia pode estar relacionada com um defeito genético, como as mutações do gene SCN1A ou o síndrome de Dravet.
- Metabólica: Distúrbios como acidentes vasculares cerebrais, traumas ou infeções também podem estar na origem do surgimento da epilepsia.
Fatores potenciadores de uma crise epilética
Há fatores que podem potenciar a manifestação de uma crise epilética e que, por isso, sempre que possível, devem ser evitados pelos doentes que sofrem desta patologia. Alguns deles são:
- Stress e ansiedade
- Privação de sono
- Suspensão abrupta de medicamentos
- Febre e infeções
- Hipoglicemias
- Toma de medicamentos (antidepressivos, anestésicos, entre outros)
- Consumo excessivo de álcool
- Tabagismo
- Cansaço
- Estímulos muito intensos (luzes brilhantes, televisão, vídeo, computador)
- Alterações hormonais na mulher
Sintomas gerais
Os sintomas associados às crises ou aos ataques epiléticos podem variar muito de caso para caso. Porém, alguns dos sinais de alerta mais recorrentes são:
- Olhar fixo, durante 5 a 10 segundos
- Perda súbita da força muscular com queda
- Perda de consciência com queda
- Movimentos musculares involuntários
- Mordedura da língua ou da bochecha
- Rigidez muscular
- Movimentos rítmicos de todo ou parte do corpo
- Alterações da sensibilidade e dos sentidos
- Perda de urina ou fezes
- Comportamento confuso, sem objetivo
Tipos de crises epiléticas
Apesar dos sintomas gerais apresentados anteriormente, há vários tipos de crises epiléticas, as quais têm manifestações distintas. Algumas delas podem mesmo ocorrer durante o sono e, em determinados casos, o doente pode nem ter memória delas.
- Crise epilética parcial: Neste caso, a descarga elétrica ocorre numa zona reduzida da superfície cerebral, embora possa acabar por atingir todo o cérebro. Os sintomas variam em função da zona do cérebro afetada. Algumas das manifestações possíveis são: movimentos involuntários de um lado do corpo, sem perda de consciência; formigueiro; visão de luzes; entre outros sinais de alerta.
- Crise epilética generalizada: Nesta situação, a descarga elétrica atinge toda a superfície cerebral.
- Crise generalizada tónico-clónica: Neste caso, há perda de consciência associada a queda. Além disso, podem ocorrer movimentos involuntários dos membros; mordedura da língua; saída de espuma pela boca; e incontinência urinária.
- Crise generalizada de ausência: Este tipo de crise é mais frequente em crianças e adolescentes e carateriza-se por uma postura imóvel; alheamento do meio envolvente; e olhar fixo, durante 10 a 15 segundos.
- Crise mioclónica: Nesta situação, ocorrem tremores súbitos de todo ou de parte do corpo, durante alguns segundos.
- Crise generalizada atónica: Neste caso, há uma perda brusca do tónus muscular e da consciência, durante breves segundos.
O que fazer perante uma crise epilética?
Se testemunhar uma crise epilética, deve tomar alguns cuidados e precauções, tais como:
- remover de perto da pessoa objetos com que ela se possa magoar;
- colocar algum tipo de proteção sob a cabeça do indivíduo, como uma almofada, um casaco ou uma mochila;
- não agarrar a pessoa;
- não colocar nada dentro da boca do indivíduo;
- colocar a pessoa na posição lateral de segurança, caso ela não oferece resistência;
- cronometrar a duração da crise e contactar o 112, caso o ataque dure mais de 5 minutos.
Diagnóstico e tratamento da epilepsia
Além da análise da história clínica do doente, a epilepsia pode ser diagnosticada através da realização de exames radiológicos (TC crânio ou RM cranioencefálica) e do eletroencefalograma (EEG).
Hoje em dia, o controlo da epilepsia e das crises associadas a ela é cada vez mais bem sucedido, sem advirem destes tratamentos efeitos secundários significativos. Eis alguma da terapêutica recomendada.
- Medicação: Os medicamentos antiepiléticos são cada vez mais eficazes; têm poucos efeitos secundários; e revelam-se capazes de controlar e evitar crises.
- Cirurgia da epilepsia: Quando os fármacos não resultam, pode ser necessário proceder a uma cirurgia. Esta intervenção consiste na remoção da área cerebral que está na origem das crises epiléticas ou de parte do nervo através do qual as descargas elétricas associadas às crises ocorrem.
- Dieta cetogénica: Outra terapêutica possível é fazer esta dieta que tem por base a eliminação dos hidratos de carbono; o consumo de uma boa quantidade de proteínas; e um aumento da ingestão de alimentos ricos em gorduras. O seu objetivo é criar corpos cetónicos no sangue e na urina, capazes de produzirem cetose suficiente para o tratamento das crises.
- Estimulação do nervo vago: Neste caso, é colocado um dispositivo estimulador sob a pele do tórax, o qual estimula o nervo vago e, assim, regula a atividade elétrica cerebral, evitando as crises.