Também conhecidos por “vendas em cadeia” ou “bola de neve”, os esquemas em pirâmide são ainda uma realidade muito presente em Portugal.
Ainda que se possa apresentar sob diferentes nomes e disfarces, o esquema em pirâmide é um modelo comercial insustentável que é ilegal no país.
Saiba o que é, conheça um exemplo e descubra como se proteger.
Esquema em pirâmide: o que é?
Os esquemas de pirâmide financeira são operações fraudulentas de investimento, baseadas na promessa de pagamentos de lucros anormalmente altos aos investidores, com recurso, exclusiva ou maioritariamente, aos capitais aportados pelos investidos seguintes e não a fundos gerados pela atividade.
A promessa, que atrai muitas pessoas, é a possibilidade de conseguir elevados rendimentos, muito acima dos obtidos pelas vias tradicionais no sistema financeiro oficial.
Como é que funciona
Os esquemas em pirâmide estão dependentes da entrada de novos membros para a sua base. A ideia é que cada novo membro invista o seu dinheiro e recrute mais pessoas para fazerem o mesmo. Assim estará a arrecadar uma comissão por cada entrada.
Neste modelo, ilegal em Portugal e punível com pena de prisão, para que um participante receba o que investiu inicialmente é necessário que entrem mais seis investidores para a pirâmide.
No quarto escalão, serão precisas mais de mil pessoas, enquanto que, alguns níveis depois, se teria de recrutar toda a população Portuguesa.
A maior parte dos envolvidos (83%) sairá, por isso, a perder dinheiro. O esquema em pirâmide é um modelo de colapso inevitável que deve evitar a todo o custo.
Hoje em dia, há esquemas em pirâmide disfarçados de empresas de marketing multinível, para se conseguirem mascarar e manter-se no mercado. Nestes casos, ainda que possa haver um produto ou serviço associado, o seu caráter é secundário. Apenas existe para levar as pessoas a acreditarem que o negócio é legítimo.
Um exemplo de esquema em pirâmide: Juicy Fields
Este é um dos maiores esquemas em pirâmide dos últimos tempos. A Sociedade Juicy Fields, empresa de cultivo comunitário de canábis medicinal, aliciou milhares de investidores com a promessa de lucros rápidos, entre os 29% e os 66%.
Durante dois anos, entre 2020 e 2022, a empresa com sede na Holanda angariou mais de 500 mil investidores em todo o mundo, incluindo em Portugal. Estes investidores acreditavam que estavam a comprar plantas de cannabis que seriam cultivadas, através de parceiros licenciados, e posteriormente vendidas a farmacêuticas para a produção de medicamentos. Cada planta custava 50 euros.
Como se pode proteger?
Para não cair num esquema em pirâmide, o melhor é suspeitar de propostas aliciantes que envolvam rendimentos acima do normal, regulares e garantidos e a necessidade de recrutamento de novos membros.
Estes são dois sinais de alerta que devem levá-lo a avaliar a viabilidade da empresa em questão, ao consultar a lista das instituições autorizadas na página do Banco de Portugal.
Portanto, fique atento aos seguintes sinais:
- É recrutado por alguém e espera-se que faça o mesmo;
- Existe pouca informação sobre a empresa e o investimento;
- Solicitam-lhe que invista o seu dinheiro;
- Promessas de ganhos muito elevados em pouco tempo;
- É transmitida a sensação de urgência ou de uma oportunidade única que vai rapidamente terminar.
Caso esteja já envolvido numa teia deste género, deve seguir os seguintes passos:
- Pare de investir (ainda que lhe digam que um novo pagamento permitirá recuperar o que já investiu);
- Reúna toda a documentação em que constem as promessas que lhe foram feitas;
- Denuncie a situação junto da CMVM, Banco de Portugal, Instituto de Seguros de Portugal, Polícia Judiciária (Direção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira) e Ministério Público (Departamento Central de Investigação e Ação Penal).
Artigo originalmente publicado em julho de 2018. Atualizado em dezembro de 2023.