Share the post "Escolas alternativas ou escolas tradicionais? Veja as diferenças"
A educação é uma das bases primordiais na vida de uma criança. O direito à educação é previsto pela Constituição da República Portuguesa e é essencial para o pleno desenvolvimento infantil. Existem métodos de ensino e escolas alternativas um pouco por todo o mundo e Portugal não é uma exceção. Mas para saber o que melhor se adapta às necessidades das suas crianças, importa conhecer as diferenças entre as escolas tradicionais e as escolas alternativas.
Existem várias abordagens de aprendizagem e, aquando das matrículas escolares, o ensino tradicional já não é o único a ser considerado, pois diversas linhas pedagógicas têm chamado cada vez mais a atenção das famílias.
Montessori, Waldorf e Construtivista são alguns exemplos de métodos de ensino alternativos.
Escolas tradicionais vs escolas alternativas
Desde 1960 que os métodos alternativos de ensino têm vindo a ser descobertos e inseridos em escolas mundiais, principalmente a partir do final da década de 70 e início dos anos 80. Estes métodos apresentam propostas modernas e ensinos fundamentados em pedagogias que, por exemplo, priorizam o estímulo dos talentos pessoais, as artes, o contacto com a natureza e o lado emocional dos alunos.
Saber escolher a abordagem adequada à personalidade da criança é o primeiro passo que pais devem tomar para uma vida escolar de sucesso, visto que o rendimento do aluno pode estar relacionado com o seu perfil perante a pedagogia seguida pela instituição.
Ensino tradicional
As escolas tradicionais seguem um modelo de ensino e avaliação padronizados. O foco da aprendizagem é voltado para a competitividade e representam para os pais uma esperança de sucesso no futuro dos filhos.
À luz do ensino convencional, para formar um estudante com pensamento e raciocínio crítico, é necessário ter uma base sólida de informação. No entanto, pela grande exigência em relação ao desempenho dos alunos, que começa logo na primeira infância, estas escolas passaram a ser questionadas por algumas famílias, educadores e profissionais da área da Educação e Psicologia, por exemplo.
Mesmo com bons resultados nos rankings escolares, pela pressão, exigência e excesso de conteúdos, as instituições de ensino tradicionais podem causar aos seus alunos, stress, ansiedade, insónias e depressão.
Este tipo de ensino valoriza o conhecimento e quanto mais conteúdo o aluno aprende, melhor avaliação terá por parte da escola. Além de exigir bom desempenho, as escolas tradicionais costumam ser mais rígidas em relação ao comportamento, horário, frequência, etc.
As escolas tradicionais continuam a ser as mais procuradas pelos pais, pois consideram ser um investimento na vida da criança e um incentivo ao cumprimento das regras e costumes mais conservadores.
Ensino alternativo
- Método construtivista
Inspirado nas ideias do psicólogo suíço Jean Piaget, o ensino construtivista vê a aprendizagem como uma construção, onde a criança compreende o mundo através da assimilação e usando sempre a sua realidade como referência, ou seja, utiliza os conhecimentos que já possui para compreender os novos.
Por exemplo, as noções de quantidade, proporção, sequência e volume surgem em momentos diferentes do desenvolvimento infantil e de forma espontânea. O aluno é, assim, visto como protagonista da aprendizagem e o professor é o facilitador.
- Método Waldorf
Este método foi criado a partir das ideias do filósofo austríaco Rudolf Steiner, tem este nome porque os primeiros alunos eram funcionários da fábrica alemã Waldorf Astoria.
O método Waldorf acredita que a aprendizagem deve também envolver atividades corporais e manuais para, assim, trabalhar o desenvolvimento físico, social e individual da criança uniformemente. Neste método, os alunos são divididos em faixas etárias, sem reprovações e repetências, por acreditar que o ritmo biológico das crianças não pode ser mudado.
Esta linha pedagógica foca-se no conhecimento da criança para o seu desenvolvimento em diversos aspetos, dando igual importância às formações ética, estética e académica. Com objetivo nas potencialidades individuais, a proposta é valorizar a integração social de escola e família, imaginação, criatividade, arte e capacidades para a solução de problemas.
- Método Montessori
O método montessoriano, proposto pela médica e pedagoga italiana Maria Montessori, foi um dos primeiros a inserir questões afetivas na educação.
Esta teoria de desenvolvimento infantil assenta numa proposta pedagógica de um ensino ativo, no qual a criança cria um sentido de responsabilidade a partir da sua própria aprendizagem. O ambiente precisa de ser rico em estímulos que despertem o interesse para a atividade e convidem a criança a conduzir suas próprias experiências.
Como escolher a escola e método certos?
Na escolha da escola, antes de pensar em escolas alternativas, é importante que os pais tenham em atenção a linha pedagógica seguida pela instituição. Mas é também importante não se prender a rótulos e analisar de perto as práticas realizadas para decidir se as atividades são coerentes com os princípios da família.
Convém também lembrar que, independentemente da proposta pedagógica, a criança ou o adolescente só terá um bom rendimento escolar se se identificar com a instituição de ensino. É, por isso, necessário ter em conta a personalidade dos seus filhos antes de decidir por uma escola.
5 Escolas Alternativas em Portugal
1. Jardins-Escolas João de Deus
Com 55 centros no país e ilhas, os Jardins-Escolas João de Deus seguem um método de ensino que remonta a 1877, ano em que João de Deus escreveu a Cartilha Maternal. Através dela, as crianças aprendem a ler na sequência da aprendizagem da linguagem oral e, apesar de ter mais de 100 anos, a criança aprende a ler e a escrever com mais facilidade, adquirindo competências metalinguísticas.
2. Escola da Ponte
Localizada em Santo Tirso, a Escola da Ponte foi fundada pelo Professor José Pacheco. A base do método utilizado nesta instituição é a crença de que todos podem aprender uns com os outros, mas cada um tem uma forma própria de aprender, procurando-se assegurar a igualdade de oportunidades a nível educacional. Na Escola da Ponte, os planos curriculares estão organizados por projetos e equipas, havendo lugar ao debate de ideias e à troca de experiência entre alunos, encarregados de educação e professores.
3. Jardim dos Fraldinhas e Escola da Árvore
O modelo de ensino é o Construtivista. A Casa da Árvore, em Lisboa, apadrinhada pelo mentor da Escola da Ponte, José Pacheco, começou pela criação do Jardim dos Fraldinhas, em Leiria.
4. Voz do Operário
Em Lisboa, assenta no modelo de ensino escola democrática com projeto educativo apoiado nas teorias socioconstrutivistas. Nas 7 escolas da Voz do Operário não existem turmas no conceito tradicional. Há grupos heterogéneos de crianças do 1º ciclo, dos 6 aos 10 anos, que se distinguem pelas metas definidas para aprendizagem.
5. Colégio João Paulo II
Dentro dos métodos de ensino alternativos, o High-Tech privilegia o mundo tecnológico. Pedro Louçano, professor de Matemática no Colégio João Paulo II, em Braga, é o responsável por um projeto piloto, que teve a sua origem no ano letivo 2013-2014, e que tem por base a utilização de tablets na sala de aula, que considera muito benéfico para os alunos. Porém, defende que nem sempre a tecnologia é positiva, dependendo das idades e do contexto.
A existência de escolas alternativas com métodos de ensino diferentes do tradicional é importante, na medida em que passa a existir mais oferta. Acima de tudo, o importante é a criança e a possibilidade de ter uma boa formação de acordo com a sua personalidade, o que passa a ser possível com a existência e consolidação de diferentes tipos de instituições de ensino.