Ekonomista
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12 Jun, 2014 - 09:41

Estágio num banco… de madeira

Ekonomista

Até onde estamos dispostos a ir para conseguir um lugar no
mundo laboral? Para todos os estagiários aí fora, o que é que já aceitaram nos
vossos empregos?

Estágio num banco… de madeira
Após meses de candidaturas espontâneas, de actualização do curriculum, de redação, edição e pós-edição de cartas de apresentação – quem passa por isto percebe do que estou a falar – a Joana assinou um contrato de estágio numa pequena empresa de tradução (os famosos estágios do IEFP). No primeiro dia de trabalho, pronta para o desafio e, apesar de tudo, com uma sensação de sorte por ter encontrado esta oportunidade, a Joana entrou no seu novo escritório para descobrir que o lugar que tinha sido reservado para ela era um banco alto de madeira junto a uma secretária. Um banco!
Vocês pensarão, qual é o grande problema? Um banco não é motivo para fazer tanto drama. E é verdade, pode até parecer que estou “armada em esquisita”, mas a história da Joana fez-me pensar: Quem é que define o limite entre tudo o que é suposto aceitarmos como estagiários e aquilo que já pode ser considerado um abuso? Até que ponto esta condição de elemento mais baixo na hierarquia pode ser usado para aproveitar-se dos estagiários?
Como estagiários, aceitamos a nossa falta de experiência, aceitamos que temos tudo para aprender e que isto geralmente começa pelas tarefas mais tediosas, aceitamos ordenados baixos ou em alguns casos até a ausência do mesmo, aceitamos que não temos férias e aceitamos trabalhar horas extras. Aceitamos e, o que é mais importante, estamos dispostos a fazê-lo, mesmo sabendo antes de começar que não há expectativas de continuar na empresa após o estágio. Estamos dispostos porque temos consciência de que uma licenciatura ou até um mestrado hoje em dia não garantem nada e porque, apesar de se falar na atitude comodista desta geração, temos consciência de que é preciso ter experiência e trabalhar duro para garantir um lugar relativamente estável no mundo laboral.
Então, voltando à pergunta inicial, quem é que deve definir o limite? Há um provérbio português que diz que “Quanto mais te baixas…” e talvez seja melhor não continuar. Uma vez dito isto, a resposta é nós próprios. Neste caso tratava-se apenas de um banco de madeira, mas em outros está em causa o cumprimento ou não das condições pactuadas ou até mesmo situações de bullying por parte de outros empregados ou do chefe. Por isso, apesar de darmos sempre o máximo de nós e aceitarmos que a vida está longe de ser cor-de-rosa, também não podemos esquecer que está unicamente nas nossas mãos saber quando devemos bater o pé e defender os nossos direitos (aqueles universais onde até os estagiários estão incluídos). 
Passado um mês, a pequena empresa de tradução decidiu renovar o mobiliário dos colaboradores. A estagiária, a Joana, deixou o banco para ficar com uma cadeira antiga de outro empregado. E agora? Quem é que não aceitaria uma “promoção” destas?

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Por Diana Pereira.
Licenciada em tradução pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Após uma primeira experiência laboral na área de terminologia, atualmente trabalha como estagiária numa empresa de marketing digital.

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